quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Hiroshima mon amour

Hiroshima mon amour:


Hiroshima mon amour é um filme de 1959 que ficou na história do cinema. Tem dois personagens, um homem e uma mulher (que, por não terem nomes, vou chamar de Ele e Ela) e uma cidade que todos conhecemos pelos piores motivos: Hiroshima, Japão.

Ela (Emmanuelle Riva) é uma actriz francesa que está em Hiroshima cerca de 10 anos depois da sua destruição para filmar um filme. "Sobre o quê?" pergunta Ele. "Sobre a paz. Sobre que mais se pode filmar em Hiroshima senão sobre paz?" A resposta foi dada por Alain Resnais, realizador de Hiroshima mon amour, ao deixar a paz de fora e filmar antes a convulsão interior de se estar preso ao passado.

Antes deste filme Resnais era sobretudo conhecido pelo seu documentário Nuit et Brouillard, sobre os campos de concentração nazis. Na altura em que foi convidado para filmar em Hiroshima a ideia era fazer um documentário sobre o pós-bomba atómica. Na altura o realizador achou que não conseguiria distanciá-lo suficientemente do seu anterior trabalho e a opção narrativa começou a ser explorada.

Os dez a quinze minutos iniciais são o mais parecido com um documentário que acabamos por ter; Ele e Ela abraçam-se (ainda sem nos terem sido apresentados) e, enquanto imagens da cidade nos vão sendo mostradas, debatem em voz-off as experiências dela na cidade: ela garante conhecer a sua verdadeira alma, ele diz-lhe que não, que não viu nada em Hiroshima

Passados esses minutos iniciais a narrativa avança e o estilo documentarial fica para trás, mas não as conversas entre Ele e Ela. A sua relação é fugaz mas intensa, Ela revê n'Ele o amor que perdeu em Nevers e nos sentimentos que Ele lhe desperta a loucura com que foi apossada quando esse amor cessou a sua existência. Ela, falando, liberta-se dos seus demónios ("tu me tues, tu me fais du bien") enquanto que Ele (Eiji Okada), maioritariamente ouvindo, alimenta uma paixão que o seu casamento já perdeu. A paixão face à impossibilidade do futuro.

Hiroshima mon amour ficou na história do cinema por vários motivos, desde o (até então inexistente) uso de rápidos flashbacks como forma de retratar a memória dos personagens até ao fabuloso e constante diálogo escrito pela Marguerite Duras. É um filme que não apelará à maioria dos espectadores actuais (é vagaroso e usa o paralelismo e a repetição como figuras de estilo preferenciais) mas que recompensa quem tenha paciência, vontade e/ou desejo de o ver com 89 minutos de grande, e histórico, cinema.

Nota curiosa: Foi precisa ir à cinemateca de Berlim para ver um filme francês filmado no Japão que estive para comprar em dvd quando vivia nos EUA. Adoro a globalização!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

The Kite Runner

The Kite Runner:



Um filme facilmente esquecível de um realizador (Marc Forster) que tem no currículo dois filmes que me marcaram bastante, Monster's Ball e Stranger Than Fiction. Trata da relação entre Amir, filho da elite do Afeganistão pré-invasão soviética, e Hassan, filho do seu "mordomo".

É um filme com uma ou duas cenas interessantes (nomeadamente a forma como são filmadas as batalhas de papagaios) mas que se perde em histórias que não interessam nada (toda a parte da vida de Amir na Califórnia) enquanto deveria focar-se apenas e só na dualidade cobardia/lealdade entre os dois. Quando o que retive na memória foram os créditos iniciais o filme que se lhes seguiu só pode ser classificado como fraquinho.

Sempre é melhor que mau, certo?

domingo, 27 de novembro de 2011

And Again

And Again:



Esta é a história de Playas, New Mexico. Antigo posto de repouso dos cowboys americanos, Playas cresceu e muito nos anos 70, quando foi decidido desenvolvê-la enquanto dormitório dos trabalhadores de uma mina existente nas proximidades...chegou a ter 1000 habitantes.

Entretanto os tempos mudaram, em 1999 a mina foi fechada e a cidade foi morrendo aos bocadinhos. Os resistentes tiveram de encontrar outros empregos e quatro anos depois (em 2003, portanto) a salvação chegou sob a forma de uma das coisas mais estranhas de sempre: a cidade foi comprada pela universidade New Mexico Tech que, em colaboração com o EMRTC*, por lá criou um centro de treinos para resposta a ataques terroristas. A função dos que lá vivem? Fingir que são os terroristas/vítimas e não ligar ao facto de um belo dia poderem estar a jantar e entrar uma equipa da SWAT pela casa adentro.
Sim, leram bem, os habitantes de Playas, New Mexico são pagos para, dia após dia servirem de figurantes em simulações de combate para o exército ou polícia locais. Um deles, de aparência a dar para o Médio Oriente, foi escolhido para ser o terrorista e basicamente é preso todos os dias para ser solto uns minutos depois.

