segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Drive

Drive:



Li na Empire deste mês que uma mulher americana processou os produtores deste filme por, aparentemente, o trailer parecer que se trata de um filme tipo The Fast and The Furious. Para eu próprio não ser processado deixo já o aviso: apesar do título e do que eventualmente possam achar do trailer, este não é um filme sobre condução de carros a alta velocidade.

Exemplo disso é a cena inicial, talvez a segunda melhor perseguição automóvel mostrada no cinema (a seguir ao Bullit, claro) mas que se caracteriza por ser metódica e não pela testosterona. Quem conduz o carro nessa altura é o Ryan Gosling, na pele de um duplo de cinema que faz uns biscates enquanto condutor de fugas após actividades, digamos, menos legais. Como ele diz aos potenciais clientes: ele não faz nada e não pega em armas, mas dêm-lhe uma janela de cinco minutos e podem contar com ele para o que quer que aconteça durante esses cinco minutos.

Este personagem interpretado pelo Ryan Gosling (um dos melhores actores desta nova geração? Assino por baixo!) não tem nome e é de muito poucas falas. A ideia do realizador (Nicolas Winding Refn) e do argumentista (Hossein Amini, baseado num livro de James Sallis) é deixar-nos sem saber quem ele é verdadeiramente pois ele próprio não sabe bem quem ou o que é.

Algo que fica bem definido, porém, é a sua ligação a Irene (Carey Mulligan) e ao filho, seus vizinhos e o mais próximo que parece ter tido de uma relação humana. Uma ligação tão forte que quando o marido de Irene volta para casa depois de ter passado uns tempos na prisão o nosso protagonista acabar por o ajudar, para que indirectamente Irene e o filho possam ser mais felizes.

Mas, como diz a tagline do filme "there are no clean getaways" (não há fugas fáceis). As coisas correm mal e muito vai ter de ser feito para proteger aquela mulher e aquela criança inocentes.

Desde a banda sonora (excelente) à fotografia, passando pelo guarda-roupa e pela forma como os silêncios são geridos, este filme é acima de tudo cool e impressionista. É por isso que estou com aqueles que o interpretam como tendo bastante mais para além da superfície. Para além de um filme de gangsters (que por vezes consegue ser bem violento, fica o aviso) Drive tem uma outra dimensão mais profunda mas que não é necessária para que saíamos satisfeitos da sala de cinema. Numa comparação meio simplista, pensem no Pulp Fiction.

Não é que Driver seja tão bom ou venha a ser tão influente como a obra-prima do Tarantino, mas enquanto filme desse género (que não consigo bem definir) é mesmo capaz de ser o melhor desde 1994 e não posso deixar de o recomendar a quem gosta de filmes nesta onda.

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