Um dia estão muito bem em casa e tocam-vos à porta: é um homem desfigurado que vos oferece uma caixa com um botão que, se o pressionarem, vos garante um milhão de dólares. A contrapartida é que uma pessoa que vocês não conhecem, algures no mundo, irá morrer. O que é que fariam?
É este o dilema moral colocado a Norma Lewis (Cameron Diaz) neste The Box, que em Portugal tem o título (estranhamente adequado) Presente de Morte. A reacção dela e do marido (James Marsden) é diferente daquela que eu teria ("Onde é que estão as câmaras dos apanhados?") e - como é de bom tom numa longa metragem de ficção - vai desencadear uma série de consequências inesperadas.
É verdade, o filme lida mais com as consequências da escolha do casal do que propriamente com o processo de decisão sobre o que fazer. E isto deixou-me triste por duas ordens de razões. A saber:
Primeiro porque pensei que fosse uma história mais hitchcockiana, um thriller ético em que a grande revelação final seria essa decisão. "Carregar ou não carregar?, heis a questão", já dizia o Príncipe da Dinamarca.
A segunda razão é porque, muito honestamente, a história pós-decisão é fraquinha. É claramente um fruto da série Twilight Zone (é mesmo!) mas provavelmente ter-se-á inspirado num episódio menor desse programa televisivo que já serviu de base para uma série de outros filmes. A verdade é que posso ser só eu que não sou grande fã deste tipo de histórias e o filme até é bom mas, mantendo-se no ramo do estrambólico, o realizador Richard Kelly já fez bem melhor (ou não fosse ele o realizador do Donnie Darko).
Apesar disto tudo, o filme tem algumas coisas boas: a caracterização de época está muito bem feita (característica do realizador, está visto); a história até à decisão mantém-nos on the edge of our seats e algumas interpretações (secundárias) são boas.
O problema é o resto: a história torna-se rocambolesca demais e as interpretações do casal principal (mais o filho, Sam Oz Stone) são demasiado frias para que sejam empáticas.
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