domingo, 16 de maio de 2010

De battre mon coeur s'est arrêté

De battre mon coeur s'est arrêté:


Costuma dizer-se que não se deve julgar um livro pela sua capa. Neste caso, eu faço o mea culpa e admito que a primeira razão pela qual resolvi ver este filme foi o seu excelente título português, "De tanto bater o meu coração parou". Excelente título que, curiosamente, também é excelente na versão original francesa e na sua tradução inglesa, em que se chama The Beat That My Heart Skipped.

Mas se resolvi julgar este "livro" pelo seu título, também o fiz pelo seu autor, Jacques Audiard, o mesmo do - posterior - Um Profeta, que aqui analisei de forma muito positiva. Nesse filme, o primeiro que vi deste realizador francês, fiquei fã do seu estilo e muito poucos dias depois resolvi comprar este DVD.

Só agora o consegui ver mas valeu a pena a espera. Não é um filme tão bom como o tal Um Profeta, é verdade, mas não deixa de ser uma história interessante baseada numa interpretação muito boa, sendo aqui Romain Duris a assumir o papel principal, num registo - propositadamente - bem menos simpático que aquele que nos costuma apresentar.

O seu papel é o de Thomas Seyr, um agente imobiliário aparentemente cansado daquela vida dura e com a esperança de voltar a seguir uma paixão da sua juventude...o piano. É que, apesar a principal cena do filme ser a primeira (este é daqueles filmes que se chegarmos atrasados perdemos um pedaço de diálogo importantíssimo para explicar a motivação dos personagens), o evento central do filme é uma audição que Thomas vai fazer perante o agente da sua mãe, também ela uma pianista conceituada.

Ao mesmo tempo que faz malabarismos para conjugar as actividades semi-ilegais da sua imobiliária (espantosa a sua honestidade quando as explica) e tem as suas aulas de piano com Miao Lin, uma pianista chinesa que não fala nada de francês, Thomas tem ainda de lidar com a cada vez maior dependência do seu pai, Robert (Niels Arestup, mais uma vez muito bom mas, tal como o filme em geral, abaixo da sua prestação em Un Prophète), numa escalada de eventos que vai levar à excelente conclusão do filme.

No final o coração de Thomas Seyr pára realmente, mas apenas um bocadinho. Nesse sentido a versão inglesa do título está mais adequada. O coração dele pára quando se apercebe que por muito que se esforce por mudar o seu rumo, o mundo do antigamente não o deixará de o atormentar. Um pensamento que, cheira-me, passará por todos nós mais tarde ou mais cedo.

2 comentários:

  1. foi o único filme em que gostei mesmo do romain duris. talvez pelo papel "menos simpático" como referes :)

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