Algures durante o dia 22 de Janeiro de 2008 recebi uma mensagem da minha namorada da altura a contar-me que o Heath Ledger tinha morrido. Era um actor que conhecia (sobretudo por causa do Brokeback Mountain e do buzz que a sua actuação enquanto Joker estava a ter) mas não me sentia demasiado próximo e, confesso, a morte dele passou-me um bocado ao lado.
Agora que já vi esse Joker (que - coisa que se pensava impossível - superou o do Jack Nicholson) e esta que é a sua última interpretação começo a ter a sensação que realmente se perdeu um actor fora de série. Se o Joker é uma criação que quase toda a gente viu, tamanho foi o sucesso do The Dark Knight, este derradeiro papel - mais escondido do grande público - não está abaixo do anterior.
Tendo morrido a meio da rodagem do filme, durante algum tempo pensou-se que este Imaginarium nunca viria a luz do dia. Mas o realizador Terry Gilliam está habituado a desgraças durante as suas filmagens (vejam o excelente documentário Lost In La Mancha, sobre a sua frustrada tentativa de adaptar as aventuras de Don Quixote, como exemplo definitivo do que quero dizer) e resolveu não desistir. Aproveitando a natureza fantástica/mágica do filme, o papel que o Heath Ledger interpreta é-o também pelo Johnny Depp, pelo Colin Farrel e pelo Jude Law. Bem sabem os meus leitores que adoro o Johnny Depp, acho-o o melhor actor da sua geração, mas neste caso quem mais me agradou foi mesmo o Heath.
Porém, e independentemente das circunstâncias trágicas que a que ficará para sempre ligado, este é um filme que merece toda atenção. As restantes interpretações são, também, geralmente boas.
Ao longo do filme, acompanhamos um grupo de saltimbancos - o Dr. Parnassus (Christopher Plummer), a sua filha Valentina (Lily Cole, muito estranha...o que não é necessariamente mau), os seus ajudantes Anton (um excelente Andrew Garfield) e Percy (Verne Troyer, que de certeza que reconhecerão se carregarem no link). Temos ainda o Diabo, excelentemente interpretado pelo músico Tom Waits e, finalmente o já falado protagonista - Tony - que se junta ao grupo em circunstâncias bizarras mas que vai ter um papel importantíssimo a desempenhar.
Esta é uma história tipicamente Gillianesca (já que para além de realizada pelo ex-Monty Python, também foi escrita por ele) baseada numa premissa muito especial, o Imaginarium do tal Dr. Parnassus, um homem profundamente espiritual condenado - através de uma aposta com o Diabo - à imortalidade.
O Imaginarium é uma "coisa" (não o sei descrever melhor) mágica que permite àqueles que nele entrem ver tudo o que imaginarem realizado, e são essas sequências de fantasia que representam as cenas mais marcantes do filme, apesar dos efeitos especiais por vezes deixarem escapar que podiam ser melhores.
É verdade que gosto muito de muitos tipos de filmes, mas a meio da sessão dei por mim a pensar "isto é cinema puro". E é, este Imaginarium é um maravilhoso exemplo de cinema enquanto forma de criar mundos novos para que os possamos visitar.
Pela magnífica e derradeira interpretação do Heath Ledger e, acima de tudo, pela inteligência como esta história conseguiu superar a perda do seu protagonista este é um filme que merece ser visto. É certo que não receberá uma aprovação unânime, muitos acharão que é demasiado estrambólico, mas já que me lêem sigam o meu conselho...vale mesmo a pena ver.
é o T.A.D. (não sei o significado das siglas lol), vocalista de Stout, mítica banda do beatdown de Baltimore. o gajo escreveu a letra dessa música também.
ResponderExcluirvou ver este filme ainda esta semana pelos meus cálculos...espero que valha mesmo a pena, porque eu sou mesmo muito pouco dado a filmes de fantasia.
Estou a sentir a pressão, haha
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