The Tourist foi um fracasso da crítica, que o viu como fraco a nível de caracterização de personagens e desnecessário por ser o remake de um filme francês do longínquo ano de 2005. Eu partilho de ambas as opiniões, mas – pára tudo! – achei o filme engraçado e merecedor do vosso tempo.
Analisemos as críticas mais frequentes ponto por ponto:
1. Aqueles personagens são tão básicos que tenho de concordar com o Ricky Gervais quando disse que o ano de 2010 foi tão bom para o 3D que o único filme sem profundidade foi o The Tourist: é verdade, são tão básicas que nem precisariam de nomes, bastaria serem, ao estilo de um The Road meets romances de cordel, “O Turista”, “A Gaja Boa”, “O Mafioso Mauzão” e/ou “O Polícia Que Não Desiste”. Quase nenhum deles tem qualquer história para além disso, o que tem (“O Turista”) não faz sentido nenhum e mesmo os secundários são pouco mais que cut-out cards.
2. Mas que raio de ideia foi essa de fazer um remake de um filme de 2005, hein?: pois é, mas em relação ao Låt den rätte komma in o período entre o original e o remake foi ainda mais curto e ninguém se queixou (disso!). Não sei se o original é melhor ou pior que este porque não o vi mas mesmo eu que sou contra a onda americana de remakes só porque não lhes apetece ler legendas acho que não é razão para criticarem este filme.
A estas críticas eu, que – repito – achei o filme razoável – acrescento mais umas quantas que já li por aí e com as quais concordo: o Johnny Depp vai muito mal enquanto “O Turista”, nada ao nível daquele que é um dos melhores da sua geração (parece permanentemente sedado!); por causa dessa má interpretação não há nenhuma química entre ele e a “A Gaja Boa” (Angelina Jolie), sendo que o filme precisa dessa química para ser minimamente interessante; o realizador Florian Henckel von Donnersmarck desceu de cavalo para burro ao seguir o Das Leben den Anderen com este cócó fluante num qualquer canal de Veneza; não faz sentido nenhum a história depender de um encontro meramente casual; o Paul Bettanny é um banana; etc. etc. etc.
Mas, por incrível que pareça, o vosso crítico favorito também consegue arranjar uns quantos elogios: a Angelina Jolie vai muito bem enquanto “A Gaja Boa”, num papel que se fosse de um filme mais antigo e com menos acção iria direitinho para uma qualquer Grace Kelly desta vida; Paris e sobretudo Veneza são filmados com um rigor incrível e que – também aqui – faz lembrar um filme dos anos 70 (não fossem as imensas geringonças high-tech); o filme dá-nos vontade de ser turistas; a banda sonora levaria um bom pequeno se estivesse na Secundária; e ... não estou a ver assim mais nada.
Olhando para o tamanho dos parágrafos a análise final deveria ser negativa, não era? Era! Pois, mas isso era se estivessem a ler o blog objectivemoviereviews.blogspot.com (e vale a pena irem lá dar um salto). Aqui nada tem necessariamente de fazer sentido e é por isso que apesar de tudo vos digo “Ide, ide gastar o vosso dinheirinho ou os limites de download da vossa internet”.
Pensem num Missão Impossível (versão série de TV) ou num Knight Rider...séries que se virmos agora pensamos “’nhanossassenhora, como é que eu vi isto? Tanto disparate!) mas a verdade é que enquanto a viam se divertiram. Foi o que se passou comigo, no cinema apreciei (bela palavra!) e não é o facto de o filme não sobreviver a uma análise mais rigorosa que me vai impedir de dizer que é, não mais que isto (atenção!), girito.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
The Tourist
The Tourist:
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
The Last Station
The Last Station:

Toda a gente conhece Tolstoy, o autor dos clássicos Guerra e Paz e Anna Karenina, já para não falar de tantos outros contos e escritos menos conhecidos mas não de menos qualidade. Já menos gente conhecerá Tolstoy, o filósofo social cujas ideias de abolição da propriedade privada e resistência pacífica, já para não falar da abstinência sexual, inspiraram Gandhi.
Eu era uma dessas pessoas, só conhecia a mais famosa vertente da vida de Lyev Nikolayevich Tolstoy até ter visto o mais recente filme de Michael Hoffman, um realizador que já trabalhou com muitos actores de renome mas que não sai, perdoe-se a expressão, da cepa torta. The Last Station é o título desse filme e o seu objecto é o tolstoianismo, a tal corrente filosófica, mais do que a sua obra literária.
