quarta-feira, 15 de setembro de 2010

The Box

The Box:

Um dia estão muito bem em casa e tocam-vos à porta: é um homem desfigurado que vos oferece uma caixa com um botão que, se o pressionarem, vos garante um milhão de dólares. A contrapartida é que uma pessoa que vocês não conhecem, algures no mundo, irá morrer. O que é que fariam?

É este o dilema moral colocado a Norma Lewis (Cameron Diaz) neste The Box, que em Portugal tem o título (estranhamente adequado) Presente de Morte. A reacção dela e do marido (James Marsden) é diferente daquela que eu teria ("Onde é que estão as câmaras dos apanhados?") e - como é de bom tom numa longa metragem de ficção - vai desencadear uma série de consequências inesperadas.

É verdade, o filme lida mais com as consequências da escolha do casal do que propriamente com o processo de decisão sobre o que fazer. E isto deixou-me triste por duas ordens de razões. A saber:

Primeiro porque pensei que fosse uma história mais hitchcockiana, um thriller ético em que a grande revelação final seria essa decisão. "Carregar ou não carregar?, heis a questão", já dizia o Príncipe da Dinamarca.

A segunda razão é porque, muito honestamente, a história pós-decisão é fraquinha. É claramente um fruto da série Twilight Zone (é mesmo!) mas provavelmente ter-se-á inspirado num episódio menor desse programa televisivo que já serviu de base para uma série de outros filmes. A verdade é que posso ser só eu que não sou grande fã deste tipo de histórias e o filme até é bom mas, mantendo-se no ramo do estrambólico, o realizador Richard Kelly já fez bem melhor (ou não fosse ele o realizador do Donnie Darko).

Apesar disto tudo, o filme tem algumas coisas boas: a caracterização de época está muito bem feita (característica do realizador, está visto); a história até à decisão mantém-nos on the edge of our seats e algumas interpretações (secundárias) são boas.

O problema é o resto: a história torna-se rocambolesca demais e as interpretações do casal principal (mais o filho, Sam Oz Stone) são demasiado frias para que sejam empáticas.

The Killer Inside Me

The Killer Inside Me:

Gosto do Casey Affleck! Acho-o um bom actor; achei-o a principal revelação do (subvalorizado) The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford e não serei concerteza o único a achar que tem bem mais talento que o irmão (que por sua vez anda a tornar-se um bom realizador, ao que dizem).Gosto de policiais! Se bem que neste caso estamos perante um policial invertido, em que o polícia (o nosso amigo Casey, claro) é, afinal de contas, não o ladrão mas o assassino.

Gosto de violência! Ou melhor, não gosto de violência mas a violência cinematográfica não me incomoda, vejo-a como um aspecto muitas vezes necessário para passar a mensagem. Alguns dos meus filmes favoritos (Natural Born Killers, City of Life and Death ou até mesmo o Dogville) são extremamente violentos.

Gostei deste filme? Não! Neste caso o total é bem inferior à soma das partes.

Consigo perceber a polémica à volta da brutalidade de algumas das cenas (quase tão fortes como o Irréversible, esse sim um grande filme) e é normal que haja sempre gente pronta a dizer que gosta, nem que seja para parecer cool, mas neste caso até eu - que sou bem cool, caramba - tenho de admitir que fiquei incomodado.

Não é pela violência em si, que já vi bem pior, mas sim pela falta de sentido para aquilo tudo. É que enquanto que no Irréversible (sem dúvida o melhor exemplo) a motivação está toda lá (vingança e desespero) aqui não se percebe porque é que o protagonista, Lou Ford, desata a esmurrar até à morte uma data de gente; gente que supostamente ele ama.

Aliás, verdade seja dita que não se percebe quase nada do filme: nem a violência, nem o suposto plano que o Lou com a sua primeira amante/vítima (Jessica Alba), nem porque é que um homem aparentemente tão pacato e inteligente tem tendências homicidas porque a sua mãe gostava que ele lhe desse uns tautaus (don't ask!), nem sequer o que é que eles diziam a maior parte do tempo (mas aí a culpa é minha, que vi o filme sem legendas e os actores usam um sotaque texano muito cerrado).

