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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Trolljegeren - Troll Hunter

Trolljegeren - Troll Hunter:


Desde que em 1999 saiu o Blair Witch Project que muitos filmes (de terror mas não só) seguem a sua fórmula: recebemos este filme nos nossos escritórios e não sabemos quem são as pessoas no filme, mas achámos por bem editá-lo e estreá-lo em sala.

Se a formula funcionou bem nessa altura, em que parte do marketing de Blair Witch era mesmo o não se saber se aquilo tinha sido mesmo filmado amadoramente ou era um filme, passados 13 anos o nível de sucesso já não é o mesmo. Especialmente quando o tema é tão pouco realista e - problema meramente técnico que advém da melhoria das câmaras actuais - a qualidade das imagens é tanta que se parece mais com um filme de Hollywood que com algo amador.

A premissa de Troll Hunter está explicada no seu título. Um grupo de estudantes da universidade de Volda decide filmar um documentário sobre uns ataques de ursos que ocorreram nas redondezas e durante as filmagens ouvem falar de um ainda mais estranho caçador. Resolvem segui-lo e este decide mostrar-lhes o que realmente faz.

A partir daí seguimos os três documentaristas a seguir Hans (Otto Jespersen, a única intepretação de jeito no filme), o caçador que por sua vez persegue os trolls pelo Norte da Noruega. Cada espécie troll tem a sua personalidade, os seus pontos fracos e, consequentemente, uma forma diferente de ser apanhado (tal como são descritos na mitologia nórdica, que eu confesso desconhecer totalmente). Pontos em comum são poucos, mas diz que nenhum gosta de cristãos e - mais importante ainda - todos se transformam em pedra quando expostos à luz solar a outra qualquer luz intensa.

Com esta premissa Troll Hunter até podia ser divertido. O conceito é engraçado, os troll estão muito bem desenhados (uma mistura de CGI com imagem real) e é sempre divertido ver pessoas a chorar enquanto admitem que são cristãos no armário, mas algo no trabalho de André Øvredal não funciona: como já disse, a opção por um filme de found footage não convence nem por um segundo, as interpretações dos documentaristas são bastante fracas e até mesmo a opção por colocar uma música de Kvelertak (uma das minhas bandas favoritas) nos créditos finais falha por ser tão deslocada do contexto.

Troll Hunter podia ter corrido bem, e houve decerto quem gostasse o suficiente para promover o inevitável remake americano, mas eu não fiquei nada convencido. Talvez se o tivesse visto no grande ecrã tivesse sido melhor.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Arabian nights

Antes de mais tenho de vos confessar uma coisa. Descobri durante esta minha ausência que sou um grandessíssimo geek nisto dos filmes. Como é que descobri? Ao dar por mim no site da KLM a ver que filmes poderia ver no meu voo para o Dubai.

Sim, estive estes últimos 15 dias na Península Arábica e estes foram os filmes que vi:

Funny People:



Uma comédia do Judd Apatow com o Adam Sandler no principal papel. É uma comédia que dá para rir quando é para ir, consegue ser séria no tratamento do principal drama do cómico George Simmons personagem principal, mas que se perde no último terço com uma história amorosa que apesar de não ser totalmente forçada (até faz sentido, algo raro neste tipo de filmes) mas distrai-nos de outras histórias mais interessantes.

Destaque, positivo, para o Seth Rogen, que faz um papel bastante agradável, e para as várias cenas de stand-up (verdadeiro) que vão aparecendo ao longo do filme.


The September Issue:



Este documentário tem a estranha (e acredito que irrepetível) honra de ter sido visto em duas metades e ambas em aviões, uma a caminho de Nova Iorque o mês passado e a outra agora, algures nos céus das Arábias.

Só por isto já seria memorável, mas o filme em si também é interessante. Não é nada de maravilhoso (pelo menos para mim, que não me interesso nada por moda...talvez quem goste vá amar), mas é interessante. Seguimos Anna Wintour, a editora da Vogue americana, enquanto se prepara a edição de Setembro que, fiquei a saber é a mais importante do ano.

O que se vai acompanhando são sessões fotográficas, desfiles de moda e outras coisas que não me interessariam sobremaneira noutro contexto, mas aqui serviram para me mostrar que este mundo não é só glamour, às vezes também é preciso trabalhar, e esta senhora mete todos na linha.


The Proposal:



Perante um dos últimos filmes da agora vencedora de um Óscar de Melhor Actriz, Sandra Bullock, ao sair da sala de cinema do meu Brilliance of the Seas (sim, tem uma sala de cinema dedicada) fiquei mesmo com vontade de ver o The Blind Side.

Quero vê-lo porque não percebo como é que uma actriz tão limitada e que faz filmes tão mentecaptos como este consegue ganhar um prémio que supostamente tem a ver com mérito. Deve de ser uma interpretação do caraças!

Aqui, a história é do mais manhoso que há e faz algo que me irrita seriamente: leva-nos ao colo o tempo todo. Eu consigo (e gosto) de pensar durante os filmes, não é preciso dizerem tudo; os vossos espectadores não são atrasados! Ou espera aí...se calhar são...para estar a ver isto!

Não vejam, mas se virem preparem-se para ficar traumatizados pela cena mais forçada dos últimos tempos e que envolve a nossa amiga Sandra a dançar ao som da Get Low, do Lil' John acompanhada pela avó do seu namorado/marido de eleição, interpretado pelo único actor menos versátil que a Sandrinha.

Não, não é o Matt Damon, é o Ryan Reynolds.


Play the Game:



No dia seguinte manteve-se a temática geriátrica no cinema do navio. A que é que tivemos direito? A um filme que nem em DVD saiu (e ainda bem!) sobre um player que ensina o avô – sim, o avô – a engatar as velhas lá do lar.