"Que coisa mais bizarra, vai dar um grande documentário", pensou a realizadora. Pena é que não tenha tido engenho ou audácia para fazer melhor, se a história de fundo é interessante tudo o resto deixa muito a desejar. Em primeiro lugar nunca são ouvidos os militares/polícias que lá treinam (uma perspectiva que, pelo menos para mim, seria importante), depois as imagens usadas são permanentemente fracas (desde as filmagens dos treinos, que parecem um filme tipo Ninja das Caldas, às ridículas interpretações da história da cidade, que só ocupam tempo) e tudo isto é unido por uma montagem muito, muito, mas muito fraca.

O trabalho de um documentarista é descobrir uma história para contar e contá-la, e muitos dirão que o que interessa é o que se conta, não como é contado, mas neste caso posso dizer-vos que se tivessem tido mais cuidado com o "como" este filme teria mais exposição e a bizarra história de Playas, New Mexico seria conhecida por mais gente. Assim não vai passar de um daqueles pedaços de informação que podem vir a ser usados em conversa por aqueles (creio que poucos) que acabem por a conhecer.


*Energetic Materials Research and Testing Center

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

30 Minutes or Less

30 Minutes or Less:


30 Minutes or Less é a história de Nick, um loser que entrega pizzas muito para além da adolescência e que um dia vê colete bomba colocado em si por dois homens que o obrigam a assaltar um banco por eles. Se fizer asneira explode, se não assaltar o banco num determinado número de horas explode, se chamar a polícia explode. É realizado por Ruben Fleischer, realizador do Zombieland, um filme com o mesmo protagonista que este (Jesse Eisenberg, que devia ter ficado pelos lados do Social Network) e que é uma excelente comédia baseada num tema normalmente não cómico: zombies. Aqui a ideia era fazer do drama da situação de Nick e do assalto ao banco uma comédia.

Dito isto, apresento-vos a história de Brian Douglas Wells, um entregador de pizzas em Erie Pennsylvania. Brian tinha 46 anos no dia em que morreu (continuou a entregar pizzas bem para além da sua adolescência, diria eu). E como é que morreu, perguntam vocês? Explodiu com uma bomba presa ao pescoço, bomba essa que foi colocada por dois homens que o forçaram a assaltar um banco por eles, sob pena de morte.

Segundo sei a Columbia (distribuidora do filme) mantém que os argumentistas não basearam o argumento deste filme nessa história e no final dos créditos até aparece o famoso disclaimer "This is a work of fiction (...) any similarity to the history of any person is entirely coincidental and unintentional". Existem algumas diferenças entre as duas histórias, sim, mas essa afirmação é falsa, este filme é de um mau gosto tão grande e só o posso desaconselhar a qualquer pessoa que saiba da história verdadeira, nomeadamente àqueles que acabaram de a ler através deste blog.

Não sou nada de censuras e até me considero um grande fã de humor negro, mas acho que a história de Brian Douglas Wells deveria ter tratada doutra forma e a sua memória merecia mais respeito. Para além disso, uma comédia supostamente tem piada e esta não tem nenhuma.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Drive

Drive:



Li na Empire deste mês que uma mulher americana processou os produtores deste filme por, aparentemente, o trailer parecer que se trata de um filme tipo The Fast and The Furious. Para eu próprio não ser processado deixo já o aviso: apesar do título e do que eventualmente possam achar do trailer, este não é um filme sobre condução de carros a alta velocidade.

Exemplo disso é a cena inicial, talvez a segunda melhor perseguição automóvel mostrada no cinema (a seguir ao Bullit, claro) mas que se caracteriza por ser metódica e não pela testosterona. Quem conduz o carro nessa altura é o Ryan Gosling, na pele de um duplo de cinema que faz uns biscates enquanto condutor de fugas após actividades, digamos, menos legais. Como ele diz aos potenciais clientes: ele não faz nada e não pega em armas, mas dêm-lhe uma janela de cinco minutos e podem contar com ele para o que quer que aconteça durante esses cinco minutos.

