O realizador de Tulpan, Sergei Dvortsevoy, é um documentarista que aqui tentou o seu primeiro filme de ficção. Se a ideia era apenas contar uma história ficcionada com tudo o resto a parecer bastante real então o objectivo está conseguido e o senhor está de parabéns...não sei se os personagens são interpretados por actores ou por alguém sem experiência, mas se a primeira opção for verdadeira a segunda parece bastante mais razoável.
Tulpan é a história de uma família que vive num yurt nas estepes do Cazaquistão, onde se dedicam à pastagem de ovelhas. Ondas e Asa são os protagonistas antagónicos do filme, mesmo sendo família e vivendo juntos naquele deserto. Ondas é o patriarca, um homem que sabe que a vida é dura e que vive para trabalhar: não aparenta ter sonhos (se bem que tem um interesse peculiar pelas notícias do mundo) e quando não está junto ao seu rebanho parece desligar mentalmente. Asa, por outro lado, é o seu filho mais velho, acabado de chegar da Marinha e com o sonho de assentar arraiais naquela zona e ter a sua família.
A sua primeira (e única) tentativa é Tulpan, a rapariga que dá nome ao filme e a qual nunca vemos propriamente. É a única tentativa porque não existem mais raparigas naquela zona para além das irmãs de Asa. Quando Tulpan rejeita asa por causa do comprimento das suas orelhas (yup, leram bem) a vida do rapaz torna-se um mar de ânsias: o patrão do pai não lhe dá o seu próprio rebanho enquanto for solteiro, a relação familiar não corre nada bem, sobretudo porque Asa não tem mesmo jeitinho nenhum para ser pastor e o seu melhor amigo insiste que deveriam ir para a capital, em busca de dinheiro e mulheres.
Mas Asa está tão ligado à estepe como este filme. É ali que se sente em casa e por muito que a vida seja dura, com tornados frequentes (e muito bem filmados) e uma poeira que me deixaria louco, é ali que a vida para ele é vida. Ele que já viu o mundo, incluindo polvos e tubarões que para os restantes habitantes daquele yurt são criaturas míticas.
Nós ao vermos este filme testemunhamos cenas que poderiam ser um filme realizado pelo meu amigo Diogo ou uma nova versão do Gato Preto Gato Branco: um burro penetrador enquanto uma criança de 3 anos passa à frente, respiração boca a boca a ovelhas, um melhor amigo que está tão perto de ser (medicamente) louco como de ser atrasado mental, etc., etc., etc. Tudo isto é interessante para que se conheça uma realidade que - vista do mundo dito ocidental - parece medieval, mas não estranharei se me disserem que depois de terem visto o filme rapidamente o esqueceram. Acho que é isso que me vai acontecer.
Acho que é isso que já te está a acontecer.
ResponderExcluirO Asa é cunhado do Ondas. :)
Olha ela! Como estás dona Car(olina)?
ResponderExcluirObrigado pela dica. Realmente já me esqueci do filme, mas esse erro é inaceitável...vou já ali dar-me um tautau