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terça-feira, 3 de maio de 2011

Unknown

Unknown:



Um filme passado em Berlim visto em Berlim (na versão original! Os alemães são uns chatos e são raríssimas as salas em que os actores não são dobrados) com 4 berlinenses poderia ser o ponto de partida para um serão bem passado. Berlim realmente é fixe, o serão acabou por ser muito bom, o problema foi mesmo o filme.

Não me vou pôr com floreados: Unknown é uma granda trampa e quando estrear por cá (daqui a poucas semanas) vocês deviam fazer uma só coisa, e essa coisa chama-se "tudo menos ver este filme". E quais os ingredientes da trampa?

1. A história é a puxar para a trilogia Bourne, mas é tão má que os guionistas tiveram de recorrer a algo que deveria ser criminoso no cinema de acção: a amnésia selectiva. O Dr. Martin Harris (Liam Neeson) estava em Berlim para uma conferência sobre biotecnologia mas tem um acidente de carro...acorda no hospital e não se lembra de quem é nem do que está lá a fazer, a menos - claro! - que o filme precise que ele se lembre de algo para avançar. Soluções alternativas? Não! Dava demasiado trabalho;

2. Tem, na mesma cena, referências a crianças órfãs da Bósnia e crianças esfomeadas (e órfãs) em África. Sim, é suposto termos pena e sim, acabamos antes por nos rir;

3. Vai contra o princípio da escrita para cinema que diz que a história mais simples é muitas vezes a mais interessante. Unknown é ao contrário: se os seus protagonistas agissem como pessoas reais 90% do filme não teria necessidade de acontecer. Claro que assim já não haveria filme, o que seria bom para quase toda a gente mas os produtores não se enchiam de dinheiro;

4. É realizado pelo Jaume Collet-Serra, autor de Orphan, outra trampa que já tive o prazer de analisar aqui no estaminé;

5. Tem duas actrizes em papéis péssimos: January Jones a fazer de mulher do amnésico Diane Kruger a fazer de amiga (do peito) mesmo senhor e órfã de guerra bósnia.

6. Tem tantas, tantas, tantas, TANTAS cenas que não fazem sentido nenhum: um bio-engenheiro americano amnésico conduz mais depressa em marcha atrás pelo centro de Berlim que um assassino alemão num carro topo de gama (!); tem a motorista do táxi acidentado a receber o Dr. amnésico em sua casa só porque era a motorista do táxi acidentado (!!); tem o tal assassino a deslizar cerca de 5 andares de escadas de incêndio geladas por causa da temperatura (no filme Berlim está coberta de neve, e isso é giro) sem se magoar nem queimar as mãos, nem nada (!!!); tem uma conferência de imprensa num hotel (o Adlon, mais conhecido pelo sítio em que o Michael Jackson meteu o filho fora da janela) que explodiu há menos de 12h (!!!!), tem tantas outras coisas, todas elas tão más;

6. E eu não tenho mais tempo para gastar com um filme que não deveria ter sido feito. Over and out!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Rachel Getting Married + Orphan

Rachel Getting Married:



Devo desde já admitir a minha ignorância, este filme é tão centrado à volta da Anne Hathaway que pensei que a Rachel era ela. Não é, ficam já avisados.

O outro spoiler já conhecia, o casamento da dita cuja não passa da conclusão de um filme que tem mais que ver com o que se passa antes. As relações familiares que se reiniciam quando Kym (esta sim, a Anne) volta a casa para, adivinharam, o casamento da Rachel, sua irmã.

A Kym é daquele tipo de raparigas pelas quais sinto sempre uma enorme empatia (para não dizer atracção): franzina, com ar frágil mas que na verdade é bastante forte (nas suas convicções, não estou a falar fisicamente, antes que pensem que tenho um fraquinho por bodybuilders checoslovacas) e que outra pessoa se calhar pensaria "this girl's trouble". A Kym é mesmo assim...uma AA que chega a casa e provoca o caos na sua família, e eu ali "de beicinho" por ela.

Agora, o que vocês provavelmente pensam é que o caos é culpa dela, não é? Pois, não é mesmo, como é que adivinharam? É de facto a chegada dela que causa confusão, mas no meio daquilo tudo ela é mais vítima de uma série de azares e de uma crise de ciumeira que de qualquer outra coisa.

"E que tal agora dizeres o que achaste do filme?" Está bem! Gostei muitíssimo. É um filme muito intimista, até pela forma como é filmado, e durante quase toda a sua duração senti que era mais um hóspede na casa daquela família que não é disfuncional mas que precisava seriamente de terapia. Penso que o Jonathan Demme fez todas as escolhas certas, desde o ritmo da história, passando pela cena do casamento (em que quase não há diálogo mas onde quase tudo o que importa é dito) e finalizando no casting. Quase todos vão muito bem, sobretudo o Tunde Adebimpe, que não é actor mas faz um papel muito simpático.

E não, não me esqueci de elogiar a Anne Hathaway. Ela, neste filme, está simplesmente fabulosa!



Orphan:



E agora o Orphan, um filme de terror mau, que se baseia numa twist final que muita gente acha bom mas eu acho mau e com uma sucessão de sustos maus.

Na verdade quase que me sinto tentado a dizer que este não é um filme de terror, já que a única forma que arranjaram de nos (tentar) assustar foi através de um jogo de espelho repetido até à exaustão e dos súbitos aumentos de volume da banda sonora a que muitos filmes de terror maus recorrem quando não conseguem arranjar nada melhor.

E é tudo tão óbvio!! Tirando o famoso twist (que de facto não previa nem por nada, por ser tão rocambolesco) tudo é tão óbvio!!! Eu normalmente não gosto de filmes de terror porque me sinto tenso grande parte do tempo e para sentir-me tenso não é a minha ideia de diversão, mas dei por mim relaxadíssimo neste filme, por conseguir prever todos (literalmente todos!) os sustos a tempo e horas.

Mas felizmente há uma coisa boa neste filme. Não o salva mas ainda assim merece referência. O excelente desempenho por parte de duas das actrizes mais novas: Isabelle Fuhrman e, especialmente, Aryana Engineer. A primeira é a protagonista do filme e por momentos consegue convencer-nos que é mesmo aquela criança sádica mas que parece um anjinho. A segunda é a irmã mais nova da protagonista e é a personagem mais doce que me lembro de ver para aí desde o Tótó, do Nuovo Cinema Paradiso.

E concluo perguntando aos desgraçados que já viram esta obra: onde é que ela arranjou o raio da tinta fluorescente??? Aquilo não faz sentido nenhum!