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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Black Swan

Black Swan:



Pode dizer-se que este é um filme a preto e branco? Sim, mas se calhar seria mais acertado dizer-se que as duas cores do mais recente filme de Darren Aronofsky são o cor de rosa e o preto.

Isto porque , pegando no facto de no ballet O Lago dos Cisnes ser a mesma dançarina a representar ambos os cisnes: branco e negro, Aronovsky conta-nos a história de Nina, bailarina perfeccionista que corporiza o cisne branco de uma forma ideal mas que de acordo com Thomas (Vincent Kassel), o seu encenador, precisa de se soltar para conseguir dançar a outra metade do bailado. De menina (ultra) protegida pela mamã, com quem ainda vive num quarto que seria mais adequado a uma miúda de nove anos, cheio de peluches e muito – muito – cor de rosa.

Penso que qualquer pessoa que já viu o filme terá de concordar com Thomas e com Lily, a antagonista do filme sobre quem já vou falar mais aprofundadamente...Nina precisa mesmo de relaxar. A interpretação actriz (e ex-bailarina) Natalie Portman para além de lhe ir dar o Óscar (cheira-me) consegue mesmo pôr-nos do lado daqueles que à partida lhe estão a fazer mal, abusando (psicologicamente) dela ou tentando roubar-lhe o papel.

Nina sabe que precisa mesmo de relaxar e para isso terá de se ver livre da influência da mãe (Barbara Hershey, num papel de que quase ninguém fala mas que a meu ver é tão importante para o filme como os três de que já falei), uma ex-bailarina que abdicou de tudo para cuidar da filha, acabando antes por a abafar. A cena em que Nina tenta relaxar masturbando-se (“trabalho de casa” passado por Thomas) é claríssima quanto a isso: Nina fá-lo ao acordar e quando está a meio da coisa apercebe-se que a mãe está no quarto ... adormeceu no sofá a olhar por/para ela.

A viagem de Nina não é geográfica, todo o filme está localizado em Nova Iorque. A viagem dela é pessoal, uma luta contra a sua própria rigidez (decerto formada pelo perfeccionismo da tal mãe dos infernos) e contra os seus demónios. A mãe é um deles, como já disse...o outro é Lily, interpretada por uma Mila Kunis propositada e extremamente sexy.

Lily é tudo o que Nina não é: espontânea, sensual, lânguida e basicamente o cisne negro ideal. O problema é que tal como no bailado, os dois cisnes terão forçosamente de ser a mesma pessoa...Nina quer mudar e – típico do diabo – será a própria Lily a ajudá-la nesse caminho, numa ida a uma discoteca que contrasta com o restante filme. Depois dessa cena a transformação de Nina chega ao que eu diria que é o ponto sem retorno...o cisne negro está a tomar conta dela e, mais uma vez como no bailado (spoiler se não o viram) as consequências são muito graves.

A dada altura confesso que já não sabia se Lily existiria ou se seria apenas uma projecção da mente de Nina. Isto porque ao longo de todo o filme são mostradas várias alucinações e muito do que vemos não é realmente o mundo real, mas sim a projecção mental feita pela protagonista. Agora já sei a resposta (não a vou dizer, para não me acusarem de ser chato) e apenas adianto uma coisa: as cenas finais fazem lembrar o final do segundo filme do Aronofsky, Requiem for a Dream, com toda a sua confusão e o tripitico churcilliano: sangue suor e lágrimas.

Nina acaba a fazer o que mais gosta, dançar. Mas tal como para Randy the Ram em The Wrestler (o anterior filme do realizador, com algumas parecenças em termos de história e estilo) e Beth MacIntyre (Winona Ryder, uma decisão de casting perfeita), a bailarina que antecedeu Nina nas peças de Thomas, não é garantido que o final seja feliz.




P.S.: Não tendo muito a ver com o estilo realista do filme, algum o trabalho gráfico em promoção do filme é excelente e merece ser elogiado. Vejam o poster acima, que não é o oficial mas é oficial, como um bom exemplo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

The Wrestler

The Wrestler:



Finalmente vi este filme. Andava há que tempos com pica para o ver, não só pela famosa reconsagração do Mickey Rourke mas também porque vi 2 dos 3 filmes anteriores do Darren Aronofsky e gostei imenso de ambos.

Este não é excepção! É bastante mais simples (a nível de realização) que os dois filmes anteriores, na verdade é praticamente filmado como se fosse um documentário em que seguimos a vida de alguém que em tempos foi uma estrela da luta livre mas que agora - mais velho, mais cansado, mais só - aprende que toda essa fama é fugaz.

Randy, "the Ram" Robinson é um homem vencido: a evolução da vida tratou-o mal. Está sozinho, ganha a vida num emprego que não lhe traz reconhecimento, mas ainda assim vemo-lo sorrir: sorri quando se sente amado pelos fãs de wrestling (e faz tudo para receber esse amor - até morrer?) e sorri quando se sente amado por Cassidy, uma stripper em situação semelhante à sua.

Foi essa humanidade que me atraiu no filme...os sorrisos quases escondidos, as lágrimas num momento de confissão, o dar tudo por tudo para que não sejamos esquecidos.

Sempre assumi que estar sozinho é um dos meus maiores medos, senti-me próximo de Randy, e quando isso acontece é sinal que o filme é bom.








E pronto, lá vou eu ter de falar na questão do Óscar de melhor actor: eu teria-o dado ao Mickey Rourke, porque me senti a ver um documentário, mas o Sean Penn também mereceu a segunda estatueta