Pois é, caros leitores, o primeiro ano deste blog já está a acabar. Ao longo de 2009 vi - e analisei - 101 filmes, numa média de 1,94 filmes por semana, e para o ano prometo continuar.
Mas por agora, e como é praxe nestas alturas de fim de ano, venho fazer-vos uma pergunta: qual foi, destes 101 filmes, aquele que gostaram mais? Podem responder na barra aqui à direita. A lista que deixei é o meu top 10, mas se escolherem outro deixem a vossa preferência nos comentários.
Não se esqueçam de comentar, gosto de saber a vossa opinião e gostaria de ter sugestões para melhorar isto ainda mais.
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Helly my non-Portuguese readers.
The first year of this blog is now almost over. Since the beginning of 2009 I watched - and reviewed - 101 movies, which gets me an 1,94 movies/week average. Keep coming back next year, as this blogging adventure is far from over.
But now I have the customary poll for you. Which these 101 movies was your favourite? You can vote on the right and (free Portuguese lesson!) "Outro" means that I'd like to know if your movie isn't on my Top-1o list.
Also, I'd really appreciate if you could write your suggestions/comments. I want to improve this blog and I really can't do it without your help.
Obrigado | Thank You,
jmnpm
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
New Moon + Avatar
New Moon:
Ai ai ai ai...o que é que eu posso dizer sobre este filme, o segundo da saga Twilight? Bem, posso começar por ser simpático e dizer que tem uma banda sonora razoável.
De resto não consegui gostar minimamente de nada. "Nadinha de nada?", perguntam vocês. Nadinha de nada! A história é básica, inferior ao target adolescente que procura atingir (ou isso ou dou-me com os adolescentes errados), as actuações só não são más porque são péssimas (então os dois protagonistas masculinos, Edward e Jacob, deviam ser relegados para os Morangos com Açúcar série de Verão e não serem convidados para ficar na versão regresso às aulas!), mau mau mau mau. Já disse que é mau? É! É muito mau.
Mas há coisas boas: uma para a humanidade em geral - já falta menos um filme para esta saga acabar - e outra para pessoas com um fetiche (preocupante, a meu ver) por rapazes em tronco nu - diria que nos 130 minutos do filme cerca de 129 contam com um "wolfboy" a mostrar os abdominais em situações que não o justificam.
Devo confessar que tinha a ideia que esta série de livros e filmes seria um Harry Potter mais manhoso e mais direccionado a raparigas, mas nunca imaginei quão diferentes podiam ser. Nunca li os livros nem de um nem de outro, mas no que toca a filmes o Harry e os seus amigos dão uma coça monumental a estes vampiros deprimidos e brilhantes (sim, porque eles brilham...não no escuro mas ao Sol).
P.S.: Desculpa, Lara ;)
Avatar:
Ai ai ai ai...o que é que eu posso dizer sobre este filme, o segundo da saga Twilight? Bem, posso começar por ser simpático e dizer que tem uma banda sonora razoável.
De resto não consegui gostar minimamente de nada. "Nadinha de nada?", perguntam vocês. Nadinha de nada! A história é básica, inferior ao target adolescente que procura atingir (ou isso ou dou-me com os adolescentes errados), as actuações só não são más porque são péssimas (então os dois protagonistas masculinos, Edward e Jacob, deviam ser relegados para os Morangos com Açúcar série de Verão e não serem convidados para ficar na versão regresso às aulas!), mau mau mau mau. Já disse que é mau? É! É muito mau.
Mas há coisas boas: uma para a humanidade em geral - já falta menos um filme para esta saga acabar - e outra para pessoas com um fetiche (preocupante, a meu ver) por rapazes em tronco nu - diria que nos 130 minutos do filme cerca de 129 contam com um "wolfboy" a mostrar os abdominais em situações que não o justificam.
Devo confessar que tinha a ideia que esta série de livros e filmes seria um Harry Potter mais manhoso e mais direccionado a raparigas, mas nunca imaginei quão diferentes podiam ser. Nunca li os livros nem de um nem de outro, mas no que toca a filmes o Harry e os seus amigos dão uma coça monumental a estes vampiros deprimidos e brilhantes (sim, porque eles brilham...não no escuro mas ao Sol).
P.S.: Desculpa, Lara ;)
Avatar:
A promoção deste filme apresentava-o como game-changer (i.e., nunca mais o cinema será o mesmo) e referia-se várias vezes ao Titanic, o último filme do James Cameron e - para mim - o exemplo clássico de filme que se baseia em clichés e grandes efeitos visuais para conquistar o público e a crítica.
Acho que é esta segunda referência que está mais acertada. O Avatar é precisamente isso: um filme que, se não nos distraíssemos com os efeitos visuais, pouco ou nada tem de conteúdo original. E ainda por cima é um copy/paste de fraca qualidade...aqui é um soldado humano que se apaixona pela raça alienígena que deveria infiltrar, estudar e trair e - claro - decide lutar contra os mauzões, que neste caso são os terráquios.
Muito se tem discutido esta vertente do filme, sobretudo nos EUA (where else?)...diz-se que é um filme anti-americano, e que mostra as actividades humanas numa perspectiva parecida ao colonialismo. É verdade que o faz, mas também não deixa de ser verdade que se tal comportamento fosse real seria altamente censurável. Mas todas estas questões seriam mais relevantes se a história fosse interessante, mas não o é.
Ficamos, por isso, com o aspecto técnico. É verdade que o cinema nunca mais será o mesmo? Na minha opinião vai continuar a ser o mesmo. ("E o que é que a minha opinião me interessa?", pergunta o leitor; "Olha, se não importasse não me lias", retorque o escriba na sua linguagem cuidada e coloquial ao mesmo tempo que pensa "Sou importante").
Um aviso importante: este filme tem de ser visto em 3D. Está nas salas a versão 2D mas não contem com ela. Foi feito para ser visto com os óculos maravilha e é com os óculos maravilha que o devem ver.
O problema é que o 3D é, de facto, o melhor que já vi mas não é assim tão marcante que me faça apaixonar por este formato e pensar que nunca mais quero ver filmes sem os óculos do Stevie Wonder.
Mais impressionante que o 3D é a qualidade do CGI...está uns quantos passos acima do costume, mas mais uma vez não me deixou maravilhado. É extremamente realista, mas o mundo de Avatar é demasiado cartoon para o meu gosto. Gosto mais dos efeitos que, por exemplo, foram usados na trilogia do Senhor dos Anéis...aí mesmo as criaturas inventadas são mais "sujas", mais reais.
Como dizia um crítico que li recentemente (colega, desculpa não te citar, mas esqueci-me quem és) é mau sinal quando na crítica de um filme se fala quase exclusivamente na parte técnica. Sou forçado a concordar...se descontarmos os efeitos especiais estamos perante um filme mediano e que não atrairia ninguém aos cinemas. (Iriam ver um filme em que um soldado português na guerra colonial se apaixona pela cultura de uma qualquer tribo moçambicana e resolve lutar por, e não contra, eles??? Eu iria, por acaso, mas eu não sou exemplo porque - perdoe-se a expressão - papo tudo)
Assim, efeitos especiais incluídos, ficamos com um filme pipoca decente, que deve estar perto de conseguir o seu objectivo ... encher os bolsos do James Cameron e da 20th Century Fox, pelo menos as salas têm estado a abarrotar.
Acho que é esta segunda referência que está mais acertada. O Avatar é precisamente isso: um filme que, se não nos distraíssemos com os efeitos visuais, pouco ou nada tem de conteúdo original. E ainda por cima é um copy/paste de fraca qualidade...aqui é um soldado humano que se apaixona pela raça alienígena que deveria infiltrar, estudar e trair e - claro - decide lutar contra os mauzões, que neste caso são os terráquios.
Muito se tem discutido esta vertente do filme, sobretudo nos EUA (where else?)...diz-se que é um filme anti-americano, e que mostra as actividades humanas numa perspectiva parecida ao colonialismo. É verdade que o faz, mas também não deixa de ser verdade que se tal comportamento fosse real seria altamente censurável. Mas todas estas questões seriam mais relevantes se a história fosse interessante, mas não o é.
Ficamos, por isso, com o aspecto técnico. É verdade que o cinema nunca mais será o mesmo? Na minha opinião vai continuar a ser o mesmo. ("E o que é que a minha opinião me interessa?", pergunta o leitor; "Olha, se não importasse não me lias", retorque o escriba na sua linguagem cuidada e coloquial ao mesmo tempo que pensa "Sou importante").
Um aviso importante: este filme tem de ser visto em 3D. Está nas salas a versão 2D mas não contem com ela. Foi feito para ser visto com os óculos maravilha e é com os óculos maravilha que o devem ver.
O problema é que o 3D é, de facto, o melhor que já vi mas não é assim tão marcante que me faça apaixonar por este formato e pensar que nunca mais quero ver filmes sem os óculos do Stevie Wonder.
Mais impressionante que o 3D é a qualidade do CGI...está uns quantos passos acima do costume, mas mais uma vez não me deixou maravilhado. É extremamente realista, mas o mundo de Avatar é demasiado cartoon para o meu gosto. Gosto mais dos efeitos que, por exemplo, foram usados na trilogia do Senhor dos Anéis...aí mesmo as criaturas inventadas são mais "sujas", mais reais.
Como dizia um crítico que li recentemente (colega, desculpa não te citar, mas esqueci-me quem és) é mau sinal quando na crítica de um filme se fala quase exclusivamente na parte técnica. Sou forçado a concordar...se descontarmos os efeitos especiais estamos perante um filme mediano e que não atrairia ninguém aos cinemas. (Iriam ver um filme em que um soldado português na guerra colonial se apaixona pela cultura de uma qualquer tribo moçambicana e resolve lutar por, e não contra, eles??? Eu iria, por acaso, mas eu não sou exemplo porque - perdoe-se a expressão - papo tudo)
Assim, efeitos especiais incluídos, ficamos com um filme pipoca decente, que deve estar perto de conseguir o seu objectivo ... encher os bolsos do James Cameron e da 20th Century Fox, pelo menos as salas têm estado a abarrotar.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Clerks + Les Beaux Gosses
Clerks:
Sabem quem são o Jay e o Silent Bob? Dois personagens, interpretados pelo Jason Mewes e pelo Kevin Smith, que vão aparecendo de tempos a tempos nos filmes do segundo, filmes como o Dogma (que achei engraçado). Pois foi aqui que eles surgiram pela primeira vez, o que faz algum sentido se tivermos em conta que este é o primeiro filme do (grande) moço.
Ora, foi por mais por curiosidade em relação a eles que por vontade de ver o filme que me pus a meter a ver este Clerks. É um filme completamente lo-fi, com algumas piadas e muita conversa que não interessa por aí além.(Realista, portanto)
Deu para perceber que...
...e pronto, a SMR fica por aqui porque adormeci a ver o filme. Não que o estivesse a achar péssimo até ali, mas também não estava cheio de sono. Fiquei-me por aqui, mas se um dia destes voltar a apanhar o filme pode ser que venha cá completar isto.
Les Beaux Gosses:
"O American Pie francês"...é assim que este Les Beaux Gosses tem sido falado nas críticas que li. Não concordo.
Sem dúvida que a temática é parecida, a descoberta do amor/sexualidade por parte de jovens do sexo masculino e a abordagem é cómica, mas tudo o mais é bastante diferente. Enquanto que no American Pie tudo é exagerado e as piadas são muitas das vezes escatológicas, aqui estamos perante uma história mostrada de uma forma bastante mais próxima do documentário e o humor é real.
Hervé e Camel (os rapazes do poster) são dois amigos não muito diferentes do que eu era naquela idade...muito convencidos nas conversas entre rapazes, demasiado tímidos/self-conscious quando abordam as miúdas. Mas, vá-se lá saber porquê, uma delas lá fica de beicinho pelo Hervé, e a partir daí seguimos as suas descobertas...os primeiros linguados ("Não! Eu já beijei imensas raparigas antes de ti...Quem? Umas italianas..."), os primeiros planos a dois, a primeira desilusão amorosa e o primeiro "seguir em frente". Enquanto isso Camel, e os restantes amigos do seu grupo, vão vendo Hervé como um enviado especial ao mundo das raparigas, e vão tentando saber tudo o que se está a passar, acrescentando sempre um ponto àquele conto.
O que mais me agradou no filme foi precisamente o ser diferente do tal American Pie, é um filme verdadeiro. Quando vi o American Pie fartei-me de rir (mais que neste) mas nunca me senti ligado àquela realidade, aqui foram tantas as vezes que dei por mim a pensar "já passei por aquela situação" que não posso deixar de elogiar quem escreveu aquela história, fez uma boa investigação e sobretudo puxou bem pela memória (são dois argumentistas homens, de certeza que também passaram por aqueles momentos).
O facto de serem actores totalmente desconhecidos também ajuda...se estivessemos a falar de um filme americano interpretado por jovens actores já conhecidos a ligação não seria tão próxima. Assim, e apesar de nenhuma interpretação ser fabulosa (o destaque, apesar de tudo vai para Alice Trémolière, que faz de Aurore) senti-me em casa naquele grupo de amigos. E sentir-me em casa é bom.