Este personagem interpretado pelo Ryan Gosling (um dos melhores actores desta nova geração? Assino por baixo!) não tem nome e é de muito poucas falas. A ideia do realizador (Nicolas Winding Refn) e do argumentista (Hossein Amini, baseado num livro de James Sallis) é deixar-nos sem saber quem ele é verdadeiramente pois ele próprio não sabe bem quem ou o que é.

Algo que fica bem definido, porém, é a sua ligação a Irene (Carey Mulligan) e ao filho, seus vizinhos e o mais próximo que parece ter tido de uma relação humana. Uma ligação tão forte que quando o marido de Irene volta para casa depois de ter passado uns tempos na prisão o nosso protagonista acabar por o ajudar, para que indirectamente Irene e o filho possam ser mais felizes.

Mas, como diz a tagline do filme "there are no clean getaways" (não há fugas fáceis). As coisas correm mal e muito vai ter de ser feito para proteger aquela mulher e aquela criança inocentes.

Desde a banda sonora (excelente) à fotografia, passando pelo guarda-roupa e pela forma como os silêncios são geridos, este filme é acima de tudo cool e impressionista. É por isso que estou com aqueles que o interpretam como tendo bastante mais para além da superfície. Para além de um filme de gangsters (que por vezes consegue ser bem violento, fica o aviso) Drive tem uma outra dimensão mais profunda mas que não é necessária para que saíamos satisfeitos da sala de cinema. Numa comparação meio simplista, pensem no Pulp Fiction.

Não é que Driver seja tão bom ou venha a ser tão influente como a obra-prima do Tarantino, mas enquanto filme desse género (que não consigo bem definir) é mesmo capaz de ser o melhor desde 1994 e não posso deixar de o recomendar a quem gosta de filmes nesta onda.

sábado, 19 de novembro de 2011

Bridesmaids

Bridesmaids:


Aqui há coisa de dois anos e meio estava no Porto com uma amiga e fomos ver o The Hangover. Eu gostei imenso (achei-o uma das melhores comédias dos tempos mais recentes) e ela não lhe achou piada nenhuma...daí, e de outras conversas com amigos e leitores aqui do estaminé, concluí - simplisticamente - que se tratava de um filme sobre gajos, para gajos. Esta minha conclusão vem agora abaixo com Bridesmaids, uma comédia ao estilo do The Hangover (não é por acaso que a Empire lhe chama The Hangovaries), com gajas (por contraposição a gajos) mas que não é só para gajas.

Aliás, se tivesse de optar por um único género, diria que esta é uma comédia para gajos. Felizmente não tenho e posso dizer-vos que se trata de uma comédia para todas as pessoas (independentemente do género) que gostam de rir. É uma comédia inteligente que mostra às senhoras do Sex and the City que se pode basear um filme cómico num grupo de mulheres com cabeça e aversão à futilidade.
A história é já nossa conhecida: duas amigas de infância; uma delas casa-se, a outra é madrinha; peripécias para organizar o casamento e a despedida de solteira. Sim, também tem uma sub-história amorosa e uma ou outras piadas que falham, mas esta é uma comédia que, ao contrário de tantas outras, distribuí piadas em quantidade e qualidade suficiente para nunca perder o interesse.

A diferença entre esta e outras comédias é que esta resulta, não vos sei dizer bem porquê mas muito por força da excelente interpretação da protagonista, Kristen Wiig. A ideia que passa é que não está a interpretar uma personagem mas sim que está a ser ela própria, e não é por acaso que depois aprendemos que tambén foi ela a argumentista do filme. Ora, se há algo importante na comédia é a espontaneidade (ou a impressão de que ela existe) e - provavelmente - é mesmo isso que faz com que filmes como este ou o Hangover sejam tão bem sucedidos: quando os vemos vemos um grupo de actores (ou actrizes) a divertir-se verdadeiramente, não a interpretar os seus papéis.

Pena é, portanto, que algumas cenas tenham sido forçadas pela produtora...não vos digo quais mas se virem o filme conseguem logo perceber, pois são as únicas que se destacam pela artificialidade. Sabem quando estão num grupo de amigos, a rir sabe-se lá do quê, até que alguém diz algo tão forçado que deixa de ter piada? Nessas situações, tal como deveria ter acontecido neste filme, o melhor seria deixar a conversa fluir e tentar não interferir com o fluir natural da conversa.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Beginners

Beginners:


Se analisarmos qualquer tipo de arte vemos que muitas vezes esta se rege por ciclos ou, noutra palavra, por modas. No cinema actual existem algumas modas também, sendo que uma delas foi (re)iniciada por filmes como o (500) days of Summer: histórias de amor com personagens a dar para o artístico/alternativo e com uma ou outra cena que parece fora de contexto mas que está ali apenas para mostrar o quão fixe/alternativo o filme é.

