domingo, 20 de setembro de 2009

Los Abrazos Rotos + The Hurt Locker

Eu bem tento, mas não consigo mudar os hábitos. Lá vem mais uma dose dupla.


Los Abrazos Rotos:



Antes de escrever qualquer coisa mais pessoal devo dizer que sim, concordo com o crítico (já não me lembro qual) que dizia que este filme é muito de Almodóvar mas também tem uns pózinhos de Hitchcock.

Los Abrazos Rotos é, de facto, um filme muito almodovariano (?): tem as suas mulheres, as suas cores, os seus planos e - estranho! - até um dos seus filmes. Mas também é uma história menos próxima do que as que ele normalmente nos apresenta: aqui temos duplas identidades, obsessão sexual (que poderia ser almodovariana, mas é representada de uma forma diferente), crimes e confissões.

Sempre gostei muito dos filmes do Almodóvar, e sempre gostei muito dos filmes - para repetir a referência, que não é assim tão óbvia - do Hitchcock, por isso não foi nada difícil ter gostado deste. Ouso até dizer, e aqui já contra outras críticas que já li, que foi dos filmes dele que mais satisfeito me deixaram assim que as luzes do cinema se acenderam.

Personagens bem construídas, boas actuações, drama/suspense/comédia perfeitamente doseadas, imagens muito bonitas (aquelas estradas em Lanzarote!) fazem um excelente filme, este tem isso tudo.

P.S.: Curiosamente, o poster que meti neste post é das poucas coisas que não gostei no filme. Não podia ser perfeito, não é?


The Hurt Locker:



A seguir a um filme do Almodóvar, o que é que vem? Um filme de guerra, pois claro! Faz todo o sentido! (Não faz? Mas...pensei que fizesse...Que se lixe, não tem de fazer sentido!)
Segundo o que nos diz o nosso amigo IMDB "hurt locker" é o expressão dada pelos soldados americanos estacionados no Iraque ao estado de espírito que vivenciam depois de um momento traumático (serem atingidos por uma bala, morrer algum colega, etc.). É uma expressão interessante mas acho que não é o melhor título possível para o filme. Para mim esse título ideal seria a parte final desta citação, que aparece nos seus segundos iniciais:

"The rush of battle is often a potent and lethal addiction, for war is a drug."

Este filme segue a estadia do Sargento William James no Iraque, onde é colocado tendo como missão encabeçar um esquadrão de desmantelamento de bombas, cujo anterior líder morreu na primeira cena do filme. Ao contrário deste antigo líder, William James é um soldado temerário (irresponsável, a meu ver e na opinião dos seus colegas de equipa) que tem um real prazer em fazer o que faz.

É por isso que acho que "War is a Drug" seria um melhor (ou pelo menos mais adequado) título. Ao longo da estadia no Iraque e nas, curtas mas muito importantes, cenas de volta aos EUA percebemos que ele está viciado naquilo. Tem pouco mais que lhe dê ânimo, vida, energia. Acredito honestamente que assim seja, na realidade. Conheço alguns veteranos da guerra colonial e todos ainda vivem aquilo como se calhar nada mais na vida deles. É um bocadinho como o que eu senti quando vim da Disney World, tinha eu uns 10 anos: a Feira Popular de Lisboa nunca mais foi a mesma coisa. (Que comparação fantástica! Sou mesmo bom!)

Quanto ao filme em si. Está muito bem filmado, estilo documentário, mas se calhar por ter as expectativas altíssimas soube-me um bocado a pouco. Mas ainda hoje, dois dias depois de o ter visto, acho que vai ser daqueles filmes que de que vou gostando mais ao longo dos tempos.

2 comentários:

  1. Olá João, não podia deixar de comentar este teu apetecível blog, especialmente "didático" para quem ainda mal começou a dar os primeiros passos no admirável e apaixonante mundo cinematográfico..;)como eu! Sim, até Almodóvar foi uma descoberta tardia..(com o Volver!!) mas fabulosa e avassaladora :)! E a partir desse magnífico filme cheio de humor e laços caricatos, comecei a andar para trás até ao Tudo sobre a minha mãe (que também gostei muito - sempre sublimamente colorindo e "brincando" com as tragédias e ironias da vida!) - claro que ainda me faltam ver bastantes dele.. mas o Abraços Desfeitos conseguiu manter-me seduzida e grande fã !...A beleza da fotografia e das paisagens sim..mas também a beleza da protecção-mútua e amizade entre personagens como o Mateo e o Diego apesar da diferença de gerações (e a tolerância de ambos em relação ao silêncio e mistérios da mãe) é muito engraçada..

    E para não dizer tudo hoje vou passando por aqui que este comentário já tá grandinho ;) !..Venha o próximo..Qual foi o filme antes do Tudo sobre a minha mãe? Vou ver..

    PS - Hitchcock conheço pouco!

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  2. E o Hurt Locker é o melhor filme de 2009 :D

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