Sabem quem são o Jay e o Silent Bob? Dois personagens, interpretados pelo Jason Mewes e pelo Kevin Smith, que vão aparecendo de tempos a tempos nos filmes do segundo, filmes como o Dogma (que achei engraçado). Pois foi aqui que eles surgiram pela primeira vez, o que faz algum sentido se tivermos em conta que este é o primeiro filme do (grande) moço.
Ora, foi por mais por curiosidade em relação a eles que por vontade de ver o filme que me pus a meter a ver este Clerks. É um filme completamente lo-fi, com algumas piadas e muita conversa que não interessa por aí além.(Realista, portanto)
Deu para perceber que...
...e pronto, a SMR fica por aqui porque adormeci a ver o filme. Não que o estivesse a achar péssimo até ali, mas também não estava cheio de sono. Fiquei-me por aqui, mas se um dia destes voltar a apanhar o filme pode ser que venha cá completar isto.
Les Beaux Gosses:
"O American Pie francês"...é assim que este Les Beaux Gosses tem sido falado nas críticas que li. Não concordo.
Sem dúvida que a temática é parecida, a descoberta do amor/sexualidade por parte de jovens do sexo masculino e a abordagem é cómica, mas tudo o mais é bastante diferente. Enquanto que no American Pie tudo é exagerado e as piadas são muitas das vezes escatológicas, aqui estamos perante uma história mostrada de uma forma bastante mais próxima do documentário e o humor é real.
Hervé e Camel (os rapazes do poster) são dois amigos não muito diferentes do que eu era naquela idade...muito convencidos nas conversas entre rapazes, demasiado tímidos/self-conscious quando abordam as miúdas. Mas, vá-se lá saber porquê, uma delas lá fica de beicinho pelo Hervé, e a partir daí seguimos as suas descobertas...os primeiros linguados ("Não! Eu já beijei imensas raparigas antes de ti...Quem? Umas italianas..."), os primeiros planos a dois, a primeira desilusão amorosa e o primeiro "seguir em frente". Enquanto isso Camel, e os restantes amigos do seu grupo, vão vendo Hervé como um enviado especial ao mundo das raparigas, e vão tentando saber tudo o que se está a passar, acrescentando sempre um ponto àquele conto.
O que mais me agradou no filme foi precisamente o ser diferente do tal American Pie, é um filme verdadeiro. Quando vi o American Pie fartei-me de rir (mais que neste) mas nunca me senti ligado àquela realidade, aqui foram tantas as vezes que dei por mim a pensar "já passei por aquela situação" que não posso deixar de elogiar quem escreveu aquela história, fez uma boa investigação e sobretudo puxou bem pela memória (são dois argumentistas homens, de certeza que também passaram por aqueles momentos).
O facto de serem actores totalmente desconhecidos também ajuda...se estivessemos a falar de um filme americano interpretado por jovens actores já conhecidos a ligação não seria tão próxima. Assim, e apesar de nenhuma interpretação ser fabulosa (o destaque, apesar de tudo vai para Alice Trémolière, que faz de Aurore) senti-me em casa naquele grupo de amigos. E sentir-me em casa é bom.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Tetro
Tetro:
Tetro é o último filme do Francis Ford Coppola, um senhor que fez filmes de tão pouca qualidade como a trilogia d'O Padrinho, o Apocalypse Now ou o Youth Without Youth (este último é mesmo mau, os outros...estava a brincar).
Tetro é o último personagem do Vincent Gallo, um senhor que protagonizou filmes tão bons como o Bufallo 66, o Trouble Every Day e o Brown Bunny (os dois primeiros são mesmo bons, o terceiro...estava a brincar).
Com esta dupla tanto podíamos esperar um filme genial como uma daquelas peças cinematográficas que pouco mais alcançam que a auto-congratulação. Felizmente, Tetro é também o título de um dos melhores filmes que vi este ano. (Que está quase a acabar! Será este o último post? Aceitam-se apostas!)
É um excelente filme porque consegue conjugar excelência a nível técnico (fotografia a preto e branco impecável, trabalho de actores muito bem conseguido, banda sonora de qualidade) com uma história que nos deixa interessados do princípio ao fim: Bennie, o irmão mais novo (Alden Ehrenreich, não muito mau mas demasiado parecido com o Leonardo DiCaprio circa 1996) resolve procurar Tetro, o seu irmão "desaparecido" em Buenos Aires, cidade de onde recebeu as suas últimas noticias. Encontram-se, com a ajuda da sua cunhada Miranda (Maribel Verdú, excelente) e reiniciam uma relação tempestuosa que acabará com uma série de revelações sobre Carlo, patriarca da família e génio musical que destrói tudo em seu redor.
Infelizmente este filme não parecer vir a ter grande distribuição no mercado nacional (é estranho, apesar de tudo o Coppola é o Coppola), mas merecia. Não é um filme fácil, de certa forma parece orgulhar-se de não o ser, mas é um título essencial para qualquer pessoa que tenha o gosto não só de cinema, mas de assistir ao desenrolar de boas histórias, desempenhadas por um grupo de profissionais no seu melhor.
Ou seja, se os meus queridos leitores só puderem ver um filme recomendado por mim este ano não me desagradaria que fosse este que vissem. Não é O filme que vi em 2009, mas anda lá perto.
Tetro é o último personagem do Vincent Gallo, um senhor que protagonizou filmes tão bons como o Bufallo 66, o Trouble Every Day e o Brown Bunny (os dois primeiros são mesmo bons, o terceiro...estava a brincar).
Com esta dupla tanto podíamos esperar um filme genial como uma daquelas peças cinematográficas que pouco mais alcançam que a auto-congratulação. Felizmente, Tetro é também o título de um dos melhores filmes que vi este ano. (Que está quase a acabar! Será este o último post? Aceitam-se apostas!)
É um excelente filme porque consegue conjugar excelência a nível técnico (fotografia a preto e branco impecável, trabalho de actores muito bem conseguido, banda sonora de qualidade) com uma história que nos deixa interessados do princípio ao fim: Bennie, o irmão mais novo (Alden Ehrenreich, não muito mau mas demasiado parecido com o Leonardo DiCaprio circa 1996) resolve procurar Tetro, o seu irmão "desaparecido" em Buenos Aires, cidade de onde recebeu as suas últimas noticias. Encontram-se, com a ajuda da sua cunhada Miranda (Maribel Verdú, excelente) e reiniciam uma relação tempestuosa que acabará com uma série de revelações sobre Carlo, patriarca da família e génio musical que destrói tudo em seu redor.
Infelizmente este filme não parecer vir a ter grande distribuição no mercado nacional (é estranho, apesar de tudo o Coppola é o Coppola), mas merecia. Não é um filme fácil, de certa forma parece orgulhar-se de não o ser, mas é um título essencial para qualquer pessoa que tenha o gosto não só de cinema, mas de assistir ao desenrolar de boas histórias, desempenhadas por um grupo de profissionais no seu melhor.
Ou seja, se os meus queridos leitores só puderem ver um filme recomendado por mim este ano não me desagradaria que fosse este que vissem. Não é O filme que vi em 2009, mas anda lá perto.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Adventureland + The Party
Adventureland:
Não gostei deste filme.
O que gostei menos foi a tentativa de fazer uma comédia/romance indie mas que é demasiado forçada. E tudo o que é demasiado forçado dá em asneira...neste caso acho que o exemplo mais claro do que estou a dizer é o colocarem o filme no contexto dos anos 80, mas que em nada, tirando a roupa e a banda sonora, é característico dessa altura, e mesmo esses só beneficiam com o revivalismo dos 80's que em breve passará para os 90's.
A história é a do costume neste tipo de filmes: jovem americano meio geek meio cool quer ir viajar para a Europa durante o Verão, mas como não tem dinheiro tem de ir trabalhar para um parque de diversões - o tal Adventureland - onde (surpresa das surpresas!) conhece a rapariga dos seus sonhos, totalmente cool mas assim a dar para o alternativo, que (surpresa das surpresas das surpresas!) vai estudar precisamente para a mesma cidade que ele.
Para além destes dois personagens, existem também uns quantos outros que pouco mais são que um copy/paste do "livro de personagens cliché de comédias/romances que querem ser indie": o namorado bonzão da tal rapariga, de quem ela se farta por não ser tão sensível como o nosso herói; o gajo totalmente geek que tem interesses bizarros (neste caso literatura russa) e nenhum sucesso com miúdas sóbrias; o chefe demasiado intenso e, claro, a beauty queen por quem todos os rapazes se babam e de quem o protagonista abdica pela miúda alternativa.
Nem sequer considero que isto sejam spoilers, porque não é a primeira - nem será a última - vez que verão estes personagens-tipo. Por isso é que não gostei do filme, esforça-se tanto por ser (quem sabe) um outro (500) days of Summer que falha redondamente: é fraco.
De mérito apenas posso reconhecer uma coisa: a boa interpretação da Kristen Stewart, a protagonista da saga Twilight, que nunca vi (nem tenho curiosidade em ver) mas que me surpreendeu pela positiva quanto às suas capacidades de actriz.
The Party:
Este filme foi uma recomendação de uma leitora frequente deste cantinho na Internet plantado e, apesar de perceber as razões da sua paixão, não consegui ficar demasiado fã. Ainda assim, agradeço a sugestão e proponho que deixem aqui as vossas recomendações, pode ser que um dia sejam agraciados com uma SMR.
Plantado entre um Mr. Bean (o que é mau) e o Mon Oncle, do Jacques Tati (o que é bom), esta é uma comédia já antiga caracterizada por um tipo de humor que - a meu ver - está bastante datado e não evoluiu lá muito bem. O filme depende demasiado de quedas, efeitos sonoros e cenas demasiado over the top para o meu gosto, enquanto espectador de 27 anos.
Não tendo essa informação, sou capaz de apostar que este é um filme que a tal leitora assídua viu - e aprendeu a amar - quando era mais pequena. Eu também tenho algumas paixões dessas- filmes que ainda hoje gosto mas que tenho a impressão que se os visse pela primeira vez aos 27 anos não conseguiria ter a mesma relação - casos do Robin Hood, Heróis em Collants ou o Ases pelos Ares.
Não tendo ficado fã, não deixei de me rir com algumas situações (sobretudo a altura em que o Senhor Bakshi mexe nos controlos da casa, hilariante). Sabendo que basicamente o filme é uma improvisação quase completa do Peter Sellers (actor a quem reconheço o grande valor, mas com quem não consigo empatizar) ainda mais valor lhe dou, mas - repito - penso que este é o perfeito filme para se recordar de visualizações mais jovens. Assim é interessante, mas não fará parte do meu património cultural.
O que gostei menos foi a tentativa de fazer uma comédia/romance indie mas que é demasiado forçada. E tudo o que é demasiado forçado dá em asneira...neste caso acho que o exemplo mais claro do que estou a dizer é o colocarem o filme no contexto dos anos 80, mas que em nada, tirando a roupa e a banda sonora, é característico dessa altura, e mesmo esses só beneficiam com o revivalismo dos 80's que em breve passará para os 90's.
A história é a do costume neste tipo de filmes: jovem americano meio geek meio cool quer ir viajar para a Europa durante o Verão, mas como não tem dinheiro tem de ir trabalhar para um parque de diversões - o tal Adventureland - onde (surpresa das surpresas!) conhece a rapariga dos seus sonhos, totalmente cool mas assim a dar para o alternativo, que (surpresa das surpresas das surpresas!) vai estudar precisamente para a mesma cidade que ele.
Para além destes dois personagens, existem também uns quantos outros que pouco mais são que um copy/paste do "livro de personagens cliché de comédias/romances que querem ser indie": o namorado bonzão da tal rapariga, de quem ela se farta por não ser tão sensível como o nosso herói; o gajo totalmente geek que tem interesses bizarros (neste caso literatura russa) e nenhum sucesso com miúdas sóbrias; o chefe demasiado intenso e, claro, a beauty queen por quem todos os rapazes se babam e de quem o protagonista abdica pela miúda alternativa.
Nem sequer considero que isto sejam spoilers, porque não é a primeira - nem será a última - vez que verão estes personagens-tipo. Por isso é que não gostei do filme, esforça-se tanto por ser (quem sabe) um outro (500) days of Summer que falha redondamente: é fraco.
De mérito apenas posso reconhecer uma coisa: a boa interpretação da Kristen Stewart, a protagonista da saga Twilight, que nunca vi (nem tenho curiosidade em ver) mas que me surpreendeu pela positiva quanto às suas capacidades de actriz.
The Party:
Este filme foi uma recomendação de uma leitora frequente deste cantinho na Internet plantado e, apesar de perceber as razões da sua paixão, não consegui ficar demasiado fã. Ainda assim, agradeço a sugestão e proponho que deixem aqui as vossas recomendações, pode ser que um dia sejam agraciados com uma SMR.
Plantado entre um Mr. Bean (o que é mau) e o Mon Oncle, do Jacques Tati (o que é bom), esta é uma comédia já antiga caracterizada por um tipo de humor que - a meu ver - está bastante datado e não evoluiu lá muito bem. O filme depende demasiado de quedas, efeitos sonoros e cenas demasiado over the top para o meu gosto, enquanto espectador de 27 anos.