Se no caso do (500) days of Summer a coisa resultou (ao ponto de iniciar a tal moda) em Beginners a tentativa demasiado forçada de seguir esse estilo acaba por prejudicar a avaliação final que lhe posso fazer. Neste filme o total é inferior à soma das partes, diria um crítico de cinema com especial propensão para analogias matemáticas.

Se descontarmos esse esforço estilístico ficamos com uma história de amor entre uma rapariga daquelas que só são possíveis de conhecer nos filmes e um rapaz mais normal e profundamente pessimista no que toca a relações pessoas. Talvez por influência da falta de amor no casamento entre os seus pais, Oliver (Ewan McGregor) tem por hábito achar que tudo vai correr mal e, em consequência, sabotar o que estava bem até que passe a estar mal. Já Anna (Amélie Laurent, que conhecem do Inglourious Basterds) parece estar mais disponível para assentar e partilhar a vida com alguém, mesmo apesar de ter um pai também ele desiquilibrado emocionalmente.

Falo muito de pais porque um deles é uma peça central neste filme. Hal, pai de Oliver, esteve casado quase 50 anos com Georgia, mesmo sabendo que era gay, e é só depois da morte da sua mulher que - aos 75 anos - decide curtir a vida e experimentar a sua sexualidade em pleno. 

Assim dito, poderia parecer que Hal (o grande Christopher Plummer) serve apenas de escape cómico à história, mais amarga, do seu filho, mas felizmente o filme não é assim tão simplista. Depois de receber as piores notícias que se pode receber (c-a-n-c-r-o) Hal e o filho aproximam-se mais e, como que numa nova infância, Oliver acaba por aprender bastante com a forma como o pai lida com as dificuldades da vida.

E é essa a alegre mensagem que este filme triste me passou. Por muito má que vida seja, podemos sempre fazê-la melhor e por muito boa que seja há sempre quem a sabote e a torne pior. Mais do que os desenvolvimentos amorosos entre Oliver e Anna, interessou-me a relação entre pai e filho e é dela que retiro a sensação positiva com que fiquei quando a luz se acendeu.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

La Piel Que Habito

La Piel Que Habito:


Apesar de ter um dos posters mais feios dos últimos tempos lá fui eu ver o último filme do Almodóvar. Nem poderia deixar de ser, aliás, já que o Almodóvar é um daqueles realizadores dos quais faço questão de ver todos os novos filmes.

Curiosamente, este "film de Almodóvar" (como costuma apresentar sempre os seus filmes) é o menos Almodovariano até agora. Muitos fazem conexões aos thrillers do Hitchcock, com alguma razão, mas a história em que mais pensei foi na do Dr. Frankenstein. Aqui o Dr. Frankenstein chama-se Robert Ledgard, um cirurgião plástico residente em Toledo e que esconde um segredo dentro das paredes da casa em que vive.

Robert (António Banderas, que ao fim de quase 2 décadas volta a trabalhar com o realizador que o fez famoso) tem um projecto: criar uma super-pele artificial, resistente a queimaduras, picadas de insecto e sei lá mais quantas coisas. Quando apresenta o seu projecto à comunidade científica recebe tantos elogios como dúvidas em relação ao facto de fazer experimentação animal e, passado pouco tempo, é a própria academia espanhola de ciências que o proíbe de continuar. Acho que é escusado dizer-vos que continua...

Toda a atmosfera do filme é de tensão (daí as referências aos filmes do Hitchcock, presumo) enquanto voltamos atrás no tempo e conhecemos os motivos para que Robert tenha iniciado a sua experiência, o vemos a desenvolver a tal pele sintética e, finalmente, a pôr os conhecimentos que obteve em prática. No final, quando todas as peças do puzzle estão no sítio certo e a situação se resolve (o melhor possível, dadas as circunstâncias) os créditos começam a rolar e os espectadores ficam com uma de duas sensações: ou alívio e satisfação por Vera Cruz (Elena Anaya) ter conseguido o que tanto desejava e merecia ou enjoos por causa de algumas cenas anteriores.

Sim, porque aqui as famosas cores quentes do Almodóvar incluem o vermelho sangue e a sua excelente forma de transmitir sentimentos é bem aproveitada para explorar o medo e, mais tarde, a dependência dos personagens. Este não é um filme de terror daqueles que nos fazem saltar da cadeira mas - a meu ver - não deixa de ser um filme de terror. As provações porque Vicente (não vos digo quem é de propósito) passa são menos imediatas que as de personagens perseguidos por um louco com uma moto-serra mas, talvez por isso, mais intensas.