Antes de seguir com a SMR deixem-me fazer um aviso: as interpretações principais deste filme estão a um nível muito alto, Helen Mirren e Christopher Plummer foram nomeados para Óscares mas não ganharam e Paul Giamatti não foi mas devia ter sido. Os actores secundários também não estão mal, mas aquele trio realmente bate tudo.
Voltando ao que estava a dizer. O tolstoianismo é definido como sendo uma espécie de anarquismo cristão derivado das interpretações bíblicas feitas por Tolstoy que, sendo de origens nobiliárquicas, rejeitou a propriedade privada e ainda em vida viu o seu movimento crescer a ponto de ter assustado a Rússia czarista e mais tarde a Rússia soviética. Em consequência das suas ideias, Tolstoy preparava-se para abdicar dos direitos de autor das suas obras, tendo com isso criado conflitos com a sua mulher Sophia Tolstaya, também ela de boas famílias e que não acompanhava os ideais do marido.
Este aspecto é fulcral para o filme, na medida em que a tensão criada por esta divergência do casal é fulcral para o avanço do filme, tal como o foi para a fase final da vida do autor. Pelo que o filme dá a entender (e acredito que assim tenha sido na realidade, tantos são os dados históricos relativamente a Tolstoy) o próprio fundador do movimento considerava-se “menos tolstoista que os tolstoistas” pelo que Sophia e Chertkov (o mais acérrimo defensor do movimento) tentavam puxar o autor cada um para o seu lado, ele por achar que Tolstoy era um ícon cujas acções tinham significado a nível global, ela por achar que sem o principal income da família Tolstoy não poderia providenciar a ela e aos filhos um futuro apropriado.
No meio desta barafunda toda está Bulgakov, o personagem que seguimos mais proximamente, também ele tolstoiano (ou tolstoianista?), também admirador do escritor mas alguém que ao longo do filme (não sei como terá sido na realidade, já que este personagem parece ser mais ficcionalizado) vai tentando conciliar ambos os lados da barricada. E tem, claro, um caso amoroso com uma seguidora do movimento que é perfeitamente dispensável na história, mas pronto.
É ele que assiste mais de perto aos últimos tempos da vida de Tolstoy e são os seus diários (bem como fotos e vídeos (!) feitos por jornalistas para registar a vida do escritor) que permitiram que esta história fosse feita. Estes diários, em conjunto os dos restantes habitantes de Yasnaya Polyana (há até uma piada recorrente ao longo do filme sobre o quanto se escrevia naquela casa) serviram de base ao romance que este filme adapta.
The Last Station parece um filme de época, um dos géneros de filmes que mais abomino e razão pela qual o vi tão tarde, mas que isso não vos desmotive. Ao contrário do costume aqui não vão ver histórias de amores impossíveis, aprenderão sim um pouco mais sobre a vida de um dos maiores escritores de todos os tempos e, ao mesmo tempo, saem da sala com o prazer de ter visto trabalhos de interpretação bem acima da média. Só por isso já vale a pena.

Toda a gente conhece Tolstoy, o autor dos clássicos Guerra e Paz e Anna Karenina, já para não falar de tantos outros contos e escritos menos conhecidos mas não de menos qualidade. Já menos gente conhecerá Tolstoy, o filósofo social cujas ideias de abolição da propriedade privada e resistência pacífica, já para não falar da abstinência sexual, inspiraram Gandhi.
Eu era uma dessas pessoas, só conhecia a mais famosa vertente da vida de Lyev Nikolayevich Tolstoy até ter visto o mais recente filme de Michael Hoffman, um realizador que já trabalhou com muitos actores de renome mas que não sai, perdoe-se a expressão, da cepa torta. The Last Station é o título desse filme e o seu objecto é o tolstoianismo, a tal corrente filosófica, mais do que a sua obra literária.
Antes de seguir com a SMR deixem-me fazer um aviso: as interpretações principais deste filme estão a um nível muito alto, Helen Mirren e Christopher Plummer foram nomeados para Óscares mas não ganharam e Paul Giamatti não foi mas devia ter sido. Os actores secundários também não estão mal, mas aquele trio realmente bate tudo.
Voltando ao que estava a dizer. O tolstoianismo é definido como sendo uma espécie de anarquismo cristão derivado das interpretações bíblicas feitas por Tolstoy que, sendo de origens nobiliárquicas, rejeitou a propriedade privada e ainda em vida viu o seu movimento crescer a ponto de ter assustado a Rússia czarista e mais tarde a Rússia soviética. Em consequência das suas ideias, Tolstoy preparava-se para abdicar dos direitos de autor das suas obras, tendo com isso criado conflitos com a sua mulher Sophia Tolstaya, também ela de boas famílias e que não acompanhava os ideais do marido.