Não tendo essa informação, sou capaz de apostar que este é um filme que a tal leitora assídua viu - e aprendeu a amar - quando era mais pequena. Eu também tenho algumas paixões dessas- filmes que ainda hoje gosto mas que tenho a impressão que se os visse pela primeira vez aos 27 anos não conseguiria ter a mesma relação - casos do Robin Hood, Heróis em Collants ou o Ases pelos Ares.
Não tendo ficado fã, não deixei de me rir com algumas situações (sobretudo a altura em que o Senhor Bakshi mexe nos controlos da casa, hilariante). Sabendo que basicamente o filme é uma improvisação quase completa do Peter Sellers (actor a quem reconheço o grande valor, mas com quem não consigo empatizar) ainda mais valor lhe dou, mas - repito - penso que este é o perfeito filme para se recordar de visualizações mais jovens. Assim é interessante, mas não fará parte do meu património cultural.
domingo, 6 de dezembro de 2009
Zombieland + Capitalism: a Love Story
Zombieland:
Aqui há uns anos vi um filme de zombies que misturava bastante humor com o gore e os sustos do costume. Esse filme chama-se Shaun of the Dead e é, de certeza, a principal influência para este Zombieland.
Ao contrário do que acontece com tantos filmes de terror asiáticos, neste caso os estúdios americanos optaram por não fazer um remake directo desse filme, optando por seguir com a sua própria história cómica de zombies. E ainda bem que o fizeram, porque por muito que tenha gostado do Shaun (que é giro, mas é pior que o Hot Fuzz, da mesma equipa), ri-me mais neste filme.
Aqui seguimos Columbus, um jovem assustado que devido às suas regras de sobrevivência a zombies (tiradas daqui, talvez?) lá se mantém vivo o tempo suficiente para se encontrar com um senhor bem mais durão, e que em vez de fugir aos zombies se diverte a dar-lhes cabo do canastro (o que é o canastro, alguém me sabe dizer?). O Columbus é interpretado pelo Jesse Eisenberg e o Talahassee por um Woody Harrelson em topo de forma e ambos formam uma equipa que de início é enrolada pela dupla feminina Wichita/Little Rock, mas com quem acabam por colaborar, para bem da sua sobrevivência.
Ao longo da história vamos seguindo estes personagens (que não têm nomes, só alcunhas relacionadas com o sítio de onde são/para onde vão) a caminho de uma salvação, um último canto da América onde - provavelmente - poderão relaxar dos zombies e voltar às pequenas coisas que os fazem humanos. O caminho não é nada o típico de filmes de zombies, com muito mais gargalhadas que sustos, o que para mim é simpático mas para quem esteja com a ideia de se assustar é capaz de ser frustrante.
Sim, porque apesar de gostado do filme, tenho de concordar com a principal crítica que tenho lido...tendo em conta que o cenário é uma América pós-apocalíptica com apenas 6 sobreviventes conhecidos, há mesmo muito poucos zombies.
Se conseguirem passar disso vão divertir-se com esta comédia, se acharem que os zombies são o essencial são capazes de não gostar deste filme de terror. (Que não é um filme de terror)
Capitalism: a Love Story:
Cada vez mais tenho uma relação de amor/ódio com o Michael Moore. Como podem ler no que escrevi aqui, desde há muito que o acompanho e o admiro pelo trabalho que faz, de colocar assuntos sobre a mesa, mas cada vez menos o consigo ver como um documentarista fidedigno.
Isto porque, mais uma vez, neste Capitalism: a Love Story, cujo tema é a actual crise financeira e as cada vez mais abjectas diferenças entre os mais pobres e os mais ricos, ele recorre a estratagemas que, na minha opinião de fã de documentários, são dispensáveis por manipularem algo que podia ser mostrado com o mesmo impacto mas de uma forma mais objectiva. Na SMR ao Sicko menciono o momento em que ele diz que enviou o cheque para pagar a operação à mulher de um dos seus detractores, aqui não é nada de tão grave, apenas a constante exploração de imagens de pessoas a chorar - algo que me irrita seriamente - e de uns quantos punch-lines que não deveriam ser usados (aquela parte com Jesus Cristo é um disparate!).
Felizmente o filme também tem coisas boas, mas prendem-se mais com as histórias (e com o mérito de ele as descobrir e contar) do que com o documentário em si. Falo da história da família que se viu forçada a sair de casa por causa das dívidas mas que decide voltar e ocupar aquilo que era seu, da (inspiradora!) história dos trabalhadores da fábrica de Chicago e, sobretudo, da coragem da Congressista do Ohio, Marcy Kaptur, que parece ser um das poucas pessoas com o saudável equilíbrio entre juízo e poder.
Estas histórias, entre outras, merecem que vejam este filme. Aprendam, informem-se e, apesar do filme retratar a realidade americana, não se esqueçam que se trata de uma realidade global. Como diziam os Propagandhi, uma banda punk que já ouvi mais, "knowledge is power, arm yourself". Vejam o filme como fonte de informação, mas com alguma moderação.
Ao contrário do que acontece com tantos filmes de terror asiáticos, neste caso os estúdios americanos optaram por não fazer um remake directo desse filme, optando por seguir com a sua própria história cómica de zombies. E ainda bem que o fizeram, porque por muito que tenha gostado do Shaun (que é giro, mas é pior que o Hot Fuzz, da mesma equipa), ri-me mais neste filme.
Aqui seguimos Columbus, um jovem assustado que devido às suas regras de sobrevivência a zombies (tiradas daqui, talvez?) lá se mantém vivo o tempo suficiente para se encontrar com um senhor bem mais durão, e que em vez de fugir aos zombies se diverte a dar-lhes cabo do canastro (o que é o canastro, alguém me sabe dizer?). O Columbus é interpretado pelo Jesse Eisenberg e o Talahassee por um Woody Harrelson em topo de forma e ambos formam uma equipa que de início é enrolada pela dupla feminina Wichita/Little Rock, mas com quem acabam por colaborar, para bem da sua sobrevivência.
Ao longo da história vamos seguindo estes personagens (que não têm nomes, só alcunhas relacionadas com o sítio de onde são/para onde vão) a caminho de uma salvação, um último canto da América onde - provavelmente - poderão relaxar dos zombies e voltar às pequenas coisas que os fazem humanos. O caminho não é nada o típico de filmes de zombies, com muito mais gargalhadas que sustos, o que para mim é simpático mas para quem esteja com a ideia de se assustar é capaz de ser frustrante.
Sim, porque apesar de gostado do filme, tenho de concordar com a principal crítica que tenho lido...tendo em conta que o cenário é uma América pós-apocalíptica com apenas 6 sobreviventes conhecidos, há mesmo muito poucos zombies.
Se conseguirem passar disso vão divertir-se com esta comédia, se acharem que os zombies são o essencial são capazes de não gostar deste filme de terror. (Que não é um filme de terror)
Capitalism: a Love Story:
Cada vez mais tenho uma relação de amor/ódio com o Michael Moore. Como podem ler no que escrevi aqui, desde há muito que o acompanho e o admiro pelo trabalho que faz, de colocar assuntos sobre a mesa, mas cada vez menos o consigo ver como um documentarista fidedigno.
Isto porque, mais uma vez, neste Capitalism: a Love Story, cujo tema é a actual crise financeira e as cada vez mais abjectas diferenças entre os mais pobres e os mais ricos, ele recorre a estratagemas que, na minha opinião de fã de documentários, são dispensáveis por manipularem algo que podia ser mostrado com o mesmo impacto mas de uma forma mais objectiva. Na SMR ao Sicko menciono o momento em que ele diz que enviou o cheque para pagar a operação à mulher de um dos seus detractores, aqui não é nada de tão grave, apenas a constante exploração de imagens de pessoas a chorar - algo que me irrita seriamente - e de uns quantos punch-lines que não deveriam ser usados (aquela parte com Jesus Cristo é um disparate!).
Felizmente o filme também tem coisas boas, mas prendem-se mais com as histórias (e com o mérito de ele as descobrir e contar) do que com o documentário em si. Falo da história da família que se viu forçada a sair de casa por causa das dívidas mas que decide voltar e ocupar aquilo que era seu, da (inspiradora!) história dos trabalhadores da fábrica de Chicago e, sobretudo, da coragem da Congressista do Ohio, Marcy Kaptur, que parece ser um das poucas pessoas com o saudável equilíbrio entre juízo e poder.
Estas histórias, entre outras, merecem que vejam este filme. Aprendam, informem-se e, apesar do filme retratar a realidade americana, não se esqueçam que se trata de uma realidade global. Como diziam os Propagandhi, uma banda punk que já ouvi mais, "knowledge is power, arm yourself". Vejam o filme como fonte de informação, mas com alguma moderação.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
(500) Days of Summer
(500) Days of Summer:
Comecei a ver este filme com expectativas muito altas. Diria até que demasiadas, porque fiquei um bocado desiludido. Sabia que era uma comédia romântica diferente, mais indie, menos lamechas e, acima de tudo menos comédia.
This is a story of boy meets girl, but you should know upfront, this is not a love story.
Para quem ache que Verão não dura 500 dias deixo já um spoiler muito fraquinho: Summer não é estação do ano, é nome de rapariga, neste caso a protagonista do filme. Tal como diz aos seus colegas, Summer (Zooey Deschanel) é uma céptica, não acredita no amor. Já Tom (Joseph Gordon-Levitt, o puto do 3º calhau a contar do Sol) é, ao contrário do que é costume no papel masculino neste tipo de filmes, o que se chamaria de hopeless romantic. Como tantos de nós já devemos ter experienciado, deu-se mal.
Durante os tais 500 dias do título seguimos a evolução destes dois personagens, desde o dia 1 - em que se conhecem - ao 500 - em que Tom percebe que (preparem-se, vou usar uma metáfora das boas!) o Verão acaba. Não seguimos a história de uma forma linear, mas ainda assim é perceptível que se passa de uma amizade, para uma "amizade" (porque é que a malta que não quer dar nomes às coisas tem medo de dar nomes às coisas?), para o fim dessa "amizade" e consequente desespero do nosso amigo Tom, que não consegue seguir em frente.
Tudo aqui é contado com algum exagero: os personagens são demasiado estilosos e independentes financeiramente, os programas deles enquanto estão apaixonados os típicos de casal jovem em filme indie, o desespero dele demasiado chorão (mas não posso propriamente criticar, que eu próprio sou um Tom, nestas coisas do amor). Parece-me que para bem da história cortaram um bocado no realismo, o que não deixa este filme ficar mais bem colocado no meu ranking pessoal.
Conclusão: não desgostei do filme, o conceito é giro, a Zooey também e o JGL (não me apetece escrever o nome todo, sou um rebelde) está a revelar-se um bom actor, mas as expectativas altas estragaram algo que, se calhar, seria mais bem aproveitado sem qualquer pré-conceito.
This is a story of boy meets girl, but you should know upfront, this is not a love story.
Para quem ache que Verão não dura 500 dias deixo já um spoiler muito fraquinho: Summer não é estação do ano, é nome de rapariga, neste caso a protagonista do filme. Tal como diz aos seus colegas, Summer (Zooey Deschanel) é uma céptica, não acredita no amor. Já Tom (Joseph Gordon-Levitt, o puto do 3º calhau a contar do Sol) é, ao contrário do que é costume no papel masculino neste tipo de filmes, o que se chamaria de hopeless romantic. Como tantos de nós já devemos ter experienciado, deu-se mal.
Durante os tais 500 dias do título seguimos a evolução destes dois personagens, desde o dia 1 - em que se conhecem - ao 500 - em que Tom percebe que (preparem-se, vou usar uma metáfora das boas!) o Verão acaba. Não seguimos a história de uma forma linear, mas ainda assim é perceptível que se passa de uma amizade, para uma "amizade" (porque é que a malta que não quer dar nomes às coisas tem medo de dar nomes às coisas?), para o fim dessa "amizade" e consequente desespero do nosso amigo Tom, que não consegue seguir em frente.
Tudo aqui é contado com algum exagero: os personagens são demasiado estilosos e independentes financeiramente, os programas deles enquanto estão apaixonados os típicos de casal jovem em filme indie, o desespero dele demasiado chorão (mas não posso propriamente criticar, que eu próprio sou um Tom, nestas coisas do amor). Parece-me que para bem da história cortaram um bocado no realismo, o que não deixa este filme ficar mais bem colocado no meu ranking pessoal.
Conclusão: não desgostei do filme, o conceito é giro, a Zooey também e o JGL (não me apetece escrever o nome todo, sou um rebelde) está a revelar-se um bom actor, mas as expectativas altas estragaram algo que, se calhar, seria mais bem aproveitado sem qualquer pré-conceito.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
King of California + New York, I Love You
King of California:
Ok, eu admito os meus erros...quando comecei a ver este filme pensei que a história fosse sobre este senhor. Afinal não é, e se calhar tinha sido melhor que fosse.
