"You can be happy and still be tempted"
Esta frase, dita por Michael, empresário de sucesso, (Sam Worthington) enquanto reflecte sobre se deverá ou não trair a sua mulher com uma colega de trabalho foi uma daquelas frases que me ficam na cabeça mesmo muito tempo depois do final da sessão.
Last Night, o primeiro filme de uma senhora chamada Massy Tadjedin, lida com traição. Não só a eventual traição de Michael à sua mulher como também o inverso. Last Night, a noite passada é aquela em que Michael teve de viajar com a colega atraente (Eva Mendes) mas também em que a sua mulher, Joanna (Keira Knightley, bem mais sexy que a Eva Mendes), se reencontra com o seu ex-namorado/amante. É uma coincidência demasiado grande, eu sei, mas perdoa-se porque é o único ponto mais fraco de um filme que em tudo o resto é excelente.
Todo o ambiente à volta do casal principal é meio esbatido: não só a moral dos protagonistas o é um pouco, já que ambos se perguntam ao longo da noite se deverão trair o respectivo, mas - interessantemente - mesmo a própria imagem no ecrã, decerto uma forma que a realizadora encontrou de transmitir esse permanente graduar dos seus votos de fidelidade.
É esta imagem, aliada aos muitos momentos em que o piano da (excelente) banda sonora é a única companhia para o silêncio que decorre da reflexão feita pelo casal principal e acho que é essa a característica que mais me agradou no filme: os personagens pensam! Ao contrário do que acontece na maioria dos filmes, em que só vemos a acção, aqui conseguimos adivinhar o que lhes está a passar pela cabeça. Mais mérito, portanto, para Massy Tadjedin, que não só realizou como escreveu o filme.
Depois da última noite Michael volta a Nova Iorque e à sua mulher, que o recebe com um sorriso muito pouco aberto. O filme, insistindo novamente em fazer-nos pensar em vez de nos dar respostas, não nos mostra o que é dito entre eles. Será que depois da última noite aquela relação será a mesma? Será a última noite A última noite? Só uma sequela nos poderia dizer, mas apesar de por um lado querer saber, por outro acho que o filme está completo assim mesmo; por vezes, o silêncio é melhor que o constante abafar do pensamento com o supérfluo.
No final as luzes acendem-se e nós próprios reflectimos sobre o que Michael e Joanna pensaram, em particular sobre aquela pequena frase, dita quase en passant: Será mesmo verdade? Podemos estar felizes numa relação e mesmo assim sentirmo-nos tentados a deitar tudo ao ar? Não será essa tentação sinal de que algo está mal e de que se calhar não somos assim tão felizes?
A conclusão a que cheguei guardo-a para mim, que isto não é um "Querido diário", mas posso partilhar que aditaria algo à tal frase que citei no início: You can be happy and still be tempted, but you can also resist temptation.
Alguém que concorda que a Keira Knightley é e bem mais interessante que a Eva!
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