quinta-feira, 12 de maio de 2011

Indie Lisboa dia 7: Essential Killing

Essential Killing:



Antes da SMR propriamente dita, um desabafo. ODEIO saber informação importante sobre o filme antes de o ver e desta vez, por causa de uma simpática crítica de uma simpática revista semanal do nosso simpático país soube uma dessas informações. Estragou-me completamente o filme? Não, mas tornou-o completamente diferente!

E agora avancemos para a SMR, sem essa informação.

Falar-se de um thriller quando nos referimos a este filme é capaz de ser exagero. Se é verdade que enquanto dura preocupamo-nos com o destino do protagonista (Vincent Gallo, actor perfeito para o papel) mas ao contrário do que deve ser a base de qualquer bom thriller e dadas as circunstâncias em que se encontra sabemos desde cedo qual será o final da história. Ou não...eu achei-o óbvio, mas à saída do cinema ouvi gente a defender um desfecho contrário.

Claro que não vos vou dizer quais são essas possibilidades, mas digo-vos que Essential Killing, do polaco Jerzy Skolimowski, é um filme de sobrevivência. De forma semelhante a um Alive (para mim o melhor filme deste género) ou a um 127 Hours, o protagonista (que o IMDB diz que se chama Muhammad, mas eu não ouvi esse nome durante o filme inteiro) está, basicamente, lixado. Tal como no Alive, está no meio da neve; tal como no 127 Hours está absolutamente sozinho. Ao contrário de qualquer um desses exemplos, está a ser perseguido pelo exército americano. Há que convir que isso é chato.

A culpa é realmente do talibã (sim, ele é talibã). Não fosse ele ter feito o que não devia e já não estava naquela situação...mas será que a culpa é só dele? Não..não fossem os americanos o tratarem como um animal e o torturarem selvaticamente e provavelmente desistiria mais cedo e rendia-se.

No entanto, para ser verdadeiramente honesto convosco, acho que a atribuição de culpas é mais importante para a conversa intelectualó-politizada pós-filme do que para a história propriamente dita. A culpa pode ser do talibã (da mamã?) mas mesmo que não fosse, e mesmo que os americanos não fossem culpados tampouco, mesmo que ninguém tivesse culpa de nada a mensagem que passa passava na mesma: todos nós, por muito pouco preparados que estejamos, faríamos tudo para sobreviver.

Essential Killing mostra-nos isso sem precisar de recorrer ao gore e ao canibalismo. De uma forma muito mais contida, talvez fruto da escola europeia de cinema, faz-nos torcer por um homem que, sendo um terrorista, acaba o filme completamente vulnerável, voltando ainda que mentalmente ao seu lugar seguro.

Já aqui referi o Vincent Gallo mas quero mesmo sublinhar isto: este papel não poderia ter sido melhor entregue! Posso não concordar com algumas das suas ideias (mesmo achando que só podem ser a gozar!) mas aqui, enquanto actor, mostra o que, se eu não fosse um crítico de cinema para aqueles que não têm paciência para críticos de cinema chamaria de tour de force de interpretação contida.

Resumindo, que estou cheio de sono: Essential Killing é um bom filme que, mercê das suas paisagens fabulosas e da sua grandeza de escala, merece ser visto num ecrã de cinema. Não passa é novamente no Indie, por isso façam figas que estreie em sala.

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