Em conclusão, este é um filme atípico: um Almodóvar que não é "um Almodóvar"; um filme de terror que ainda assim recomendaria à minha mãe e um bom filme que não cabe no meu top 3 Almodóvariano. Mais um exemplo de como as diferentes facetas se equilibram no meio caminho entre o brilhantismo e o esquecimento? Tem uma interpretação verdadeiramente fantástica (Bianca Suárez) mas também tem actores não portugueses/brasileiros a falar o português mais atroz da história do cinema. E aquele poster, aquele poster que parece ser feito para que as pessoas não queiram ver o filme!

sábado, 12 de novembro de 2011

The Adventures of Tintin

The Adventures of Tintin:


Era uma vez um pirralho chamado João Moreira. Esse pirralho tinha uns 11 anos quando alguém lhe deu o seu primeiro livro do Tintim (O Segredo do Licorne, curiosamente o livro em que este filme mais se inspira) e com esse livro ficou viciado. 22 dos 23 livros depois e cerca de 18 anos depois, esse pirralho já é adulto e vai ver a mais recente adaptação do mais famoso repórter (animado) belga. O que é que o ex-pirralho achou?

Achou que o ter lido tantas e tantas vezes as aventuras de Tintim fez com que o filme não fosse perfeito. É um problema recorrente na adaptação de livros: cada fã tem a sua ideia sobre os cenários ou sobre as vozes dos personagens, por exemplo. Neste caso a questão dos cenários não é relevante, uma vez que todos os vemos nos livros originais, mas a questão das vozes fez-me um bocado confusão.

Nem sequer é uma crítica, mas ouvir o Tintim a falar com pronúncia inglesa é um pouco estranho quando se sabe que o personagem é belga e sempre o ouvimos falar português com a nossa própria voz. Percebem o que quero dizer? Na mesma onda, faz-me confusão ouvir chamar a Milu de Snowy...Talvez este seja um filme no qual seria melhor ver a versão dobrada em português do que o original em inglês, não porque o original esteja mal - repito - mas para ser mais parecido com o Tintim que conheço há tantos anos.

"E para alguém que nunca teve ligação nenhuma ao Tintim, o filme vale a pena ou não?" perguntam vocês e muito bem. A minha companhia nesta sessão conhecia o Tintim mas nunca ligou minimamente aos livros e, perguntando-lhe o que achou, disse-me que era uma boa história de aventuras, ao mesmo tempo mais infantil e mais violenta do que estava à espera. Acho que é uma boa forma de definir o filme: aventuras pipoca (este é, sem dúvida, um chamado filme-pipoca) para miúdos já meio crescidos e graúdos não demasiado sério.

Em tempos Hergé disse que o único realizador capaz de fazer justiça aos seus livros era o Steven Spielberg. Entretanto já morreu e não pode opinar se tinha ou não razão quando disse isso: eu acho que sim. Muitos dos filmes do Spielberg são apontados precisamente para o público alvo destas aventuras e não são poucos os que vêm paralelismos entre a saga Indiana Jones e o Tintim. Spielberg é sem dúvida a escolha acertada para nos contar estas histórias no grande ecrã e a animação (ou, mais precisamente, o motion capture, que eu sou daqueles que percebe a diferença) o meio mais apropriado. Neste filme o mundo criado por Hergé está perfeitamente recriado e os seus personagens icónicos inteiramente respeitados, mesmo não tendo muito tempo de antena - tirando o Tintim (Jamie Bell, "o" Billy Elliot) e o Capitão Haddock (o meu favorito, intepretado por um brilhante Andy Serkis).

Dado o sucesso que este filme está a ter nas bilheteiras (sendo que ainda não estreou em muitos sítios) já foi anunciado que existirão sequelas. A primeira delas vai ser realizada pelo Peter Jackson (que produz este filme) mas contará com a participação do Spielberg enquanto produtor. Não sei qual será o ou os livros que adaptará, eu vou estar lá para a ver. A minha relação com o Tintim vai continuar.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Férias (ou algo parecido)

Olá olá!

Venho pelo presente avisar os meus queridos leitores de que continuo vivo e de boa saúde. Estou a gozar de umas férias (ou algo parecido) e conto publicar as cinco SMR que tenho atrasadas algures durante a próxima semana.

Até lá!