Era uma vez um livro sobre o segundo desporto mais aborrecido do mundo (a seguir ao curling), o baseball. Mas este livro não era sobre o desporto em si, era sim sobre análise estatística das qualidades dos seus jogadores e sobre como - analisando esses dados - se poderia construir equipas mais baratas mas igualmente ganhadoras. Esse livro deve ser chato como o raio, mas foi adaptado para o cinema.
Sim, Moneyball (que é também o título do livro) é um filme que fala de baseball e análise estatística. Felizmente aqui deram mais atenção ao treinador Billy Beane, o primeiro a pôr em prática o sistema explicado no livro e que teve algum sucesso com o mesmo. Felizmente também colocaram o baseball à frente da análise estatística, mas este é um filme em que vemos uma dose bastante considerável de folhas de Excel. O que é que eu, que não gosto nada de baseball e não acho análise estatística um tema interessante para um filme, fui fazer para esta sessão de cinema?
A resposta é simples. O filme já tinha estreado há uns tempos em Portugal mas consegui evadir-me a ele, achando já que ia ser uma valente seca. Entretanto vieram as nomeações para os Óscares e este novo trabalho do realizador Bennett Miller (que anteriormente só assinou o também consagrado Capote, já de 2005) recebeu 6, incluindo duas de representação, uma para melhor filme e outra para melhor argumento adaptado. Merecerá alguma delas? Sem dúvida que não, já que se trata de um filme desesperantemente mediano.
O apelo deste filme para o público americano é óbvio. Por um lado trata-se do desporto nacional dos EUA e aquele que se encontra mais orgulhosamente só (a NBA e a NFL são fenómenos muito mais internacionais e mesmo a NHL também deve ser), por outro é a típica história do underdog (neste caso a equipa dos Oakland A's) que tanto agrada aos votantes neste tipo de prémios e, finalmente, tinha como protagonista um Brad Pitt estranhamente interessado na história. A coisa estava feita e por muito pouco interessante que o filme fosse (e é; gostaria de ver como teria ficado se - como planeado inicialmente - fosse o Soderbergh a realizar) haveria de criar algum buzz para a temporada de prémios.
O que duvido (e secretamente torço para que aconteça) é que tal como o que se passou com os A's de Billy Beane (que, coitadinhos, só tinham 34 milhões de orçamento anual, o que me faz pensar que - mesmo apesar das diferenças astronómicas para as outras equipas - não são assim tão underdogs, é só ver o orçamento de uma equipa de futebol tipo Académica) o filme que conta a sua história venha a ter o mesmo tipo de sucesso. Acho que é o mais justo para um filme que tem como ponto mais alto a revelação do Jonah Hill como algo mais que um idiota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário