(não é o poster do filme, claro, mas também não é um anúncio à Gilette...não há poster, arranja-se um frame)
Vamos ponto por ponto.
O título: Este filme tem um problema em comum com o blog que estão a ter o prazer de ler, porquê um título em inglês quando o filme é português e maioritariamente falado em francês? Eu confesso que a única justificação que tenho para o meu blog em português ter um título em inglês deve-se ao acaso...o meu LJ, onde as SMR foram criadas, chamava-se tales.from.the.outside.world:. e achei que este era um bom título para a secção de cinema. E tu, Gonçalo Soares, qual é a tua razão?
A história: Louis (assim mesmo à francesa, apesar do protagonista ser português) é um aspirante a artista e está aborrecido, como muitos os aspirantes a artistas costumam estar. Ao longo do filme acompanhamos as suas idas ao cinema (3 vezes num dia, se bem me lembro, é tipo eu durante o Indie), as suas tentativas falhadas de criar arte através de uma "inspiração" (para não lhe chamar outra coisa) noutros artistas e, finalmente, sabemos que se decidiu a apaixonar-se (interessante decisão). Por quem se apaixona? Pela rapariga das legendas que dá o nome a esta curta, a responsável pela legendagem do terceiro dos filmes que vê. É uma vida interessante? Nem por isso, mas muitas vidas aborrecidas já deram filmes muito bons.
A realização: A meu ver o ponto mais alto desta curta é a ideia de ter um dia tão banal narrado como se fosse digno de épicos históricos. O encanto da voz-off contrasta com o desencanto do protagonista e esse entusiasmo feminino é provavelmente a única coisa que faz o filme sobressair...se estivéssemos perante o mesmo filme sem a narração penso que não teria metade do valor e não nos ficaria na cabeça. Pena é o ser em francês! Não quero entrar naquela polémica que surgiu quando o Sam the Kid lançou o Poetas de Karaoke, mas tenho alguma pena que haja no cinema português uma tão forçada colagem à estética cinemática francesa...deviamos orgulhar-nos de ter a nossa própria escola, e usar a nossa língua deveria ser uma das bandeiras desse orgulho. Neste caso só se safam porque seria parvo um filme chamado Subtitle Girl que não tivesse legendas!
Tirando isso só queria deixar mais duas notas, uma positiva (mais ou menos) e outra negativa, e como quando me dizem "tenho uma boa notícia e uma má, qual queres ouvir primeiro?" escolho sempre a má vou começar pela nota negativa: normalmente queixo-me de filmes que deveriam ser curtas mas se alongam demasiado, aqui queixo-me do inverso! Não digo que haja história para fazer uma longa, mas a edição é demasiado rápida (sobretudo no início) quando penso que seria positivo demorarmos mais tempo quando o sentimento máximo que se pretende passar é o tédio.
E agora a nota mais positiva: o preto e branco é uma boa escolha. Muitas vezes realizadores menos experientes querem emular o que vêem no grande ecrã e acabam por querer mais do que a sua técnica (e o orçamento) permitem. Aqui o realizador Gonçalo Soares aproveitou bem as (presumíveis) limitações que tinha e optou por um preto e branco que mais facilmente embeleza imagens que a cores seriam negligenciáveis. No entanto esta opção tem um contra, em cenas em que é necessário grande contraste (como aquelas no cinema) a qualidade de imagem desce a níveis pré-VHS. Mas já estou a entrar em demasiados tecnicismos!
Em conclusão, sei que este foi um trabalho de final de curso e isso nota-se. Não é uma ideia particularmente original (mas nunca o ousou ser, o próprio filme está cheio de referências cinematográficas), a execução está ao nível do contexto (trabalho de final de curso, remember?) mas até tem algumas ideias interessantes: a escolha do preto e branco é boa, a ideia da voz-off é bastante boa, a própria voz é agradável (imaginem se não fosse, num filme tão dependente disso) e como tal não me posso de todo queixar. São 16 minutos bem passados.
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