quinta-feira, 20 de maio de 2010

Estômago

Estômago:


Este filme brasileiro de 2007 surgiu um bocadinho "do nada" nas salas de cinema portuguesas em 2010 mas eu, que não me canso de sorrir sempre que vejo que tenho tantos leitores em terras de Vera Cruz, não o deixei escapar.

Digo que surgiu do nada não só pelos 3 anos que já passaram desde a data de estreia (original) do filme mas também porque, apesar de vir cotado com alguns prémios - nomeadamente o Grande Prémio Vivo do Cinema Brasileiro 2009, não o consegui achar realmente bom e estou certo que há mais e melhor cinema de onde este veio.

Se me perguntarem porque é que não gostei não vos consigo responder muito bem. Na verdade, este foi um dos filmes em que mais me demorei a decidir se gostava ou não do que estava a ver. Normalmente, estou convencido (ou não) na primeira meia hora e neste foi preciso chegar quase à última cena para tomar posição.

A nível de interpretações está bastante bem. A do protagonista, João Miguel, já foi bastante elogiada por outras críticas e está realmente bem conseguida, se bem que me pareceu que deu ao seu Nonato um toque demasiado tonto, a roçar o atraso mental, que não deveria estar presente. Já a interpretação de Fabiula Nascimento, no papel da prostituta Íria, merece elogios igualmente rasgados, pela grande dimensão humana que traz a uma fábula que poderia pecar pela ausência de um grande papel feminino.

Não sendo a interpretação que me deixou por convencer, acho que é mesmo a história que não pega o suficiente para cativar. É interessante ver como a paixão e o jeito para a cozinha servem para que um nordestino sobreviva na grande metrópole (e na prisão!) mas a estrutura baseada em flashbacks e flashforwards não funciona, deixando-nos sempre com a sensação de que estamos a ver um filme...nunca passamos a barreira da tela, o que acontece (e deve acontecer) nos grandes filmes.

Em abono da verdade, essa estranheza talvez tenha sido potenciada por um problema muito específico que julgo já ter referido por aqui. O português do Brasil é facilmente perceptível pelos portugueses, mas neste tipo de filmes (em que há muitos sotaques regionais e bastante calão) fica difícil acompanhar todas as falas. E se isso não ajuda, o som completamente afunilado (não cheguei a perceber se era falha do filme ou da sala de cinema em si) ainda mais contribuiu para que Estômago tivesse apenas um efeito concreto em mim: estava cheio de fome quando saí do cinema.

2 comentários:

  1. eish,
    que grande filme. fui ve-lo com a patroa na outra semana e ela tava meia reticente, ah e tal, não sei se vamos gostar.
    mas felizmente, o cinema brasileiro está a anos luz do português, e nunca me deixa ficar mal!
    ja viste o linha de passe?

    obrigado pelos elogios, mesmo!

    grande abraço

    nuno

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  2. Vi sim senhor, e escrevi sobre ele nos primórdios deste blog. (http://subjectivemoviereviews.blogspot.com/2009/04/dose-dupla.html)

    Os elogios são mais que merecidos, rapaz, até dá vontade de te mandar num avião para a Índia novamente, só para ver o que escreves!

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