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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Midnight in Paris



O último filme do Woody Allen que tinha visto antes deste Midnight in Paris tinha sido o You Will Meet a Tall Dark Stranger. Como podem ver pela SMR que lhe fiz, não gostei do que vi na altura e, por isso mesmo, acabei por não me interessar neste seu mais recente filme. Já estreou há uns tempos e eu ignorei-o, mas acontece que obteve tantos elogios que não pude continuar a fazê-lo.

E agora é a altura de fazer o mea culpa. Midnight in Paris é um excelente filme, trata Paris com a mesma paixão que o Woody Allen dedicou a Nova Iorque e, parece que funcionou bem, deixou-me com uma vontade imensa de voltar à cidade das luzes.

A história base não faz grande sentido: Gil (Owen Wilson, actor que normalmente detesto mas que aqui foi bem escolhido) está de férias em Paris com a noiva e a sua família. Gil é um argumentista de Hollywood que deseja passar para a mais nobre (?) arte de escrever romances e sofre da mesma condição que o protagonista do livro que está a tentar escrever. Essa condição, não médica mas muito frequente, é a nostalgia: Gil vê o passado como os anos dourados e sonha viver naquela que considera ser a época de ouro da cultura mundial, os anos 20 do século XX, uma época que teve o seu epicentro precisamente na cidade de Paris.

Inexplicavelmente, Gil é transportado todas as noites até à sua época de sonhos e começa a privar com todos os seus ídolos (T.S. Eliot, Hemingway, Dalí, Picasso, etc.) enquanto que de dia vive no Paris moderno. A cada noite que passa Gil tem as suas ideias mais claras: talvez Inez (Rachel McAdams) não seja a pessoa mais indicada para ele e, também talvez, a nostalgia seja parte da condição humana...as pessoas que conhece nos anos vim confessam a Gil que se aborrecem no "presente" e gostariam antes de viver na Belle Époque do final do século XIX.

Muitas têm sido as críticas que dizem que Midnight in Paris é, também ele, um olhar nostálgico ao tempo dos ídolos do realizador (que nasceu em 1935) mas eu tenho as minhas reticências. Na minha interpretação, Midnight in Paris não é só um Paris je t'aime (o argumento reitera o quão bonita é a cidade e as imagens confirmam-no constantemente) mas sobretudo uma mensagem positiva sobre o presente. Quando Gil conversa com Adriana (Marion Cotillard) quase no final, a conclusão a que ambos poderiam ter chegado era de que o nosso presente, por muito chato que nos pareça, será um dia a idade de ouro de uma geração futura. Não é por acaso que a moda é cíclica e que o 9gag está cheio de posts tipo "no meu tempo é que era bom".

Para além da má experiência com o You Will Meet a Tall Dark Stranger as viagens no tempo foram a razão que me deixou de pé atrás. A ideia de Woody Allen e viagens no tempo assustava-me um bocado, por muito que o Sleeper tenha mais ou menos a ver com isso e eu o tenha adorado. Em mãos menos competentes esta aposta poderia ter corrido mal, mas o Woody mostrou que já anda há muitos anos a virar frangos (adoro esta expressão!) e conseguiu tratá-la muito bem: a transição temporal porque Gil passa é totalmente irrelevante - ao ponto de não ser debatida - e isso permite que nos foquemos apenas nos personagens. É uma pequena suspension of disbelief mas vale muito a pena.

Com todo o seu charme, a cidade que o acolhe e com um conjunto de grandes interpretações (sobretudo de Corey Stoll como Hemingway e o regressado Adrien Brody como um Salvador Dalí obcecado com rinocerontes) Midnight in Paris fez-me ter prazer em dizer que estava errado - devia tê-lo visto antes - e abriu novamente a porta aos filmes do nova-iorquino mais famoso do cinema. Volta, Woody Allen, estás perdoado.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

You Will Meet a Tall Dark Stranger

You Will Meet a Tall Dark Stranger:



Antes de mais começo por pedir desculpa por andar a fazer posts com tanto atraso. Tenho tido imenso trabalho, muito pouco tempo e como tal procuro gastar o que tenho a ver filmes e não a escrever sobre eles. Fica hoje esta SMR e a promessa de em breve fazer a do The Social Network, que também já vi e – adianto – adorei. Passemos agora ao novo Woody Allen.

Em três palavras: nada de especial. Saí da sessão, a última que vi no Estoril Film Festival deste ano, a pensar que se não fosse ser um filme do Woody Allen nenhuma das estrelas que participa participava e nem um décimo dos espectadores veriam este filme, e desses ainda menos diriam que gostavam.

Há muito que a qualidade do senhor vem decrescendo. É normal, está mais velhote, coitadinho, e a cabeça já não dá para tudo...e neste filme parece que a dada altura deixou mesmo de dar e a história ficou a meio.

Foi isso o que mais me desentusiasmou no filme...as histórias são muito fraquinhas (já as vou resumir num próximo parágrafo) mas podiam ao menos ter acabado. Assim dos 5 ou 6 personagens do filme só dois é que vêm a sua história chegar a um (insatisfatório) fim, sendo que as outras deixamos de as ver como se ainda voltássemos a encontrar-nos mas não.

Deu-me ideia que estava a ver um episódio prolongado (e melhor) de uma novela, sabem? No centro da trama temos Sally e o marido (Naomi Watts e Josh Brolin), casal apenas feliz em aparência, e é por causa deles que conhecemos tanto os pais dela (Anthony Hopkins e, a melhor interpretação do filme, Gemma Jones) - que se divorciaram para o senhor poder estoirar a fortuna com uma prostituta de luxo enquanto a senhora consulta uma taróloga falsa – e ainda o seu chefe (António Banderas) e uma vizinha giríssima (Freida Pinto). No final de contas só uma das histórias tem efectivo final (não vou dizer qual para não me acusarem de ser um spoiler humano) e, ao menos isso, não é o final mais previsível.

