segunda-feira, 27 de junho de 2011

Get Low




É comum dizer-se que Hollywood não é amigo de actores velhos. É uma indústria baseada na juventude e que papéis para pessoas com mais de 50 ou 60 só mesmo para servir de avós aos protagonistas. Pois se essa é a regra, Get Low é a excepção.

O protagonista, Felix Bush - interpretado pelo Robert Duvall, já com 80 anos - sente que está com os pés para a cova e decide começar a preparar a sua partida. O problema? Há 40 anos que vive como um eremita na sua cabana, não fala com ninguém e todos seus vizinhos têm medo dos muitos rumores que já ouviram sobre ele. A solução? Falar com o agente funerário da terra (o Bill Murray, 20 anos mais novo) e em troca de um punhado de dólares fazer uma festa de funeral (em que festa é a operative word) onde todos aqueles que queiram falar sobre ele o possam fazer.

A preparação da festa torna-se difícil. Em primeiro lugar estamos em finais do século XIX e como tal a ideia de uma festa relacionada com um funeral é de difícil aceitação, ainda mais quando o morto que se festeja ainda está vivo. Em segundo lugar porque, durante os 40 anos de reclusão a que se forçou, Felix manteve a dureza dos velhos tempos e os únicos contactos que tem com o mundo exterior são as janelas que as crianças da vila lhe partem à pedrada e os tiros que recebem como resposta. Digamos que não são termos propriamente amigáveis e Frank (o agente funerário) vai ter de se esforçar.

A festa lá acontece e é durante a mesma que finalmente Felix esclarece o que se passou para se ter forçado àquela "prisão sem grades", como ele próprio caracteriza a sua solidão forçada. Não vos vou dizer essa razão sob pena de vos estragar o filme, mas vou adiantando que, apesar de pôr em causa uma amizade recentemente reatada, a história que Felix tem para contar sobre si próprio promete mais do que acaba por cumprir.

E é esse o grande problema deste filme que, caso contrário, estaria mais acima na minha lista de recomendações. As interpretações dos "idosos" Duvall, Murray e Spacek (Sissy Spacek) mostram que a experiência está intimamente ligada à sua qualidade, o look do filme está muito bem conseguido (imaginem um western sem tiroteios) e o crescendo até à famosa festa mantém-nos muito interessados no que se está a passar...apenas para depois acharmos que a revelação poderia ser melhor.

É uma oportunidade perdida num filme que, não sendo uma prioridade, não deixa de ser um bom programa para quem goste de cinema com uma alma que só a idade consegue transmitir.

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