Não que esta história seja péssima, ou que o filme seja mau. O que me pareceu foi que fizeram um filme demasiado longo (e ainda assim pouco desenvolvido) sobre algo que, se calhar, daria uma óptima curta metragem. O Michael Douglas não faz mal o papel de maluquinho que todos os actores gostam de representar, mais cedo ou mais tarde, e a Evan Rachel Wood podia ter feito bastante mais da sua Miranda. Tanto um como outro tentam agarrar um filme que a mim me pareceu precisamente o contrário, demasiado solto.
Assim, fica apenas um filme que foi visto em excelente companhia e que não é mau de todo, mas que também não é bom de todo.
New York, I Love You:
O segundo de uma série de filmes dedicados a cidades (o primeiro foi o Paris, Je T'Aime e diz-se que virá um terceiro dedicado ao Rio de Janeiro), New York, I Love You é uma série de curtas metragens que têm sempre como pano de fundo a capital do mundo, New York.
Vê-se bem que o objectivo do(s) (vários) filme(s) é homenagear a cidade, tamanha é a profusão de caras conhecidas a interpretarem papeis que se justificam na sua curta-metragem específica mas que parecem meio perdidos nas ligações que unem os diferentes planos desta longa. É essa a minha maior crítica: ao longo dos 103 minutos assistimos a 10 curtas metragens diferentes mas que são interligadas por cameos de personagens de umas dentro de outras. O esquema não funciona muito bem porque essas presenças são um bocado forçadas.
Mas se essa é a maior crítica não posso propriamente dizer mal do filme: dentro das 10 curtas há umas melhores que outras (a menos conseguida foi a realizada pela Natalie Portman, a melhor a "Shunji Jiwai", com o Orlando Bloom e a Christina Ricci), o que é normal neste tipo de filmes, mas no geral a avaliação é muito positiva.
Se não conhecem Nova Iorque não vai ser por este filme que lá vão querer ir (é demasiado íntimo e, de certa forma, nada turístico), mas se já conhecem a cidade estou certo que ficarão com vontade de lá voltar e reafirmar o vosso amor.
Não que esta história seja péssima, ou que o filme seja mau. O que me pareceu foi que fizeram um filme demasiado longo (e ainda assim pouco desenvolvido) sobre algo que, se calhar, daria uma óptima curta metragem. O Michael Douglas não faz mal o papel de maluquinho que todos os actores gostam de representar, mais cedo ou mais tarde, e a Evan Rachel Wood podia ter feito bastante mais da sua Miranda. Tanto um como outro tentam agarrar um filme que a mim me pareceu precisamente o contrário, demasiado solto.
Assim, fica apenas um filme que foi visto em excelente companhia e que não é mau de todo, mas que também não é bom de todo.
New York, I Love You:
O segundo de uma série de filmes dedicados a cidades (o primeiro foi o Paris, Je T'Aime e diz-se que virá um terceiro dedicado ao Rio de Janeiro), New York, I Love You é uma série de curtas metragens que têm sempre como pano de fundo a capital do mundo, New York.
Vê-se bem que o objectivo do(s) (vários) filme(s) é homenagear a cidade, tamanha é a profusão de caras conhecidas a interpretarem papeis que se justificam na sua curta-metragem específica mas que parecem meio perdidos nas ligações que unem os diferentes planos desta longa. É essa a minha maior crítica: ao longo dos 103 minutos assistimos a 10 curtas metragens diferentes mas que são interligadas por cameos de personagens de umas dentro de outras. O esquema não funciona muito bem porque essas presenças são um bocado forçadas.
Mas se essa é a maior crítica não posso propriamente dizer mal do filme: dentro das 10 curtas há umas melhores que outras (a menos conseguida foi a realizada pela Natalie Portman, a melhor a "Shunji Jiwai", com o Orlando Bloom e a Christina Ricci), o que é normal neste tipo de filmes, mas no geral a avaliação é muito positiva.
Se não conhecem Nova Iorque não vai ser por este filme que lá vão querer ir (é demasiado íntimo e, de certa forma, nada turístico), mas se já conhecem a cidade estou certo que ficarão com vontade de lá voltar e reafirmar o vosso amor.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Moon
Moon:
Quando pensavam que não podia ir "mais baixo" que um filme com apenas dois actores, heis que - logo a seguir - vos apresento um filme só com um! Ou, mais precisamente, com um e a voz de outro.
O único actor deste filme é o Sam Rockwell e desde já lhe dou os meus parabéns...
Sammy, how are you? I'm fine too, thanks for asking. Congratulations on this great performance.
... agora que já dei os parabéns posso dizer porquê. Não é só porque, coitadinho, deve ser difícil levar um filme às costas. Os parabéns são porque ele o leva às costas muito bem. A história já de si é interessante, e está bem explorada neste primeiro filme do Duncan Jones (filho do David Bowie, para quem não saiba), mas sem dúvida que muita da qualidade do filme passa por ele, que *spoiler importantíssimo* passa por várias personalidades com apenas um ou outro traço diferenciador, essencial para o que se quer mostrar *fim de spoiler importantíssimo*.
A premissa do filme é deprimente - um gajo sozinho na lua durante três anos (eu passava-me!) - e o seu desenvolvimento ainda o consegue ser mais, por isso não o aconselho a quem se ande a sentir em baixo ou desanimado com a vida, nesses casos será mais recomendável optar por algo mais leve. Mas se estiverem de bem com a vida ou forem tão estranhos como eu (que gosto de ver coisas deprimentes) toca a levantar o rabinho da cadeira (ou da cama, que agora com os portáteis o pessoal gosta é de ler deitado) e ver esta excelente derivação (mais em tom que em conteúdo) do 2001, Odisseia no Espaço.
E para os que leram até ao fim (tão lindos que vocês são!), a voz pertence ao Kevin Spacey, que faz de GERTY, o robot.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
EFF parte II: Antichrist
Antichrist:
(este não é o poster original do filme, mas é tão mais giro que esse que não podia deixar de o colocar aqui)
É difícil fazer uma review a este filme. Não porque tenha um grande twist final que possa ser destruído com algum spoiler mas sobretudo porque este é um daqueles filmes que ou se ama ou se odeia. Não é possível ter-se uma posição intermédia, neutra, sobre ele e como tal fica complicado recomendar o filme a alguém que eventualmente o odiará ou não o recomendar a alguém que o amaria.
Tirando a parte polémica logo do caminho: o filme é brutalmente violento. Está ao nível daquele que é o meu exemplo típico de violência num filme deste tipo (i.e., que não pode ser metido no mesmo saco que Saw's e afins), o Irréversible. De certa forma este filme consegue ser ainda mais violento, nem que seja pela razão pela qual a violência é despoletada. Por vezes chega até a ser violento demais...eu a dada altura senti que a violência é uma distracção demasiado grande num filme que até ali estava (muito bem) construído de uma forma tensa e introvertida.
Segunda conclusão: este filme é bastante assustador. E porquê? Não é o tipo de filme que nos enerve o tempo todo com efeitos sonoros, ou com jogos de espelhos. Não, este filme é assustador porque a loucura é assustadora, e porque a loucura pode chegar até qualquer um de nós. (Nem quero imaginar o que se sente ao se perder um filho...)
Mas este filme é, sobretudo, um filme de reflexão...sobre o que significaria viver uma situação como aquelas? em que é que os estudos dela contribuiram para a sua degeneração? porque é que a floresta chora? quem são todas aquelas mulheres anónimas na cena final? São muitas as perguntas que ficam no ar, e muito poucas as que serão respondidas na sala de cinema...este é um daqueles filmes de levar para casa e pensar sobre ele. Quando terminou, aliás, pensei que teria de me decidir se tinha adorado ou detestado, tal como me tinha acontecido com o Dogville, também do Lars von Trier. O Dogville passou a ser o meu filme favorito, este nem tanto, mas sem dúvida que estará numa posição de destaque entre os muitos que já vi este ano.
Conclusão: eu gostei imenso do filme, acho que tem muito mais para além da violência extrema que lhe tem trazido a fama, mas é bastante provavel que alguns (muitos? todos?) de vocês não venham a gostar, seja porque não "aguentam" a violência (várias pessoas sairam da sala) ou porque não têm paciência para este tipo de filmes, ditos intelectuais.
Mas independentemente de se gostar ou não, há duas coisas que - a meu ver - são praticamente unânimes: a excelente interpretação do Willem Dafoe e da Charlotte Gainsbourg (basicamente os dois únicos actores no filme) e a ainda mais excelente cinematografia, sobretudo no prólogo do filme e nas sequências de sonho/pesadelo.
Tirando a parte polémica logo do caminho: o filme é brutalmente violento. Está ao nível daquele que é o meu exemplo típico de violência num filme deste tipo (i.e., que não pode ser metido no mesmo saco que Saw's e afins), o Irréversible. De certa forma este filme consegue ser ainda mais violento, nem que seja pela razão pela qual a violência é despoletada. Por vezes chega até a ser violento demais...eu a dada altura senti que a violência é uma distracção demasiado grande num filme que até ali estava (muito bem) construído de uma forma tensa e introvertida.
Segunda conclusão: este filme é bastante assustador. E porquê? Não é o tipo de filme que nos enerve o tempo todo com efeitos sonoros, ou com jogos de espelhos. Não, este filme é assustador porque a loucura é assustadora, e porque a loucura pode chegar até qualquer um de nós. (Nem quero imaginar o que se sente ao se perder um filho...)
Mas este filme é, sobretudo, um filme de reflexão...sobre o que significaria viver uma situação como aquelas? em que é que os estudos dela contribuiram para a sua degeneração? porque é que a floresta chora? quem são todas aquelas mulheres anónimas na cena final? São muitas as perguntas que ficam no ar, e muito poucas as que serão respondidas na sala de cinema...este é um daqueles filmes de levar para casa e pensar sobre ele. Quando terminou, aliás, pensei que teria de me decidir se tinha adorado ou detestado, tal como me tinha acontecido com o Dogville, também do Lars von Trier. O Dogville passou a ser o meu filme favorito, este nem tanto, mas sem dúvida que estará numa posição de destaque entre os muitos que já vi este ano.
Conclusão: eu gostei imenso do filme, acho que tem muito mais para além da violência extrema que lhe tem trazido a fama, mas é bastante provavel que alguns (muitos? todos?) de vocês não venham a gostar, seja porque não "aguentam" a violência (várias pessoas sairam da sala) ou porque não têm paciência para este tipo de filmes, ditos intelectuais.
Mas independentemente de se gostar ou não, há duas coisas que - a meu ver - são praticamente unânimes: a excelente interpretação do Willem Dafoe e da Charlotte Gainsbourg (basicamente os dois únicos actores no filme) e a ainda mais excelente cinematografia, sobretudo no prólogo do filme e nas sequências de sonho/pesadelo.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
EFF parte I: The Girlfriend Experience
The Girlfriend Experience:
Tal como no último post, tenho de começar com uma crítica aos gajos que dão os títulos portugueses aos filmes. (alguém sabe quem é que faz isso?) Que coisa é esta de chamar ao The Girlfriend Experience "Confissões de uma Namorada de Serviço"??? Está bem que a protagonista, Sasha Grey, é uma estrela porno, mas com um título destes devem querer que o filme passe no Cinebolso, não nos cinemas "normais".
Sim, eu disse bem, a protagonista deste filme tem na sua filmografia títulos como Sasha Grey Superslut ou o genial Sasha Grey's Anatomy (genial!!!) e este é o seu primeiro filme "sério". Nele interpreta o papel de Chelsea, uma acompanhante de luxo que fornece aos clientes a chamada girlfriend experience, que no fundo é uma relação mais pessoal com a acompanhante, para além do sexo há conversa, beijos, etc. (leiam mais no link aqui de cima, se estiverem interessados)
Ao longo do filme vamos acompanhando a sua vida, ao estilo de documentário. Desde a sua relação com o namorado (sim, ela tem um namorado), às relações com os clientes e com os críticos (sim, pelos vistos há críticos de escort girls), passando pelos altos e baixos da sua vida profissional.
Para um filme que é em grande parte rodado à sua volta a rapariga (que esteve lá no Estoril Film Festival) até se safou bem. A escolha por uma actriz desconhecida (pelo menos para mim, que não tenho por hábito ver porn) é bastante acertada...se fosse uma cara conhecida seria pouco credível ver este "documentário", assim sentimo-nos mesmo como se estivessemos a acompanhar o dia a dia de uma pessoa real.
Este estilo, aliado à grande qualidade da cinematografia do filme (até o poster é giro!), fazem com que a experiência seja bastante boa. Gostei bastante do que vi, e apesar de ter ouvido gente na fila atrás a dizer que não gostaram, tenho de o recomendar.
Ao longo do filme vamos acompanhando a sua vida, ao estilo de documentário. Desde a sua relação com o namorado (sim, ela tem um namorado), às relações com os clientes e com os críticos (sim, pelos vistos há críticos de escort girls), passando pelos altos e baixos da sua vida profissional.
Para um filme que é em grande parte rodado à sua volta a rapariga (que esteve lá no Estoril Film Festival) até se safou bem. A escolha por uma actriz desconhecida (pelo menos para mim, que não tenho por hábito ver porn) é bastante acertada...se fosse uma cara conhecida seria pouco credível ver este "documentário", assim sentimo-nos mesmo como se estivessemos a acompanhar o dia a dia de uma pessoa real.