Para contar esta história temos os habituais artifícios do Woody Allen: um narrador (será que ainda há outros realizadores a usar narrador com tanta frequência?), piadas existenciais em que o ratio de sucesso está bem abaixo do melhor que o senhor consegue fazer e uma banda sonora de jazz de – parece-me – boa qualidade que vai dando um ambiente mais animado a este que é, a meu ver, a seguir ao Cassandra’s Dream o pior filme “londrino” do mais famoso realizador de Nova Iorque.

Apetece parafrasear o próprio filme, que cita Shakespeare, quando diz que a vida é apenas “sound and fury, signifying nothing”. Este filme é o mesmo, uma hora e trinta e oito minutos que acabam por não adiantar nada à nossa vida.

P.S.: Lembram-se do que disse no primeiro post EFF deste ano sobre o festival estar a perder qualidade? Pois nesta sessão confirmou-se...começou com uma hora de atraso pura e simplesmente porque não conseguiram gerir bem os horários dos filmes. É uma pena para um evento com tanto potencial.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Whatever Works

Whatever Works:



A minha relação com os filmes que o Woody Allen lançou desde 2000 tem sido intermitente...Dos 10 que foram feitos para o cinema vi todos e gostei precisamente de 5 (dos quais o Match Point é o melhor, o único ao nível do Woody Allen do clássico Annie Hall) e os outros achei que estavam uns quantos furos abaixo.

Quando soube deste filme fiquei excitado. Gosto de Woody Allen mas o que me deixou mais em pulgas foi o saber que o protagonista ia ser o Larry David. Ora, o Larry David pode agora estar a ser mais reconhecido pelo Curb Your Enthusiasm mas o meu interesse por ele vem sobretudo pelo papel que teve na minha série favorita de todos os tempos: é que este senhor é o co-autor do Seinfeld, e só isso faz com que mereça a minha curiosidade permanente pelo seu trabalho.

Acontece que para além dos seus créditos passados, o Larecas revela-se uma excelente escolha. Costumo dizer que todos os filmes têm um papel que é o Woody Allen, mesmo que não seja ele a representa-lo. Neste caso não há qualquer dúvida que o Boris Yelnikoff é uma projecção da mentalidade do realizador/argumentista para a tela com uma diferença importante: o Boris de Larry David consegue ser arrogante e bruto a um ponto que não conseguiria chegar se fosse interpretado por outra pessoa.

E se o Boris prova ter sido um casting perfeito, o que dizer dos restantes personagens? Também tenho de dar os parabéns a quem fez o casting da Evan Rachel Wood enquanto "pacóvia" que decide vir viver para a grande cidade. Não sou grande fã da rapariga (tirando no Thirteen) mas aqui mostrou que sabe assumir bem um papel que, assim espero, é bem diferente do seu estado natural.

Já os pais dela, bem como os amigos do Boris, não parecem fazer um mau papel, mas não têm muito tempo para mostrar o seu valor. Podiam ter explorado um bocadinho mais a(s) sua(s) histórias, e já agora de uma forma diferente, porque assim não fiquei muito convencido.

Entretanto lembrei-me que não falei da história! Não é especialmente original, mas consegue fazer-nos rir e manter-nos interessados. A meu ver, a maior falha é mesmo o final ser demasiado feliz...a dada altura parece que não foi escrito pelo mesmo cínico (o Woody, entenda-se) que escreveu o resto do filme.

Está tudo dito. Gostei ou não do filme? O veredicto é vosso.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Weekend update #2

Mais uma dose dupla,



Frost/Nixon: Um filme baseado numa peça de teatro baseada numa transmissão televisiva. Uma transmissão televisiva que pelos vistos foi um marco essencial na resolução (nem que psicológica) do caso Watergate. O filme não trata muito deste caso, a peça não sei e a transmissão estou certo que sim, o que pode ser uma vantagem ou uma desvantagem: para mim é desvantagem...não conheço muito bem o caso e fiquei sem saber mais do que sabia; para quem conheça a história é vantagem, porque o filme não é sobre Watergate, é sobre as entrevistas, os jogos de bastidores, a importância do estudo e o verdadeiro combate de boxe que se desferiu entre aqueles dois personagens históricos. É muito bem interpretado, mas fica aquém das expectativas, sinto que podia ter explorado muito mais a fundo tudo o que é abordado.



Vicky Cristina Barcelona: Os filmes do Woody Allen são quase como estes posts, vai saindo um de tempos a tempos, mais ou menos com uma regularidade previsivel. Este é o terceiro filme "europeu" do realizador novaiorquino por excelência e, apesar de ser bom, não consegue chegar ao seu topo (seu do Woody, o filme não chegar ao seu próprio topo seria algo estranho). Dizem que é o melhor dele dos últimos 20 anos, eu não concordo...o melhor dele dos últimos 20 anos é o Match Point, mas não é um filme à Woody Allen. É isso que as pessoas querem, um filme à Woody Allen ou um filme bom? É que este não é nem totalmente um nem noutro...é engraçado, entretém, tem muidas giras, tem actores que provavelmente são atraentes para as minhas queridas leitoras (ou leitores, que este é um blog muito do seu tempo), a história tem partes à Woody Allen (triangulos amorosos, pessoal neurótico) mas o que funciona bem durante o tempo em que estamos na sala prejudica o filme quando de lá saímos...é facilmente esquecido.

Ou seja, este fim de semana vi dois filmes razoáveis, mas nenhum que me tenha deixado embasbacado. E quem me conhece sabe que embasbaque é das minhas sensações favoritas!