sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Les chansons d'amour



Acho que pelo histórico de SMR aqui do estaminé dá para ver que os musicais não são a minha onda. Não me consigo ligar a um mundo em que as pessoas cantam e dançam só porque sim, sou demasiado insensível, talvez. O único musical de que gostei (e só mais ou menos) foi o Moulin Rouge, porque aí tudo é extravagante e as cantorias e danças quase passam despercebidas.

Infelizmente para o Paulo Branco (produtor deste filme e "Senhor Medeia") a minha lista de musicais de que gostei vai continuar a ter essa única entrada. Les chansons d'amour sofre por ser o oposto do que disse acima sobre o filme do Baz Luhrmann...tudo é realista, sério até e - do nada - as pessoas começam a cantar as suas falas. Para mim, isso é sinónimo de caldo entornado porque qualquer ligação emocional que estivesse a criar com os personagens vai ao ar, assim como a minha atenção.

É uma pena, por acaso, porque consigo imaginar que esta história desse um excelente filme não musicado e que, como tal, mereceria mais elogios da minha parte. A história é a de um trio (duas mulheres, Julie e Alice, e um homem, Ismaël) que alegremente partilha a sua sexualidade até que o triângulo se desfaz por morte de um dos seus vértices. Depois desse evento, quase no início do filme, vamos ver como - a cantar mais ou menos alegremente - os dois elementos restantes e os familiares e amigos do defunto lidam com a sua perda.

Admito que o filme seja bom, as interpretações são boas, as músicas estão bem escritas (não tão bem interpretadas, acho eu, ao ponto de ter notado algumas diferenças de voz suspeitas quando começam a cantar) e tem uma frase final - Aime-mois moins, mais aime-mois longtemps - que me bateu forte e que pôs muita gente nos fóruns do IMDB a conversar. É uma história adulta, de sexo, amor, dor, perda e amor novamente, que - a meu ver - se perde por se tornar leviana dada escolha estilística do realizador (Christophe Honoré).

O problema sou eu, não é o filme, poderia dizer parafraseando uma frase-feita dos desencontros de amor. Por isso se acharem que conseguem continuar ligados ao filme quando as cantorias começam força, vejam-no se é que ainda não o virem, se forem como eu é que provavelmente terão o mesmo veredicto final: quem me dera que tivessem feito tudo de uma forma mais realista.

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