Este estilo, aliado à grande qualidade da cinematografia do filme (até o poster é giro!), fazem com que a experiência seja bastante boa. Gostei bastante do que vi, e apesar de ter ouvido gente na fila atrás a dizer que não gostaram, tenho de o recomendar.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
The Ugly Truth + The Goods, Live Hard, Sell Hard + Nick and Norah's Infinite Playlist
Olá amiguinhos, desta vez trago-vos uma dose tripla de filmes (e o post com o maior nome de sempre!). Mas não se preocupem, os filmes são tão maus que no conjunto valem mais ou menos o mesmo que um de jeito. Vamos a isso? Vamos embora!
The Ugly Truth:
O primeiro dos três é o The Ugly Truth, que me cativou por uma coisa muito simples: o poster que aqui vêm. Acho que é uma boa representação das (verdadeiras) diferenças de raciocínio entre homens e mulheres no que toca a encontrar o amor.
Acho que é uma representação verdadeira mas muito exagerada: não penso, de todo, como o Mike Chadway (protagonista do filme), acho que nós homens não somos assim tão básicos, mas que há diferenças isso há. São realisticamente apresentadas? São sequer bem apresentadas? Nem por isso, o tema podia ser apresentado de uma forma totalmente diferente e não seria difícil fazer melhor.
Aqui o que temos é uma repetição de muitos e muitos clichés cinemáticos (obrigado pela dica do link, André): casal que primeiro se odeia, são obrigados a trabalhar juntos, ficam de beicinho um pelo outro, zangam-se e no fim fica tudo bem. Nada de novo e nada de especial, mas há uma coisa positiva a referir: nestes filmes a química entre os protagonistas é importante e neste caso o Gerard Butler (sim, o gajo do 300) e a Katherine Heigl (de quem não consigo gostar nem um bocadinho) estiveram bem.
Acho que é uma representação verdadeira mas muito exagerada: não penso, de todo, como o Mike Chadway (protagonista do filme), acho que nós homens não somos assim tão básicos, mas que há diferenças isso há. São realisticamente apresentadas? São sequer bem apresentadas? Nem por isso, o tema podia ser apresentado de uma forma totalmente diferente e não seria difícil fazer melhor.
Aqui o que temos é uma repetição de muitos e muitos clichés cinemáticos (obrigado pela dica do link, André): casal que primeiro se odeia, são obrigados a trabalhar juntos, ficam de beicinho um pelo outro, zangam-se e no fim fica tudo bem. Nada de novo e nada de especial, mas há uma coisa positiva a referir: nestes filmes a química entre os protagonistas é importante e neste caso o Gerard Butler (sim, o gajo do 300) e a Katherine Heigl (de quem não consigo gostar nem um bocadinho) estiveram bem.
The Goods, Live Hard, Sell Hard:
Os produtores deste filme pensaram apenas e só numa coisa: vamos aproveitar o Ari Gold para fazer dinheiro sem o Ari Gold.
Eu explico: o Ari Gold é um personagem do Entourage, interpretado pelo Jeremy Piven, que neste filme faz de Don Ready, o melhor "mercenário de vendas de carros" (estou a citar um dos personagens do filme). Todas as demais comparações entre este (péssimo) filme e essa (excelente) série, ou mesmo entre os dois personagens do mesmo actor, são impossíveis de fazer: o Ari Gold é um agente do caraças e, para mim, o personagem mais brutal que vi nos últimos tempos, o Don Ready é um disparate; o Entourage é uma série bem interessante sobre o dia a dia de uma estrela de Hollywood e sobre a amizade masculina, este filme é ... um disparate.
Em que raio estariam a pensar? A história não faz sentido, as piadas não têm piada, a ligação amorosa (tem sempre de haver uma ligação amorosa!) não tem o mínimo de chama. É que até o raio do título é mau! Acho que uma boa avaliação do filme é o seguinte: para aí ao fim de 10 minutos disse "Este filme deveria ter o Will Ferrell", e ao fim de mais outros 10 minutos quem é que aparece? O Will Ferrell, claro, e ainda por cima na personagem errado (deveria ter feito de Peter). Por isso é simples: se gostam do Will Ferrell são capazes de gostar disto (o meu amigo achou "razoável"), se - como eu - acham que ele só faz filmes disparatados, é bem provável que saiam do cinema (ou desliguem a TV/Portátil) a pensar "fui mais um que caiu que nem um patinho, à espera de rever o Ari Gold".
Eu explico: o Ari Gold é um personagem do Entourage, interpretado pelo Jeremy Piven, que neste filme faz de Don Ready, o melhor "mercenário de vendas de carros" (estou a citar um dos personagens do filme). Todas as demais comparações entre este (péssimo) filme e essa (excelente) série, ou mesmo entre os dois personagens do mesmo actor, são impossíveis de fazer: o Ari Gold é um agente do caraças e, para mim, o personagem mais brutal que vi nos últimos tempos, o Don Ready é um disparate; o Entourage é uma série bem interessante sobre o dia a dia de uma estrela de Hollywood e sobre a amizade masculina, este filme é ... um disparate.
Em que raio estariam a pensar? A história não faz sentido, as piadas não têm piada, a ligação amorosa (tem sempre de haver uma ligação amorosa!) não tem o mínimo de chama. É que até o raio do título é mau! Acho que uma boa avaliação do filme é o seguinte: para aí ao fim de 10 minutos disse "Este filme deveria ter o Will Ferrell", e ao fim de mais outros 10 minutos quem é que aparece? O Will Ferrell, claro, e ainda por cima na personagem errado (deveria ter feito de Peter). Por isso é simples: se gostam do Will Ferrell são capazes de gostar disto (o meu amigo achou "razoável"), se - como eu - acham que ele só faz filmes disparatados, é bem provável que saiam do cinema (ou desliguem a TV/Portátil) a pensar "fui mais um que caiu que nem um patinho, à espera de rever o Ari Gold".
Nick and Norah's Infinite Playlist:
Antes de mais uma crítica (acesa!) às pessoas que traduzem os títulos dos filmes para português: porque é que este título original passa para "Amigos para Sempre"???? É que nem sequer tem a ver com a história do filme! Será que a viram???
Pronto, agora que já me passou a revolta, vamos à SMR. Terceiro nesta minha série de três filmes, este Nick and Norah é - apesar de tudo - o melhor dos três. Digo apesar de tudo porque mesmo sendo o melhor não é bom. Apesar de ser simpático e ter uma excelente banda sonora, há muita coisa muito fraquinha, desde o sub-plot da amiga bêbeda, até aos amigos gay que não passam nem sei bem de quê. E, para que conste, Where's Fluffy? é um péssimo nome para um banda!
Outra coisa que me irritou é bem mais pessoal. Na primeira conversa mais profunda entre o Nick e a Norah do título somos informados que tanto um como outra são straight edge. Ora, eu sou straight edge (quem não sabe o que é veja o link que eu, tão simpaticamente, disponibilizei assim que me referi a este estilo de vida) e custou-me vê-los apoderarem-se de algo que representa tão mais que não beber álcool. Não vou estar aqui a explicar o que é (para isso é que deixei o link) mas, basicamente, não és straight edge sem que estejas ou tenhas estado minimamente ligado ao movimento e à música hardcore, e estes dois personagens estão longe de estar ligados a tal estilo musical.
E é isso, até ao meu regresso, que deve ser em breve porque esta semana vou estar no Estoril Film Festival pelo menos duas vezes. Quem me reconhecer por lá (sim, que agora já tenho 1000 leitores) peça-me um autógrafo. Os outros leitores podiam ir deixando comentários: é bom saber o que é que gostam e não gostam aqui no estaminé. Obrigados.
Pronto, agora que já me passou a revolta, vamos à SMR. Terceiro nesta minha série de três filmes, este Nick and Norah é - apesar de tudo - o melhor dos três. Digo apesar de tudo porque mesmo sendo o melhor não é bom. Apesar de ser simpático e ter uma excelente banda sonora, há muita coisa muito fraquinha, desde o sub-plot da amiga bêbeda, até aos amigos gay que não passam nem sei bem de quê. E, para que conste, Where's Fluffy? é um péssimo nome para um banda!
Outra coisa que me irritou é bem mais pessoal. Na primeira conversa mais profunda entre o Nick e a Norah do título somos informados que tanto um como outra são straight edge. Ora, eu sou straight edge (quem não sabe o que é veja o link que eu, tão simpaticamente, disponibilizei assim que me referi a este estilo de vida) e custou-me vê-los apoderarem-se de algo que representa tão mais que não beber álcool. Não vou estar aqui a explicar o que é (para isso é que deixei o link) mas, basicamente, não és straight edge sem que estejas ou tenhas estado minimamente ligado ao movimento e à música hardcore, e estes dois personagens estão longe de estar ligados a tal estilo musical.
E é isso, até ao meu regresso, que deve ser em breve porque esta semana vou estar no Estoril Film Festival pelo menos duas vezes. Quem me reconhecer por lá (sim, que agora já tenho 1000 leitores) peça-me um autógrafo. Os outros leitores podiam ir deixando comentários: é bom saber o que é que gostam e não gostam aqui no estaminé. Obrigados.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
1000
Hoje, 307 dias depois da inauguração do estaminé, chegámos aos 1000 leitores. Agradeço a todos esta marca importante e espero que continuem até aos 10000.
Today, on the 307th day of this place, we reached 1000 readers. I thank you all for this important goal and I hope we'll keep on going until the 10000th visitor.
Today, on the 307th day of this place, we reached 1000 readers. I thank you all for this important goal and I hope we'll keep on going until the 10000th visitor.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Spread + Pineapple Express
Spread:
Pineapple Express:
Este é um filme muito pouco divulgado, que tem como protagonista o Asthon Kutcher a fazer o que muitos dizem que é o que faz na vida real: um gajo novo que se orienta fornecendo "favores sexuais" a senhoras mais velhas.
Claro que, sendo este um filme de Hollywood, a história tinha de ter um desenvolvimento qualquer, não podia ser só glamour e cenas de sexo (bastante explicito! Fiquei surpreendido, não tanto pelo Ashton mas mais pela Anne Heche, que aparece muito nua em muitas cenas). O rapazito lá troca a vida que tinha por amor e as coisas mudam bastante. Não digo é como acabam, porque o fim é uma das coisas boas do filme.
De resto não tem muito mais que dizer. É um filme verdadeiramente pop, razoavelmente previsível e com interpretações também elas razoáveis. Não foi muito promovido e também não será muito recordado, a menos que o apanhem a dar na TVI numa qualquer noite de Verão não vale muito o esforço que façam para o ir ver.
Pineapple Express:
Já esta comédia, mais uma da dupla Judd Apatow/Seth Rogen, teve um enorme sucesso lá fora (EUA e Inglaterra, pelo menos) e cá nem sequer saiu no cinema, foi logo para DVD.
Honestamente não percebo. Como é que se consegue promover filmes que são verdadeiros atentados à inteligência (o último desta tripla) e depois se deixa de fora este filme que - há que admitir - também é um atentado à inteligência, mas que o é propositadamente.
Não vou estar a resumir a história porque não faz grande sentido. Apenas vos digo, se gostam de filmes em que gajos parvos se ganzam e ficam ainda mais parvos vejam, se gostam de filmes em que muita gente vai contra muitas paredes vejam, se gostam de filmes em que gajos vão a conduzir com um pé de fora...do pára-brisas vejam. (Não deve haver assim tantos filmes que caiam nesta categoria, por isso vejam na mesma.) Não vão aprender uma lição sobre a vida, nem sequer sobre a arte de bem representar ou realizar, mas de certeza que vão sentir inveja dos actores, que passam o filme sempre com um ar de quem se está a divertir como o caraças. E isso, já eu digo há muito tempo (o segundo desta mesma tripla), é a melhor maneira de se fazer uma boa comédia.
Honestamente não percebo. Como é que se consegue promover filmes que são verdadeiros atentados à inteligência (o último desta tripla) e depois se deixa de fora este filme que - há que admitir - também é um atentado à inteligência, mas que o é propositadamente.
Devem presumir que a história não é sobre um ananás a jacto, o Pineapple Express é um tipo de marijuana raríssima que os dois protagonistas fumam e que está na base de uma série de aventuras que têm tanto de disparatado como de divertido. Era simples este filme ser um desastre, mas felizmente foi feito com cuidado suficiente para nos pôr a rir que nem uns desgraçados.
Não vou estar a resumir a história porque não faz grande sentido. Apenas vos digo, se gostam de filmes em que gajos parvos se ganzam e ficam ainda mais parvos vejam, se gostam de filmes em que muita gente vai contra muitas paredes vejam, se gostam de filmes em que gajos vão a conduzir com um pé de fora...do pára-brisas vejam. (Não deve haver assim tantos filmes que caiam nesta categoria, por isso vejam na mesma.) Não vão aprender uma lição sobre a vida, nem sequer sobre a arte de bem representar ou realizar, mas de certeza que vão sentir inveja dos actores, que passam o filme sempre com um ar de quem se está a divertir como o caraças. E isso, já eu digo há muito tempo (o segundo desta mesma tripla), é a melhor maneira de se fazer uma boa comédia.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
The Informant!
