Também conhecido em Portugal como Millenium 2: a rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo (sendo que o título sueco é bem mais pequeno: A rapariga que brincou com o fogo), estamos aqui perante a adaptação cinematográfica do segundo livro das aventuras de Lisbeth Salander, personagem que tem sido unanimemente considerada como uma das melhores a surgir na literatura do início deste século.
Já na SMR ao primeiro filme tive oportunidade de dizer que li o(s) livro(s) e adorei a saga. Mas, ao contrário do que se passou na primeira adaptação ao cinema, este Flickan som lekte med elden não me convenceu enquanto obra autónoma.
É que enquanto que no primeiro me lembro de achar que mesmo não se tendo lido o livro poder-se-ia apreciar o filme, neste acho que não fosse o prazer de ver as cenas que já tinha lido transportadas para o grande ecrã não teria ficado minimamente satisfeito com a experiência. E a verdade é esta...fui ver o filme com a mesma companhia com que vi o primeiro, alguém que não leu os livros, e - ao contrário do primeiro - detestou este.
Eu não chegaria ao ponto de usar um verbo tão forte. Não é um filme para detestar, mas se não leram o livro e - principalmente - se não viram o primeiro filme, são capazes de ficar completamente perdidos por causa das duas principais falhas do filme: quase não nos dá contexto, e muitas das cenas surgem (aparentemente) sem grande sequência lógica.
É esse o mal dos segundos filmes de trilogias, e ainda mais deve ser quando as obras-base são calhamaços de 600 ou mais páginas e temos de as passar para duas horas do ecrã. Mas enquanto que o Peter Jackson se safou maravilhosamente com o Senhor dos Anéis, este Daniel Alfredson (que - erro grave! - não é o mesmo realizador do primeiro filme) pegou numa saga que estava destinada ao sucesso cinematográfico e meteu-a na Liga de Honra das adaptações literárias.
Ao menos os actores são os mesmos e, regra geral, vão bem!
As maltratadas:
As maltratadas é uma curta-metragem portuguesa que, por partilhar alguma da temática do filme aqui de cima, tem sido exibida em conjunto nas salas de cinema. É uma prática que me agrada, já que é praticamente impossível a um espectador português ter oportunidade de ver curtas fora dos festivais.
Não é que o tema não seja de valor, antes pelo contrário: espero eu que um dia venham a fazer uma longa que permita abordá-lo com mais profundidade, agora o que me assustou foi o amadorismo e a quase leviandade com que pegaram em duas questões tão importantes como a violência doméstica e o tráfico de mulheres.
É que tirando a boa interpretação da actriz principal, Camila Alves, tudo o resto me pareceu feito de uma forma muito parecida a como eu faria um filme, com a diferença que eu não tento fazer filmes.
Claro que a realizadora, Ana Campina, tem o mérito de ao menos ter abordado o assunto e a "desculpa" de (se calhar) ser a primeira obra, mas por favor...para a próxima tenta pelo menos arranjar actores que não me façam lembrar o Ninja das Caldas. De certeza que consegues arranjar alguém que fale espanhol...
Nenhum comentário:
Postar um comentário