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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cosa voglio di piú

Cosa voglio di piú:



Que mais quero eu? Que mais gostariam vocês de ter? A vossa vida é perfeita? A minha, posso dizer, corre bem, mas não é perfeita: a insatisfação é parte essencial da natureza humana e por muito que tenhamos queremos sempre mais.

Anna (Alba Rohrwacher), a protagonista da história, tem esse problema. Aparentemente a vida dela está bem lançada: não é rica, mas não passa fome, tem um marido que é um bacano (a sério, é das interpretações mais simpáticas de que há memória, os meus parabéns ao actor: Giuseppe Battiston), uma casa que não é má e – muito importante – gosta do trabalho que faz e a sua competência é reconhecida pelo patrão. Até que – e há sempre um "até que" – Anna conhece Domenico (Pierfrancesco Favino) e, como diria a minha mãe, parece que lhe dá uma atacadinha.

De repente, aquela vida que até então era satisfatória torna-se insuportável e a tentação de enviar mensagens a Domenico passa de tentação a realidade e das mensagens passa-se a primeiro encontro, e por aí em diante. Domenico é o típico gajo do cinema (seremos todos assim na vida real? Gosto de pensar que não), dá corda, dá corda, dá corda, diz que a ama quando ela se zanga (como dizia o Robin Williams no seu stand up, a melhor forma de uma mulher garantir que um homem lhe diz que a ama é zangar-se com ele) mas; há sempre um "mas".

Claro que esta crise emocional de Anna tem efeitos em tudo o que a rodeia e é para isso que cá estamos, para acompanhar essa demolição.

O realizador do filme, Silvio Soldini, consegue mantê-lo sempre num grande equilíbrio entre a distância quase voyeuristica e a proximidade àquele casal digamos que informal. Penso que é uma boa estratégia, na medida em que tal como os desejos de Anna (e de Domenico, é preciso dizer-se que Anna não é a má da fita) vão e vêm, também a distância é maior ou menor. Aliás, o problema deste filme não é a execução – os italianos sabem fazer filmes bons e este é mais um – mas sim a duração, que peca por excesso.

No entanto, apesar de ser realmente uma falha, percebe-se que se tenha de comparar a vida anterior e posterior de Anna para que o espectador perceba o que é que está em causa, o que é que Anna está disposta a perder...sem ponto de comparação seria mais uma história de boy meets girl, assim é mais interessante e realista.

Por ser realista é um filme que nos faz pensar em nós próprios, pensamos no que outrora já pensámos e porventura já deixámos de pensar. Não me refiro expressamente à necessidade de aventuras românticas ou sexuais, mas sim ao facto de todos nós – num momento ou noutro – nos termos considerado infelizes quando na verdade somos uns sortudos.

Eu, pela minha parte, não me canso de dizer que tenho uma vida boa e muito honestamente acho que essa é a razão pela qual estou satisfeito com ela. Não lhe chamem ser pouco ambicioso, chamem-lhe efeito bola de neve.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Il Divo + The Soloist

Il Divo:



Já tinha ouvido falar bem deste filme durante o Indie Lisboa, onde alguns dos meus colegas o viram e onde - segundo me lembro - ficou em segundo lugar no prémio do público, por isso fiquei contente quando vi que o iam exibir fora do festival.

Assim que comecei a ver percebi o porquê de estar no Indie. Supostamente este é um biopic do antigo Primeiro-Ministro italiano Giulio Andreotti mas na verdade está longe de o ser, sendo-o. Eu explico, não só não é um biopic convencional como não tem muito a ver com o que normalmente se imagina num filme italiano. Pelo menos eu associo sempre o cinema italiano a um grande realismo e a temáticas mais tristes. Claro que há excepções, não entrem já em ebulição, mas se tivesse de escolher um pré-conceito seria esse.

Já Il Divo é mais próximo do preconceito que se tem dos italianos, é "loud" (em mais sentidos que apenas barulhento, ousado e - aqui apenas a política - tem muita corrupção. E o filme funciona bem por isso, se a história fosse contada de forma normal provavelmente seria na onda dos Homens do Presidente, muita conversa de corredor e algumas cenas de tribunal, aqui optou-se por receber influências do Padrinho, dando preferência às maquinações dos bastidores que, ao que parece, serviram para perpetuar o senhor no poder.

E o "senhor" merece destaque, o actor que o representa - Toni Servillo - faz um papelão! De resto o filme é bastante interessante, mas tem o problema de ser demasiado longo. No início estava a seguir tudo super atentamente, lá para o fim lá tive de olhar para o relógio, e isso em mim é mau sinal.



The Soloist:



De um biopic sui generis, passamos para um que é totalmente by the book. (Tanta expressão em estrangeiro! Sou mesmo fino...)

The Soloist conta a história de Nathaniel Ayers, um sem abrigo de Los Angeles que seria igual a tantos outros não fosse um pormenor que o torna especial, o seu dom para a música.

Antes de ser vítima da sua própria esquizofrenia, Nathaniel era um violoncelista com muito potencial, tendo mesmo chegado a estudar na conceituada escola Juilliard, que ao que sei é a melhor academia musical dos EUA e, provavelmente, do mundo.

Foi esse dom que o jornalista que o mostrou ao mundo, Steve Lopez, descobriu quando um dia, enquanto descansava numa praça da cidade e o ouviu tocar um velho violino com apenas duas cordas. O resto da história segue todos os cânones deste tipo de filmes: depois do encontro inicial, Lopez interessa-se por Nathaniel e começa a escrever histórias sobre ele no jornal em que trabalha. Desse interesse profissional surge uma amizade entre os dois, essa amizade a dada altura é posta à prova, há uma desilusão mas tudo se resolve antes do fim.

Foi por isso que não fiquei lá muito fã deste filme. Não é mau, e até tem momentos bastante bons, sobretudo pela actuação do Jamie Foxx, mas apesar da história ser curiosa não passa disso. Eu normalmente gosto muito de biografias, vejo-as como uma forma de viver coisas que na realidade não vivi, mas neste caso não consegui ter esta sensação, senti-me sempre um espectador de um filme, e nada mais.