The Informant!:
Sim, com ponto de exclamação e tudo. The Informant!, que em Portugal teve direito à tradução "O delator!", também com ponto de exclamação, é um filme que se promove como sendo especial mas que a meu ver não é nada de especial.
Uma de duas obras que o Soderbergh lançou em poucos meses (a outra é a The Girlfriend Experience, que deve ser bem melhor mas que neste cantinho à beira-mar plantado só vai sair em DVD), este é um filme que conta uma história tão estranha que não parece real. Fez-me muito lembrar o Burn After Reading, que esse sim é ficção e que é muito, mas muito mais engraçado.
Mark Whitacre é o protagonista desta história: é vitima de uma burla, decide fazer "queixinhas" (para citar o poster) sobre uma política empresarial duvidosa e ao mesmo tempo que se acha o agente 014, por ser "duas vezes mais esperto que o 007", afirma ter sido maltratado pelo FBI, entidade para a qual está a fazer trabalho duplo. Mas, na verdade o que Mark Whitacre é é um mentiroso. Porquê? Não vos vou dizer, senão não vale a pena verem o filme.
Não sei se fui eu que percebi mal ou não, mas vi o trailer e o marketing do filme a promovê-lo como uma comédia. Se percebi mal fui parvo, porque me enganei e porque me estraguei o filme. Se não percebi mal (e acho que não) foram eles que foram parvos, porque o filme não consegue ter piada nenhuma. É verdade que tem situações tão absurdas que, bem filmadas, seriam capazes de me arrancar um sorriso ou dois, mas nada...não consegui ter qualquer reacção durante todo o filme. A dada altura dei por mim a pensar se não seria mais correcto ter abordado esta história como um thriller a sério, com um twist no final...talvez assim ficasse melhor.
Assim só posso citar um puto que estava na fila atrás de mim e que quando o filme acabou disse para a mãe "Pensava que o filme era uma comédia para rir". Não é, e nem sequer consegue ser um filme marcante. Nem a interpretação do Matt Damon - que tem sido muito elogiada - me pareceu digna de nota: está bem que aparece careca e que ganhou uns quantos kg. So what? Para mim, a melhor interpretação dele continua a ser esta.
Uma de duas obras que o Soderbergh lançou em poucos meses (a outra é a The Girlfriend Experience, que deve ser bem melhor mas que neste cantinho à beira-mar plantado só vai sair em DVD), este é um filme que conta uma história tão estranha que não parece real. Fez-me muito lembrar o Burn After Reading, que esse sim é ficção e que é muito, mas muito mais engraçado.
Mark Whitacre é o protagonista desta história: é vitima de uma burla, decide fazer "queixinhas" (para citar o poster) sobre uma política empresarial duvidosa e ao mesmo tempo que se acha o agente 014, por ser "duas vezes mais esperto que o 007", afirma ter sido maltratado pelo FBI, entidade para a qual está a fazer trabalho duplo. Mas, na verdade o que Mark Whitacre é é um mentiroso. Porquê? Não vos vou dizer, senão não vale a pena verem o filme.
Não sei se fui eu que percebi mal ou não, mas vi o trailer e o marketing do filme a promovê-lo como uma comédia. Se percebi mal fui parvo, porque me enganei e porque me estraguei o filme. Se não percebi mal (e acho que não) foram eles que foram parvos, porque o filme não consegue ter piada nenhuma. É verdade que tem situações tão absurdas que, bem filmadas, seriam capazes de me arrancar um sorriso ou dois, mas nada...não consegui ter qualquer reacção durante todo o filme. A dada altura dei por mim a pensar se não seria mais correcto ter abordado esta história como um thriller a sério, com um twist no final...talvez assim ficasse melhor.
Assim só posso citar um puto que estava na fila atrás de mim e que quando o filme acabou disse para a mãe "Pensava que o filme era uma comédia para rir". Não é, e nem sequer consegue ser um filme marcante. Nem a interpretação do Matt Damon - que tem sido muito elogiada - me pareceu digna de nota: está bem que aparece careca e que ganhou uns quantos kg. So what? Para mim, a melhor interpretação dele continua a ser esta.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Il Divo + The Soloist
Il Divo:
The Soloist:
Já tinha ouvido falar bem deste filme durante o Indie Lisboa, onde alguns dos meus colegas o viram e onde - segundo me lembro - ficou em segundo lugar no prémio do público, por isso fiquei contente quando vi que o iam exibir fora do festival.
Assim que comecei a ver percebi o porquê de estar no Indie. Supostamente este é um biopic do antigo Primeiro-Ministro italiano Giulio Andreotti mas na verdade está longe de o ser, sendo-o. Eu explico, não só não é um biopic convencional como não tem muito a ver com o que normalmente se imagina num filme italiano. Pelo menos eu associo sempre o cinema italiano a um grande realismo e a temáticas mais tristes. Claro que há excepções, não entrem já em ebulição, mas se tivesse de escolher um pré-conceito seria esse.
Já Il Divo é mais próximo do preconceito que se tem dos italianos, é "loud" (em mais sentidos que apenas barulhento, ousado e - aqui apenas a política - tem muita corrupção. E o filme funciona bem por isso, se a história fosse contada de forma normal provavelmente seria na onda dos Homens do Presidente, muita conversa de corredor e algumas cenas de tribunal, aqui optou-se por receber influências do Padrinho, dando preferência às maquinações dos bastidores que, ao que parece, serviram para perpetuar o senhor no poder.
E o "senhor" merece destaque, o actor que o representa - Toni Servillo - faz um papelão! De resto o filme é bastante interessante, mas tem o problema de ser demasiado longo. No início estava a seguir tudo super atentamente, lá para o fim lá tive de olhar para o relógio, e isso em mim é mau sinal.
Assim que comecei a ver percebi o porquê de estar no Indie. Supostamente este é um biopic do antigo Primeiro-Ministro italiano Giulio Andreotti mas na verdade está longe de o ser, sendo-o. Eu explico, não só não é um biopic convencional como não tem muito a ver com o que normalmente se imagina num filme italiano. Pelo menos eu associo sempre o cinema italiano a um grande realismo e a temáticas mais tristes. Claro que há excepções, não entrem já em ebulição, mas se tivesse de escolher um pré-conceito seria esse.
Já Il Divo é mais próximo do preconceito que se tem dos italianos, é "loud" (em mais sentidos que apenas barulhento, ousado e - aqui apenas a política - tem muita corrupção. E o filme funciona bem por isso, se a história fosse contada de forma normal provavelmente seria na onda dos Homens do Presidente, muita conversa de corredor e algumas cenas de tribunal, aqui optou-se por receber influências do Padrinho, dando preferência às maquinações dos bastidores que, ao que parece, serviram para perpetuar o senhor no poder.
E o "senhor" merece destaque, o actor que o representa - Toni Servillo - faz um papelão! De resto o filme é bastante interessante, mas tem o problema de ser demasiado longo. No início estava a seguir tudo super atentamente, lá para o fim lá tive de olhar para o relógio, e isso em mim é mau sinal.
The Soloist:
De um biopic sui generis, passamos para um que é totalmente by the book. (Tanta expressão em estrangeiro! Sou mesmo fino...)
The Soloist conta a história de Nathaniel Ayers, um sem abrigo de Los Angeles que seria igual a tantos outros não fosse um pormenor que o torna especial, o seu dom para a música.
Antes de ser vítima da sua própria esquizofrenia, Nathaniel era um violoncelista com muito potencial, tendo mesmo chegado a estudar na conceituada escola Juilliard, que ao que sei é a melhor academia musical dos EUA e, provavelmente, do mundo.
Foi esse dom que o jornalista que o mostrou ao mundo, Steve Lopez, descobriu quando um dia, enquanto descansava numa praça da cidade e o ouviu tocar um velho violino com apenas duas cordas. O resto da história segue todos os cânones deste tipo de filmes: depois do encontro inicial, Lopez interessa-se por Nathaniel e começa a escrever histórias sobre ele no jornal em que trabalha. Desse interesse profissional surge uma amizade entre os dois, essa amizade a dada altura é posta à prova, há uma desilusão mas tudo se resolve antes do fim.
Foi por isso que não fiquei lá muito fã deste filme. Não é mau, e até tem momentos bastante bons, sobretudo pela actuação do Jamie Foxx, mas apesar da história ser curiosa não passa disso. Eu normalmente gosto muito de biografias, vejo-as como uma forma de viver coisas que na realidade não vivi, mas neste caso não consegui ter esta sensação, senti-me sempre um espectador de um filme, e nada mais.
The Soloist conta a história de Nathaniel Ayers, um sem abrigo de Los Angeles que seria igual a tantos outros não fosse um pormenor que o torna especial, o seu dom para a música.
Antes de ser vítima da sua própria esquizofrenia, Nathaniel era um violoncelista com muito potencial, tendo mesmo chegado a estudar na conceituada escola Juilliard, que ao que sei é a melhor academia musical dos EUA e, provavelmente, do mundo.
Foi esse dom que o jornalista que o mostrou ao mundo, Steve Lopez, descobriu quando um dia, enquanto descansava numa praça da cidade e o ouviu tocar um velho violino com apenas duas cordas. O resto da história segue todos os cânones deste tipo de filmes: depois do encontro inicial, Lopez interessa-se por Nathaniel e começa a escrever histórias sobre ele no jornal em que trabalha. Desse interesse profissional surge uma amizade entre os dois, essa amizade a dada altura é posta à prova, há uma desilusão mas tudo se resolve antes do fim.
Foi por isso que não fiquei lá muito fã deste filme. Não é mau, e até tem momentos bastante bons, sobretudo pela actuação do Jamie Foxx, mas apesar da história ser curiosa não passa disso. Eu normalmente gosto muito de biografias, vejo-as como uma forma de viver coisas que na realidade não vivi, mas neste caso não consegui ter esta sensação, senti-me sempre um espectador de um filme, e nada mais.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Rachel Getting Married + Orphan
Rachel Getting Married:
Orphan:
Devo desde já admitir a minha ignorância, este filme é tão centrado à volta da Anne Hathaway que pensei que a Rachel era ela. Não é, ficam já avisados.
O outro spoiler já conhecia, o casamento da dita cuja não passa da conclusão de um filme que tem mais que ver com o que se passa antes. As relações familiares que se reiniciam quando Kym (esta sim, a Anne) volta a casa para, adivinharam, o casamento da Rachel, sua irmã.
A Kym é daquele tipo de raparigas pelas quais sinto sempre uma enorme empatia (para não dizer atracção): franzina, com ar frágil mas que na verdade é bastante forte (nas suas convicções, não estou a falar fisicamente, antes que pensem que tenho um fraquinho por bodybuilders checoslovacas) e que outra pessoa se calhar pensaria "this girl's trouble". A Kym é mesmo assim...uma AA que chega a casa e provoca o caos na sua família, e eu ali "de beicinho" por ela.
Agora, o que vocês provavelmente pensam é que o caos é culpa dela, não é? Pois, não é mesmo, como é que adivinharam? É de facto a chegada dela que causa confusão, mas no meio daquilo tudo ela é mais vítima de uma série de azares e de uma crise de ciumeira que de qualquer outra coisa.
"E que tal agora dizeres o que achaste do filme?" Está bem! Gostei muitíssimo. É um filme muito intimista, até pela forma como é filmado, e durante quase toda a sua duração senti que era mais um hóspede na casa daquela família que não é disfuncional mas que precisava seriamente de terapia. Penso que o Jonathan Demme fez todas as escolhas certas, desde o ritmo da história, passando pela cena do casamento (em que quase não há diálogo mas onde quase tudo o que importa é dito) e finalizando no casting. Quase todos vão muito bem, sobretudo o Tunde Adebimpe, que não é actor mas faz um papel muito simpático.
E não, não me esqueci de elogiar a Anne Hathaway. Ela, neste filme, está simplesmente fabulosa!
O outro spoiler já conhecia, o casamento da dita cuja não passa da conclusão de um filme que tem mais que ver com o que se passa antes. As relações familiares que se reiniciam quando Kym (esta sim, a Anne) volta a casa para, adivinharam, o casamento da Rachel, sua irmã.
A Kym é daquele tipo de raparigas pelas quais sinto sempre uma enorme empatia (para não dizer atracção): franzina, com ar frágil mas que na verdade é bastante forte (nas suas convicções, não estou a falar fisicamente, antes que pensem que tenho um fraquinho por bodybuilders checoslovacas) e que outra pessoa se calhar pensaria "this girl's trouble". A Kym é mesmo assim...uma AA que chega a casa e provoca o caos na sua família, e eu ali "de beicinho" por ela.
Agora, o que vocês provavelmente pensam é que o caos é culpa dela, não é? Pois, não é mesmo, como é que adivinharam? É de facto a chegada dela que causa confusão, mas no meio daquilo tudo ela é mais vítima de uma série de azares e de uma crise de ciumeira que de qualquer outra coisa.
