sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Angèle et Tony



Já o disse aqui algumas vezes e continuarei a dizê-lo enquanto for verdade: o Verão está para o cinema como a Caras está para a imprensa...quem programa as exibições em sala deve pensar que lá porque está calor não gostamos de pensar e, consequentemente, espeta-nos com blockbusters atrás de blockbusters (tanto bons como de terceira categoria), mas felizmente de vez em quando surgem boas surpresas como Angèle et Tony.

Soube deste filme por causa do trailer, que passou antes do The Conspirator, fui vê-lo já há quase uma semana e agora sinto-me na obrigação de espalhar a boa nova: no Verão também há filmes de jeito!

Um aviso àqueles que clickaram no link e viram o trailer: o ambiente do filme é menos "contente" que aquele que o trailer deixa passar, é uma história mais feita de silêncios e reflexão, mas não, não é uma estopada intelectualóide.

A história é de amor, de como por vezes não são as pessoas mais parecidas connosco as mais indicadas para nós. Por vezes são os extremos que se atraem (como nos ímans) e por vezes, mais raramente, precisamos de uma pessoa com características diametralmente opostas para nos sentirmos completos e mais equilibrados.

Angèle é a protagonista que se envolve com Tony. Tem um passado obscuro, o qual não partilha de imediato, e inicialmente as suas intenções não são as melhores. Tony é o homem que a contacta através de um petit annonce num jornal; vive numa aldeia piscatória, precisa de companhia feminina e de alguém que o ajude a cuidar da mãe, sozinha desde que o pai - pescador - desapareceu no mar.

A narrativa deste filme não é inovadora, já que segue a estrutura mais batida neste tipo de filmes, a (grande) diferença é que aqui os papéis não são os mais óbvios e as interpretações são fora de série.

Grégory Gadebois vai bem como um Tony taciturno e tão agressivo como a sua comunidade piscatória espera de um verdadeiro homem, mas - perdoe-me o Grégory - quem rouba o espectáculo todo é Clotilde Hesme. É verdade que o facto de não a conhecer ajuda muito, mas não consigo imaginar outra pessoa para fazer de Angèle, é simplesmente perfeita.

Em conclusão, se gostam de filmes com substância, mesmo no Verão, vão ver. Se gostam de cinema francês no geral vão ver. Se estão à espera de explosões e tiros, se calhar é melhor optarem por outra coisa, talvez a minha próxima SMR seja mais indicada.

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