segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Queer Lisboa: programa de curtas 2


Devo começar por confessar que esta foi a primeira edição do Queer Lisboa a que fui. Dito isto e com base na pouca experiência que tenho do festival, quero dar os parabéns à organização pelo profissionalismo que a sessão a que assisti aparentou, bastante mais do que o que - confesso - estava à espera. Posso não concordar totalmente com a excessiva colagem do festival ao movimento queer mas no que toca ao que a este blog interessa - cinema, apenas e só - correu tudo bem, sem falhas aparentes da organização.

Feito este louvor, sigamos para as curtas que vi no Programa de Curtas 2, do passado Domingo.


Cavalos Selvagens:

Este filme foi a razão principal para me ter deslocado ao São Jorge em vez de ir à praia, já que é realizado por amigos de uma amiga minha (a Daniela, digam olá à Daniela...olá Daniela!) e a dita amiga me convidou para a acompanhar.

No Indie Lisboa do ano passado assisti à primeira curta desta dupla de realizadores (André Santos e Marco Leão) e - como podem ver no maior post de sempre deste blog - achei-a interessante esteticamente mas pouco mais (chama-se A nossa necessidade de consolo, by the way). Felizmente a segunda já é bastante melhor. O estilo bastante contido mantém-se - a totalidade dos 11 minutos da curta é passada em silêncio - mas na relação entre os dois personagens (interpretados pelos realizadores) há afecto e humanidade, para além da distância.

Não me parece que já estejam prontos para se lançar no mundo das longas-metragens comerciais (nem sei se é essa a intenção), mas no circuito de festivais, e tendo em conta que são bastante jovens, auguro-lhes um futuro de sucesso. Parabéns!


Haboged:

(já se sabe qual é o problema das curtas em festivais de cinema...posters nem vê-los)

Nas notas que tirei durante este filme apenas tenho escrito: "bleh, não tem interesse nenhum". Agora desenvolverei um pouco mais: bleh, não me suscitou interesse nenhum.


Steam:

Apesar de ser uma curta metragem de apenas 16 minutos, este filme tem duas partes bem distintas: na primeira estamos perante um filme de dança, na segunda perante um episódio do Alfred Hitchcock Presents.

Estranhamente, neste caso optaria antes pelo vídeo de dança. Nessa parte assistimos a um engate numa sauna em que muito pouco é dito mas muito é transmitido através dos movimentos dos actores e da (apropriadíssima) banda sonora. Já na segunda parte vemos o período pós-engate, em que os protagonistas se apercebem que não conseguem sair de lá. Aqui, a boa impressão com que fiquei dos dois actores esbateu-se um pouco, tendo mostrado que funcionam melhor sem falas do que com elas, mas mantive o interesse no realizador, que demonstrou bastante qualidade ao atingir o seu objectivo de "realizar uma espécie de peça de teatro num cenário muito reduzido".


Toiletzone:

(ver o que disse no Haboged)

Dos cinco filmes que vi este foi o de que mais gostei e é, de longe, o que apresenta mais condições para ser apreciado por um público mais generalista, é que - tendo a temática queer como um assunto meramente acessório - o filme aborda antes uma temática bem actual: os layoffs e a extinção de postos de trabalho.

Eu explico: ao longo da meia hora de filme acompanhamos a história de três funcionários da casa de banho de um qualquer centro comercial francês. Juntamente com eles somos forçados a viver um dilema: ou afastam os "répteis" da casa de banho ou fecham a casa de banho e vão para a rua, sendo que répteis é o nome dado por um dos funcionários aos homens que - e aqui está a ligação ao mundo queer - usam os cubículos do WC para encontros pecaminosos com outros homens. Sim, disse pecaminosos, faz-me lembrar o saudoso Diácono Remédios.

Conseguem fazê-lo mas, ironia da economia actual, como as casas de banho em França se pagam a facturação desce com a partida dos "répteis" e ... fecham a casa de banho e lá vão os funcionários para a rua.

Tratando com muito humor duas realidades que são por vezes trágicas, o realizador Didier Blasco mostrou aqui que é possível fazer uma excelente comédia de casa de banho sem uma referência escatológica. Algo muito difícil num mundo pós-American Pie.

Acabou por ganhar o prémio de melhor curta do festival. Não estranho nada, é bastante bom.


Los fuegos:
(ver o que disse no Toiletzone)


Este filme tem duas coisas em comum com o Haboged:
1- tem um homem nu a (tentar) matar outro homem nu depois de uma cena de sexo;
2- é uma valente bosta.

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