"E que tal agora dizeres o que achaste do filme?" Está bem! Gostei muitíssimo. É um filme muito intimista, até pela forma como é filmado, e durante quase toda a sua duração senti que era mais um hóspede na casa daquela família que não é disfuncional mas que precisava seriamente de terapia. Penso que o Jonathan Demme fez todas as escolhas certas, desde o ritmo da história, passando pela cena do casamento (em que quase não há diálogo mas onde quase tudo o que importa é dito) e finalizando no casting. Quase todos vão muito bem, sobretudo o Tunde Adebimpe, que não é actor mas faz um papel muito simpático.
E não, não me esqueci de elogiar a Anne Hathaway. Ela, neste filme, está simplesmente fabulosa!
Orphan:
E agora o Orphan, um filme de terror mau, que se baseia numa twist final que muita gente acha bom mas eu acho mau e com uma sucessão de sustos maus.
Na verdade quase que me sinto tentado a dizer que este não é um filme de terror, já que a única forma que arranjaram de nos (tentar) assustar foi através de um jogo de espelho repetido até à exaustão e dos súbitos aumentos de volume da banda sonora a que muitos filmes de terror maus recorrem quando não conseguem arranjar nada melhor.
E é tudo tão óbvio!! Tirando o famoso twist (que de facto não previa nem por nada, por ser tão rocambolesco) tudo é tão óbvio!!! Eu normalmente não gosto de filmes de terror porque me sinto tenso grande parte do tempo e para sentir-me tenso não é a minha ideia de diversão, mas dei por mim relaxadíssimo neste filme, por conseguir prever todos (literalmente todos!) os sustos a tempo e horas.
Mas felizmente há uma coisa boa neste filme. Não o salva mas ainda assim merece referência. O excelente desempenho por parte de duas das actrizes mais novas: Isabelle Fuhrman e, especialmente, Aryana Engineer. A primeira é a protagonista do filme e por momentos consegue convencer-nos que é mesmo aquela criança sádica mas que parece um anjinho. A segunda é a irmã mais nova da protagonista e é a personagem mais doce que me lembro de ver para aí desde o Tótó, do Nuovo Cinema Paradiso.
E concluo perguntando aos desgraçados que já viram esta obra: onde é que ela arranjou o raio da tinta fluorescente??? Aquilo não faz sentido nenhum!
Na verdade quase que me sinto tentado a dizer que este não é um filme de terror, já que a única forma que arranjaram de nos (tentar) assustar foi através de um jogo de espelho repetido até à exaustão e dos súbitos aumentos de volume da banda sonora a que muitos filmes de terror maus recorrem quando não conseguem arranjar nada melhor.
E é tudo tão óbvio!! Tirando o famoso twist (que de facto não previa nem por nada, por ser tão rocambolesco) tudo é tão óbvio!!! Eu normalmente não gosto de filmes de terror porque me sinto tenso grande parte do tempo e para sentir-me tenso não é a minha ideia de diversão, mas dei por mim relaxadíssimo neste filme, por conseguir prever todos (literalmente todos!) os sustos a tempo e horas.
Mas felizmente há uma coisa boa neste filme. Não o salva mas ainda assim merece referência. O excelente desempenho por parte de duas das actrizes mais novas: Isabelle Fuhrman e, especialmente, Aryana Engineer. A primeira é a protagonista do filme e por momentos consegue convencer-nos que é mesmo aquela criança sádica mas que parece um anjinho. A segunda é a irmã mais nova da protagonista e é a personagem mais doce que me lembro de ver para aí desde o Tótó, do Nuovo Cinema Paradiso.
E concluo perguntando aos desgraçados que já viram esta obra: onde é que ela arranjou o raio da tinta fluorescente??? Aquilo não faz sentido nenhum!
sábado, 10 de outubro de 2009
District 9
District 9:
Depois de fazer a review da curta-metragem que deu origem a este filme (Alive in Joburg) não seria um bom blogger/bloguista/blogueiro/blocócó se não fizesse a análise da longa. Por vocês, leitores, TUDO.
Para quem não sabe a história eu resumo em 3 palavras: apartheid de extraterrestres. No dia seguinte ao do meu nascimento, aparece uma nave espacial gigante por cima de Joanesburgo e por lá fica, por razões que não nos são explicadas - na verdade, porque ninguém sabe - e ao fim de uns tempos lá os bons dos humanos conseguem entrar na nave, descobrem uns extraterrestres em muito más condições e resolvem aplicar-lhes um sistema que tão bem funcionou no passado, o apartheid. (E aqui devo activar um novo gadget deste blog: o alerta irónico)
Claro que depois as coisas acabam por correr mal e eventualmente poderão acabar bem. O que é fixe, e é mesmo, é que não se sabe se acabam bem ou não. E não, não adormeci nem desmaiei, vi o filme até ao fim.
Pronto, deixemo-nos de resumos que estou com sono e quero ir dormir. Este filme tem duas coisas muito fixes: o estilo como é realizado e a forma como nos apresenta os extraterrestres.
A primeira não é totalmente original: tal como dizia na outra SMR já tínhamos visto esta onda em filmes como o Cloverfield (e com isto é a segunda referência que faço ao filme neste blog, sem nunca o ter analisado, um record!). A ideia que tentam passar é que estamos a ver um filme sobre o que se terá passado com Wikus van de Merwe, um senhor muito simpático que tem um nome mais complicado que o meu. Claro que a dada altura percebemos que não é um documentário (e se alguém achar que isto é um spoiler leva um tautau à maneira) mas o feeling mantém-se e, no geral, está muito bem concebido.
O segundo já é mais original. Admito que não sou um grande fã de filmes com senhores de outras galáxias, mas não me recordo de muitos filmes em que os extraterrestres são as vítimas. Quase todos os demais E.T.'s vêm cá raptar/colocar sondas anais (essa bela actividade) ou destruir o planeta, mas estes são os segundos - a seguir ao próprio do E.T. - que só querem ir para casa. E o mais giro é que estes não usam telefones.
Os "prawns", como lhes chamam, não usam telefones mas sim computadores roubados, anões e armas (uma destas opções é falsa!!!), com a ajuda de algo que não posso dizer porque senão estragava-vos o filme todo. O que interessa é que há drama não humano, alguma comédia e acção a rodos. Não me marcará para o resto da vida, mas é um excelente filme pipoca, que entretém muito bem.
E já agora deixo a dica ao Nuno Markl: a tradução portuguesa para prawns não está errada, rapaz, chamam-lhes prawns não por causa dos camarões, mas sim por causa deste gafanhoto, que se chama Parktown Prawn e é endémico da zona de Joanesburgo.
Para quem não sabe a história eu resumo em 3 palavras: apartheid de extraterrestres. No dia seguinte ao do meu nascimento, aparece uma nave espacial gigante por cima de Joanesburgo e por lá fica, por razões que não nos são explicadas - na verdade, porque ninguém sabe - e ao fim de uns tempos lá os bons dos humanos conseguem entrar na nave, descobrem uns extraterrestres em muito más condições e resolvem aplicar-lhes um sistema que tão bem funcionou no passado, o apartheid. (E aqui devo activar um novo gadget deste blog: o alerta irónico)
Claro que depois as coisas acabam por correr mal e eventualmente poderão acabar bem. O que é fixe, e é mesmo, é que não se sabe se acabam bem ou não. E não, não adormeci nem desmaiei, vi o filme até ao fim.
Pronto, deixemo-nos de resumos que estou com sono e quero ir dormir. Este filme tem duas coisas muito fixes: o estilo como é realizado e a forma como nos apresenta os extraterrestres.
A primeira não é totalmente original: tal como dizia na outra SMR já tínhamos visto esta onda em filmes como o Cloverfield (e com isto é a segunda referência que faço ao filme neste blog, sem nunca o ter analisado, um record!). A ideia que tentam passar é que estamos a ver um filme sobre o que se terá passado com Wikus van de Merwe, um senhor muito simpático que tem um nome mais complicado que o meu. Claro que a dada altura percebemos que não é um documentário (e se alguém achar que isto é um spoiler leva um tautau à maneira) mas o feeling mantém-se e, no geral, está muito bem concebido.
O segundo já é mais original. Admito que não sou um grande fã de filmes com senhores de outras galáxias, mas não me recordo de muitos filmes em que os extraterrestres são as vítimas. Quase todos os demais E.T.'s vêm cá raptar/colocar sondas anais (essa bela actividade) ou destruir o planeta, mas estes são os segundos - a seguir ao próprio do E.T. - que só querem ir para casa. E o mais giro é que estes não usam telefones.
Os "prawns", como lhes chamam, não usam telefones mas sim computadores roubados, anões e armas (uma destas opções é falsa!!!), com a ajuda de algo que não posso dizer porque senão estragava-vos o filme todo. O que interessa é que há drama não humano, alguma comédia e acção a rodos. Não me marcará para o resto da vida, mas é um excelente filme pipoca, que entretém muito bem.
E já agora deixo a dica ao Nuno Markl: a tradução portuguesa para prawns não está errada, rapaz, chamam-lhes prawns não por causa dos camarões, mas sim por causa deste gafanhoto, que se chama Parktown Prawn e é endémico da zona de Joanesburgo.
domingo, 4 de outubro de 2009
Sicko
Sicko:
Desde há muito que acompanho os documentários do Michael Moore. Vi todos os filmes desde o Bowling for Columbine, acompanhei as séries TV Nation e An Awful Truth e li dois ou três livros destes.
Sempre gostei do que vi e li, concordo com muitas das opiniões dele, embora a maior parte das vezes o faça com um menor extremismo (o que também não é difícil). Isto tudo com uma ressalva, acho que ele não é um bom documentarista. Parece estranho, não? Então eu gosto do trabalho de um homem que faz documentários e não o acho um bom documentarista? Eu explico...
No meu dicionário um documentário deve mostrar uma história e manter-se imparcial à mesma, ou - pelo menos - mostrar ambos os lados da questão e depois sim escolher um. O Michael Moore faz bons filmes mas, de acordo com essa minha definição, não é documentarista. Os filmes mostram um lado - o dele - e assemelham-se mais a cruzadas pessoais que a tentativas objectivas de mostrar injustiças sociais.
Dito isto, acho que este Sicko é provavelmente o filme dele que se mostra menos extremista (sem nunca deixar de o ser). Não sei se será por retratar uma questão que a meu ver é indiscutível (a necessidade de uma reforma do sistema de saúde americano) ou se por desta vez ter vários alvos e não só a administração Bush ou ainda se por ter optado por viajar por outras partes do mundo, mas achei este filme menos agressivo que os outros.
O tema, como disse, é o sistema de saúde norte-americano. Na parte inicial mostram-se algumas "histórias de horror" do sistema actual (como a do doente de cancro que teve o seu transplante de medula rejeitado por ser um "procedimento experimental"), na segunda compara-se o sistema capitalista americano com os sistemas "socializados" de outros países e, na terceira - a mais típica dele - leva alguns americanos a Cuba, para receberem tratamentos que são rejeitados nos EUA.
Enquanto via o filme senti-me várias vezes chocado, não percebo como é que um país dito desenvolvido pode rejeitar cuidar da saúde dos seus cidadãos por razões meramente económicas. Fez-me lembrar quando vivia em San Francisco: um colega meu, oriundo da República Checa, teve de ir tratar um dente e mesmo tendo seguro de saúde, o tratamento ficava-lhe mais barato se fosse passar um fim de semana a Praga, tratar do dente lá e voltar.
Choca-me sobretudo que actualmente o Obama queira alterar este status quo, mas que cerca de metade da população americana seja contra...com medos de socialismo ou seja lá o que for. O Michael Moore não é um bom documentarista, mas é um excelente espalha brasas, é importante pôr estes assuntos a público, iniciar discussões para provocar a mudança...
... mas escusadas eram cenas como aquela em que ele diz que enviou - anonimamente (?) - um cheque para o seu maior crítico.
Sempre gostei do que vi e li, concordo com muitas das opiniões dele, embora a maior parte das vezes o faça com um menor extremismo (o que também não é difícil). Isto tudo com uma ressalva, acho que ele não é um bom documentarista. Parece estranho, não? Então eu gosto do trabalho de um homem que faz documentários e não o acho um bom documentarista? Eu explico...
No meu dicionário um documentário deve mostrar uma história e manter-se imparcial à mesma, ou - pelo menos - mostrar ambos os lados da questão e depois sim escolher um. O Michael Moore faz bons filmes mas, de acordo com essa minha definição, não é documentarista. Os filmes mostram um lado - o dele - e assemelham-se mais a cruzadas pessoais que a tentativas objectivas de mostrar injustiças sociais.
Dito isto, acho que este Sicko é provavelmente o filme dele que se mostra menos extremista (sem nunca deixar de o ser). Não sei se será por retratar uma questão que a meu ver é indiscutível (a necessidade de uma reforma do sistema de saúde americano) ou se por desta vez ter vários alvos e não só a administração Bush ou ainda se por ter optado por viajar por outras partes do mundo, mas achei este filme menos agressivo que os outros.
