sexta-feira, 6 de maio de 2011

Indie Lisboa dia 1: Carlos

Carlos:

Era uma vez um senhor de origem venezuelana chamado Ilich Ramirez Sanchez. Curiosamente, apesar do nome nada normal para um país de língua espanhola, o mundo conhece-o como Carlos. Carlos, o Chacal, aqui interpretado - e muito bem! - por Édgar Ramirez.

Provavelmente os meus leitores mais jovens não reconhecerão o nome, mas Carlos, o Chacal foi uma das figuras mais conhecidas nos anos 70. Era um actor? Era um cantor? Não, mas era uma estrela de fama mundial, desde Paris a Bagdad. A razão da sua fama? Carlos era o equivalente ao Bin Laden naqueles tempos...não porque foi morto por uma operação dos serviços especiais americanos mas porque era o terrorista mais famoso do mundo. No entanto, ao contrário do Bin Laden, Carlos era um playboy - gostava de álcool, mulheres e da fama que tinha..e também ao contrário do Bin Laden, Carlos tentava parecer-se com o Che Guevara mas aproximava-se mais do Zézé Camarinha.

O momento que trouxe Carlos para as luzes da ribalta aconteceu a 21 de Dezembro de 1975 quando ele e mais cinco membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina raptaram uma série de diplomatas durante uma reunião que decorria na sede da OPEP, em Viena. O filme, que não deixa de ser uma obra biográfica apesar das muitas explosões e tiros - a vida é que é sui generis, está lá e mostra-nos o que se passou.

Se é verdade que foi esse o momento que o fez conhecido a nível mundial, as suas acções anteriores e posteriores fizeram-no uma "estrela" mais localizada: em França conhecem-no por ter morto dois agentes da CIA lá do sítio - a DST, acrónimo no mínimo suspeito - e o filme mostra-nos o que se passou; na Líbia conhecem-no por ter assassinado um diplomata próximo do Khadaffi, e o filme mostra-nos o que se passou; na Alemanha (de Leste) conhecem-no por ter apoiado as Células Revolucionárias Alemãs, e o filme - adivinharam - mostra-nos o que se passou.

E depois o mundo mudou, a Guerra Fria acabou e Carlos, o Chacal teve de andar fugido, e o filme - yup - mostra-nos o que se passou. Mas depois, não contente com nos mostrar o que se passa na vida de Carlos, continua...

...e continua...

...e continua...

...e continua...

...e continua tanto, perde-se tanto em pormenores que não interessam que se torna difícil continuarmos a prestar atenção. Já sabia que este filme foi transformado numa mini-série de televisão, e desconfio que não tiveram de filmar muitas mais coisas para a produzir, se calhar até tiveram de fazer cortes...

...e quando pensamos que vai acabar continua...

...e volta a continuar...

...e quando finalmente acaba já eu perdi a oportunidade de ir ver a minha segunda sessão do dia.

Damn!

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