Entendo a ideia de mostrar a besta por detrás de um homem bestial, mas já foi feito tantas vezes e tão melhor que também não consigo perceber porque é que fizeram um filme quando o único elemento valorizante (a nível económico) é a polémica que já se sabia que ia levantar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

The Mark Pease Experience

The Mark Pease Experience:


Mais um filme tão mau que não vale a pena gastar neurónios com texto corrido. Seguem por isso algumas notas:

* não percebi qual era a história do filme, de tão má que é;
* o Jason Schwartzman é um dos actores mais odiosos que se podem ver;
* quando o filme acabou perguntei-me "Já?", não porque tivesse pena de acabar tão cedo (uma das poucas qualidades do filme é ser curto) mas porque não consegui sentir que tivesse havido uma conclusão da história;
* a Anna Kendrick fez um bom papel no Up in the Air (se bem que não tão bom como o queriam fazer parecer) mas aqui destruiu toda a reputação que lhe reconhecia;
* não percebo outro motivo para fazer o filme que não tentar sacar dinheiro aos fãs do High School Musical;
* os dois últimos filmes que vi com o Ben Stiller (Tropic Thunder e Greenberg) eram bons compensaram todos os outros, que eram realmente maus. Agora voltamos ao lixo, não é Ben?;
* no fundo a culpa é minha, a única coisa que sabia sobre este filme era que se tratava de uma história sobre um cantor a capella, e como dizia o Vince Vaughn no The Break Up (um filme nada de especial mas que comparando com este é uma obra de génio) nada que envolva cantar a capella pode ser bom.

Tenho dito, e acreditem que aprendi a lição. Aprendam vocês com os meus erros e não vejam esta treta.

domingo, 5 de setembro de 2010

Brothers

Brothers:


Num registo muito semelhante ao The Messenger este Brothers foi uma grande e positiva surpresa. Uma surpresa porque é bem melhor do que imaginei (se bem que o trailer também é bem bom) e uma surpresa porque não é bem aquilo que estava a imaginar.

Se virem o trailer (e vão ver, eu sei, porque são muito obedientes) provavelmente vão ficar com a ideia que o filme se baseia sobretudo nas relações familiares, mas na verdade acabamos por receber do filme uma excelente lição sobre psicologia de veteranos de guerra.

Neste caso o veterano de guerra em causa é Sam, interpretado pelo homem aranha Tobey Maguire, e as questões psicológicas abordadas relacionam-se com a sua incapacidade de lidar com o que viu (e fez) na sua última comissão no Afeganistão. Foram muitos meses de suplício e quando finalmente consegue voltar para a sua família (que o pensava morto) as pessoas "não o compreendem", uma frase muito comum em quem volta da guerra.

Essa profunda alteração comportamental (isto hoje parece um relatório psicológico, fogo!) aliada à tal situação familiar que referi acima vai criar literalmente o caos entre Sam, a sua mulher Grace (Natalie Portman), as suas filhas e o seu irmão "fuck up" Tommy (Jake Gyllenhaal)...um caos que não é totalmente resolvido no filme, mas que nem por isso se torna razão para desgostar dele. Não nos dá as respostas todas, mas deixa-nos muitas perguntas e ao mesmo muitas certezas: a guerra não acaba para os soldados quando regressam a casa...são muito raros os que voltam sem quaisquer sequelas.

Acho que já deu então para perceber que o recomendo vivamente. É um filme muito bom, calmo mas intenso (não fosse ele ser um remake de um filme dinamarquês) e com interpretações excelentes. Qualquer um dos três actores que referi (ou, para os mais picuinhas, os dois actores e uma actriz) faz um papelão, mas para mim a grande estrela, neste campo, é a jovem actriz que faz de filha mais velha do casal Cahill; chama-se Bailee Madison e se continuar assim vai muito longe.




P.S.: Este não é um dos três posts que vos estava a dever. Pela primeira vez na história deste blog vou escrever SMR sem ser por ordem cronológica dos filmes que vi, mas pelas chamadas razões de ordem técnica esses três filmes serão SMR'izados algures mais para o meio desta semana. Quais razões de ordem técnica? O meu telemóvel (onde tenho as notas que escrevo dos filmes) está num país onde eu não estou, haha