O tema, como disse, é o sistema de saúde norte-americano. Na parte inicial mostram-se algumas "histórias de horror" do sistema actual (como a do doente de cancro que teve o seu transplante de medula rejeitado por ser um "procedimento experimental"), na segunda compara-se o sistema capitalista americano com os sistemas "socializados" de outros países e, na terceira - a mais típica dele - leva alguns americanos a Cuba, para receberem tratamentos que são rejeitados nos EUA.
Enquanto via o filme senti-me várias vezes chocado, não percebo como é que um país dito desenvolvido pode rejeitar cuidar da saúde dos seus cidadãos por razões meramente económicas. Fez-me lembrar quando vivia em San Francisco: um colega meu, oriundo da República Checa, teve de ir tratar um dente e mesmo tendo seguro de saúde, o tratamento ficava-lhe mais barato se fosse passar um fim de semana a Praga, tratar do dente lá e voltar.
Choca-me sobretudo que actualmente o Obama queira alterar este status quo, mas que cerca de metade da população americana seja contra...com medos de socialismo ou seja lá o que for. O Michael Moore não é um bom documentarista, mas é um excelente espalha brasas, é importante pôr estes assuntos a público, iniciar discussões para provocar a mudança...
... mas escusadas eram cenas como aquela em que ele diz que enviou - anonimamente (?) - um cheque para o seu maior crítico.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Män som hatar kvinnor
Män som hatar kvinnor:
Ora cá está a versão em filme do livro que em português se chama "Os homens que odeiam as mulheres" e que em inglês se chama "The Girl with the Dragon Tattoo"; um caso, raro, em que a tradução portuguesa está mais fidedigna que a inglesa. (Sim porque aquelas palavras em sueco ali no título querem dizer precisamente o título português).
Outra coisa rara neste filme é ver um nível de produção tão alto num filme europeu. Män som hatar kvinnor não está muito longe dos níveis de produção de Hollywood e isso vê-se em pormenores subtis mas que fazem a diferença.
Devo desde já avisar, para os que ainda não tinham percebido, que já li o livro. Li e gostei imenso. Partilho com muita gente a ideia que Lisbeth Salander é um personagem genial, uma das melhores criações literárias dos últimos tempos. (E que para mim tem a curiosidade acrescida de me fazer lembrar uma ex-namorada). O livro é bom porque consegue equilibrar muito bem as partes de "sangue e tripas" com as partes de investigação jornalística. Afinal, o protagonista masculino é jornalista e o vilão é ... um homem que odeia as mulheres.
Estava com expectativas muito altas em relação ao filme. Não só por ter ficado fã das aventuras de Lisbeth e do nosso amigo "Kale" Blomkvist mas porque na minha mais recente visita à Suécia pude constatar o hype que havia sobre este filme e descobrir que não só a minha amiga Sofie como (quase) toda a sua família tinha gostado da película.
"E então, caraças, o filme é bom ou não?" perguntam-se vocês, meus queridos leitores. E eu, sempre disponível e atento, respondo-vos: é! Como disse lá para cima tem valores de produção muito pouco usuais para um filme europeu, o que acresce ao grande mérito que tiveram em fazer um filme dentro de um estilo tão pouco explorado por estes lados. Para além disso, devo dizer que a Noomi Rapace tem o grande mérito de conseguir não fazer de Lisbeth um alien, o que é complicado com um personagem que não está muito longe de o ser.
O filme é bom MAS. Mas há uma coisa que tenho de mencionar (e não sei se não será um grande spoiler, mas por via das dúvidas deixo o SPOILER ALERT) a história é a mesma que a do livro, mas há muitas muitas coisas diferentes do livro. Não sei se será por este ter sido o filme que vi com menor diferença temporal desde que acabei de ler o livro ou se será por ser impossível fazer um guião de um livro com mais de 600 páginas, sei que há coisas que considerei secundárias a que é dada muita atenção, outras que são essenciais (e aqui não é opinião pessoal) que são abordadas muito superficialmente e muitas outras são totalmente omitidas.
Nada que mate o filme, que continua a ser muito bem feito (vi-o com uma pessoa que não tinha lido e também gostou muito), mas quando se sabe os pormenores todos é difícil deixar escapar algumas alterações. Não se costuma dizer que o livro é sempre melhor?
Estava com expectativas muito altas em relação ao filme. Não só por ter ficado fã das aventuras de Lisbeth e do nosso amigo "Kale" Blomkvist mas porque na minha mais recente visita à Suécia pude constatar o hype que havia sobre este filme e descobrir que não só a minha amiga Sofie como (quase) toda a sua família tinha gostado da película.
"E então, caraças, o filme é bom ou não?" perguntam-se vocês, meus queridos leitores. E eu, sempre disponível e atento, respondo-vos: é! Como disse lá para cima tem valores de produção muito pouco usuais para um filme europeu, o que acresce ao grande mérito que tiveram em fazer um filme dentro de um estilo tão pouco explorado por estes lados. Para além disso, devo dizer que a Noomi Rapace tem o grande mérito de conseguir não fazer de Lisbeth um alien, o que é complicado com um personagem que não está muito longe de o ser.
O filme é bom MAS. Mas há uma coisa que tenho de mencionar (e não sei se não será um grande spoiler, mas por via das dúvidas deixo o SPOILER ALERT) a história é a mesma que a do livro, mas há muitas muitas coisas diferentes do livro. Não sei se será por este ter sido o filme que vi com menor diferença temporal desde que acabei de ler o livro ou se será por ser impossível fazer um guião de um livro com mais de 600 páginas, sei que há coisas que considerei secundárias a que é dada muita atenção, outras que são essenciais (e aqui não é opinião pessoal) que são abordadas muito superficialmente e muitas outras são totalmente omitidas.
Nada que mate o filme, que continua a ser muito bem feito (vi-o com uma pessoa que não tinha lido e também gostou muito), mas quando se sabe os pormenores todos é difícil deixar escapar algumas alterações. Não se costuma dizer que o livro é sempre melhor?
sábado, 26 de setembro de 2009
Gake no ue no Ponyo
Gake no ue no Ponyo:
Em português chama-se Ponyo à Beira-Mar. É uma adaptação do Miyazaki da história da pequena sereia. A terra onde eles vivem fez-me lembrar "O marinheiro que perdeu as graças do mar" (um livro do Mishima). Deu-me sono. É giro. Não passa muito para além disso.
domingo, 20 de setembro de 2009
Los Abrazos Rotos + The Hurt Locker
Eu bem tento, mas não consigo mudar os hábitos. Lá vem mais uma dose dupla.
Los Abrazos Rotos:
The Hurt Locker:
Los Abrazos Rotos:
Antes de escrever qualquer coisa mais pessoal devo dizer que sim, concordo com o crítico (já não me lembro qual) que dizia que este filme é muito de Almodóvar mas também tem uns pózinhos de Hitchcock.
Los Abrazos Rotos é, de facto, um filme muito almodovariano (?): tem as suas mulheres, as suas cores, os seus planos e - estranho! - até um dos seus filmes. Mas também é uma história menos próxima do que as que ele normalmente nos apresenta: aqui temos duplas identidades, obsessão sexual (que poderia ser almodovariana, mas é representada de uma forma diferente), crimes e confissões.
Sempre gostei muito dos filmes do Almodóvar, e sempre gostei muito dos filmes - para repetir a referência, que não é assim tão óbvia - do Hitchcock, por isso não foi nada difícil ter gostado deste. Ouso até dizer, e aqui já contra outras críticas que já li, que foi dos filmes dele que mais satisfeito me deixaram assim que as luzes do cinema se acenderam.
Personagens bem construídas, boas actuações, drama/suspense/comédia perfeitamente doseadas, imagens muito bonitas (aquelas estradas em Lanzarote!) fazem um excelente filme, este tem isso tudo.
P.S.: Curiosamente, o poster que meti neste post é das poucas coisas que não gostei no filme. Não podia ser perfeito, não é?
The Hurt Locker:
A seguir a um filme do Almodóvar, o que é que vem? Um filme de guerra, pois claro! Faz todo o sentido! (Não faz? Mas...pensei que fizesse...Que se lixe, não tem de fazer sentido!)
Segundo o que nos diz o nosso amigo IMDB "hurt locker" é o expressão dada pelos soldados americanos estacionados no Iraque ao estado de espírito que vivenciam depois de um momento traumático (serem atingidos por uma bala, morrer algum colega, etc.). É uma expressão interessante mas acho que não é o melhor título possível para o filme. Para mim esse título ideal seria a parte final desta citação, que aparece nos seus segundos iniciais:
"The rush of battle is often a potent and lethal addiction, for war is a drug."
Este filme segue a estadia do Sargento William James no Iraque, onde é colocado tendo como missão encabeçar um esquadrão de desmantelamento de bombas, cujo anterior líder morreu na primeira cena do filme. Ao contrário deste antigo líder, William James é um soldado temerário (irresponsável, a meu ver e na opinião dos seus colegas de equipa) que tem um real prazer em fazer o que faz.
É por isso que acho que "War is a Drug" seria um melhor (ou pelo menos mais adequado) título. Ao longo da estadia no Iraque e nas, curtas mas muito importantes, cenas de volta aos EUA percebemos que ele está viciado naquilo. Tem pouco mais que lhe dê ânimo, vida, energia. Acredito honestamente que assim seja, na realidade. Conheço alguns veteranos da guerra colonial e todos ainda vivem aquilo como se calhar nada mais na vida deles. É um bocadinho como o que eu senti quando vim da Disney World, tinha eu uns 10 anos: a Feira Popular de Lisboa nunca mais foi a mesma coisa. (Que comparação fantástica! Sou mesmo bom!)
Quanto ao filme em si. Está muito bem filmado, estilo documentário, mas se calhar por ter as expectativas altíssimas soube-me um bocado a pouco. Mas ainda hoje, dois dias depois de o ter visto, acho que vai ser daqueles filmes que de que vou gostando mais ao longo dos tempos.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
The Room
Atenção! Este post é muito especial! Esta é a SMR ao novo melhor pior filme de sempre!
O anterior titular desta honra era o Plan 9 from Outer Space, essa obra-prima do Ed Wood que nos apresenta discos voadores que na verdade são tampões de jantes presos por fios de nylon (que se vêem na tela) e que conta como protagonista o Bela Lugosi, que - milagre! - morreu antes das filmagens do filme. (O Ed Wood usou imagens de arquivo que tinha filmado e nas restantes cenas usou outra pessoa, que não se parece nada com ele, mas manteve o nome da sua estrela, por ser mais sonante)
Como é que tal filme pode ser superado, perguntam vocês? Ora, porque o The Room tem isto e muito mais! Vamos listar algumas das suas pérolas:
* Tem um personagem que aparece do nada, como se sempre lá estivesse, porque surge para substituir outra, cujo actor se demitiu a meio da produção
** Tem uma mãe a dizer que tem cancro na mama como quem diz que comprou o jornal e depois nunca mais fala nisso (e continua perfeitamente saudável)
*** Tem o Tommy Wiseau, realizador, produtor, argumentista e actor no filme. Para verem o nível do senhor há no fórum do IMDB um post que pergunta "Tommy Wiseau: foreign or retarded?". Eu aposto no retarded! (Vejam a foto dele no poster, ali em cima)
**** Tem a melhor mudança de assunto de sempre: Fala-se de negócios bancários e de repente solta-se a pergunta "Anyway, how's your sex life?"
***** Tem um apartamento (não um Room, que é outra coisa que não percebo...porquê este título?) em que a decoração consiste em fotografias de colheres de plástico.
****** Tem este diálogo:
Lisa: Do you want me to order a pizza?
Johnny: Whatever, I don't care.
Lisa: I already ordered a pizza.
Johnny: You think about everything, ha ha ha.
******* Tem tantas outras coisas, que só vendo é que se acredita.Johnny: Whatever, I don't care.
Lisa: I already ordered a pizza.
Johnny: You think about everything, ha ha ha.
Tudo isto parece estranho e muito mau. É estranho e muito muito mau, mas é tão mau que é bom. Merece ser visto por todos e estou tentado a organizar uma exibição em Lisboa. É tão mau que quero comprar o DVD. É tão mau que quero que façam um remake "shot by shot", como o Gus Van Sant fez com o Psycho e como já li que se fala em fazer (tal é o fenómeno de culto). É tão mau que ando obsessivamente à procura de informações sobre o filme...informações que justifiquem, por exemplo, como é que esta pérola teve um orçamento de 6 milhões de dólares ou qual é a origem do Wiseau, cujo sotaque e qualidade de actuação faz com que o Van Damme pareça um actor do método. (A melhor teoria, by the way, é que ele ganhou o dinheiro enquanto mercenário na Bósnia).
Serviço publico era mostrar este filme em todas as escolas e locais de trabalho do país. A crise terminaria, ou pelo menos o pessoal ficava mais bem disposto.
P.S.: Se forem ver o trailer a dada altura dizem que é uma "black comedy". É importante que saibam que o filme foi filmado como algo sério, a parte da comédia é a estratégia de marketing que está a tentar aproveitar o culto à volta do filme. Este filme, hilariante, não é uma comédia!!!
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