Já algum de vocês leu a review ao The Room? Aquele que eu apelidei de pior filme de sempre? Pronto, este é quase tão mau. Não consegue ser pior, mas tem uma desvantagem...não tem piada.

Ora, imaginem um filme como o The Room sem piada. É o inferno, não é? É sim senhor! E porque é que eu não saí desse inferno? Porque eu por vocês – meus leitores do coração – aguento todas as estopadas até ao fim.

E ainda bem que aguento, porque a única coisa que salva este filme é mesmo o twist final, que estava bem construído e foi bastante inesperado. Ou então era só eu que já tinha desligado o cérebro para tentar nunca me recordar das constantes referências às proezas sexuais do idoso.


Julie & Julia:


Há talentos que não se conseguem esconder. O da Meryl Streep é um desses talentos e este Julie & Júlia uma excelente prova para a minha afirmação anterior.

Em Julie & Julia seguimos duas histórias paralelas, com 40 anos de separação. Julia Child (a tal senhora chamada Meryl Streep) foi a esposa de um diplomata americano colocado no Paris do pós-2ª Guerra Mundial que, enquanto lá esteve, aproveitou para aprender a cozinhar “à francesa” e decidiu publicar um livro que (aparentemente) foi revolucionário para as donas de casa americanas. Julie Powell (Amy Adams, actriz de que gosto muito, mas que aqui não vai muito bem) é uma blogger que decidiu ter como tema não as criticas de cinema mais fixes da Internet (isso sou eu, claro!) mas o cozinhar cada uma das 524receitas do tal livro em 365 dias.

A história não me conseguiu cativar...é curioso notar que o aspecto que mais me interessou foi mesmo a evolução do blog culinário, que teve bastante mais leitores que o meu (mas eu aposto em qualidade, não em quantidade). Já imaginaram o que seria estes meus disparates transformados em filme?

Anyway, parando com o devaneio...O filme é OK, mas a interpretação da Meryl Streep é, tal como a própria Julia Child, enorme. O estilo da senhora não me agrada totalmente, mas é fantástico ver como uma actriz se consegue transformar para ser quem interpreta.


Le Premier Jour du Reste de Ta Vie:


Mais uma recomendação de um leitor deste espaço, o meu grande amigo André (leiam o blog dele, L’Éponge Culturelle). Estamos aqui perante o último filme do realizador francês Rémi Bezançon e perante o filme que mais gostei dentro da mixórdia cinematográfica™ que é este post.

O mais giro é que não vos sei dizer muito bem porque é que gostei do filme; a banda sonora é excelente, as interpretações são bastante boas e a história (evolução de uma família ao longo das décadas) é daquelas que dá para apostar que vou gostar (daí a sugestão do André)...mas não consigo apontar algo como o factor que me fez realmente gostar.

É somando tudo que me apercebo que o todo é melhor que as partes e que está aqui um talento que desconhecia mas que vou querer explorar no futuro.


DeUsynlige:


24h depois de ver o Le premier jour... e o considerar o melhor deste mega-post, vi o De Usynlige, que poderia considerar o melhor deste mega-post.

Só não lhe dou essa qualificação porque, sendo igualmente bom, é bastante mais deprimente. Não costumo ter nada contra filmes deprimentes, antes pelo contrário, mas neste caso o critério para desempatar estes dois filmes, que teriam a mesma nota se as reviews fossem objectivas, é mesmo o ter saído mais bem disposto do primeiro.

Avançando, a história que aqui seguimos é a de Jan Thomas, um rapaz que cometeu um erro grave no passado e que não consegue obter a sua devida (e a meu ver merecida) redenção. É essa a questão central do filme: depois de já termos pago pelos nossos pecados, deveremos continuar a ser perseguidos por eles? Eu acredito que não, mas não sei o que faria se estivesse na posição de Agnes, que por causa dos pecados de Jan nunca mais viu o filho.

Estamos perante um bom filme, de uma cultura cinematográfica que praticamente desconhecia (é a primeira SMR a filmes noruegueses que faço) e que, generalizando, recomendo pela sua qualidade estética e profundidade com que aborda os seus temas.


Micmacs à tire-larigot:



Na viagem de regresso não fui ao site da Air France, mas acabei por encontrar o novo filme do Jean-Pierre Jeunet, Micmacs à tire-larigot, como uma das opções e não me deixei adormecer antes de o ver.

Micmacs são, pelo que percebi, quinquilharias e tire-larigot é o nome de uma lixeira (ficcional) onde um grupo de outsiders típicos de JPJ (interpretados por alguns dos seus colaboradores mais frequentes) vivem. Neste surreal grupo podemos encontrar um génio na construção de robots com materiais reciclados, uma rapariga que consegue contabilizar tudo, uma contorcionista ou um ex-recordista do Guiness na categoria homem-bala.

Mas o protagonista é Bazil (Danny Boon, a substituir Jamel Debbouze, que faria um melhor papel, na minha opinião), que viu o seu pai morrer por causa de uma mina anti-pessoal e que tem uma bala alojada no cérebro (gajo sortudo, portanto!). Bazil deseja vingar-se dos fabricantes das armas que lhe trouxeram tanto azar e pede ajuda aos Micmacs.

O que se segue é uma espécie de thriller cómico (será que se consegue vingar-se?) mas tipicamente JPJ. Este é um dos raros realizadores que tem um estilo tão próprio que é facilmente identificável, e aqui é esse estilo que se sobrepõe: a dada altura estava muito mais interessado nos pormenores que na história em si.

Um filme que hei de rever se estrear nas salas portuguesas.