Este aspecto é fulcral para o filme, na medida em que a tensão criada por esta divergência do casal é fulcral para o avanço do filme, tal como o foi para a fase final da vida do autor. Pelo que o filme dá a entender (e acredito que assim tenha sido na realidade, tantos são os dados históricos relativamente a Tolstoy) o próprio fundador do movimento considerava-se “menos tolstoista que os tolstoistas” pelo que Sophia e Chertkov (o mais acérrimo defensor do movimento) tentavam puxar o autor cada um para o seu lado, ele por achar que Tolstoy era um ícon cujas acções tinham significado a nível global, ela por achar que sem o principal income da família Tolstoy não poderia providenciar a ela e aos filhos um futuro apropriado.
No meio desta barafunda toda está Bulgakov, o personagem que seguimos mais proximamente, também ele tolstoiano (ou tolstoianista?), também admirador do escritor mas alguém que ao longo do filme (não sei como terá sido na realidade, já que este personagem parece ser mais ficcionalizado) vai tentando conciliar ambos os lados da barricada. E tem, claro, um caso amoroso com uma seguidora do movimento que é perfeitamente dispensável na história, mas pronto.
É ele que assiste mais de perto aos últimos tempos da vida de Tolstoy e são os seus diários (bem como fotos e vídeos (!) feitos por jornalistas para registar a vida do escritor) que permitiram que esta história fosse feita. Estes diários, em conjunto os dos restantes habitantes de Yasnaya Polyana (há até uma piada recorrente ao longo do filme sobre o quanto se escrevia naquela casa) serviram de base ao romance que este filme adapta.
The Last Station parece um filme de época, um dos géneros de filmes que mais abomino e razão pela qual o vi tão tarde, mas que isso não vos desmotive. Ao contrário do costume aqui não vão ver histórias de amores impossíveis, aprenderão sim um pouco mais sobre a vida de um dos maiores escritores de todos os tempos e, ao mesmo tempo, saem da sala com o prazer de ter visto trabalhos de interpretação bem acima da média. Só por isso já vale a pena.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
W.
W.:

Quem me lê desde o início deste blog (já lá vão dois anos!) e tem uma memória prodigiosa de certeza que se lembra de eu ter dito, em relação ao Michael Moore que gostava dos documentários do senhor, concordava com muita da sua ideologia mas que tinha pena que ele fosse tão pouco objectivo na forma como apresenta os factos e, sobretudo, como manipula as entrevistas.
O mesmo se passa, em menor escala, com o Oliver Stone neste filme. É de conhecimento geral que o realizador de Platoon, JFK ou South of the Border (um documentário que me recuso a ver, tal a minha discordância com o “tema”, falo de Hugo Chávez) é um esquerdista assumido e um crítico aceso do anterior Presidente dos EUA, George W. Bush. Também eu me considero de esquerda e também eu muitas vezes manifestei publicamente (entre o meu grupo de amigos, entenda-se) a minha insatisfação com um Presidente que não é meu mas afectou (e afecta) a forma como todos nós vivemos as nossas vidas. O problema aqui é que se tenta ridicularizar o homem e não tanto explorar a sua vida, pessoal e/ou política.
Alguns dirão (como se calhar eu diria se estivesse a ler e não a escrever) que é impossível não ridicularizar um anterior “homem mais poderoso do mundo” que dizia frases como “a maioria das nossas importações vêm do estrangeiro” e que acenou para cumprimentar o Stevie Wonder. É verdade que sim, ele presta-se a isso, mas um filme que se quer sério de um realizador com grande mérito deveria limitar o uso destes tais bushismos ou de momentos mais surreais da sua vida para a retratar.
É com isto que o filme se perde, porque caso contrário até poderia ser interessante. A história é apresentada em flashbacks e flashforwards entre a juventude do ex-Presidente (claro que tinha de ser um gajo das fraternidades!) e o seu papel na invasão do Iraque. Poderia, até, ser um interessante complemento ao Fair Game, sobre o qual escrevi há pouco tempo, por mostrar o outro lado do “campo de batalha” americano.
Seria interessante para mim, aprofundar sobretudo duas realidades, a primeira delas é uma frase dita pelo Bush pai (“Quem pensas que és? Um Kennedy?”), que me deixou a pensar sobre o peso que não deve ser ter uma família tão bem sucedida. No caso dos Kennedy isso aconteceu: uma irmã do JFK foi submetida a uma lobotomia em 1941 por ser considerada atrasada mental, mas actualmente muitos médicos consideram que estaria longe de o ser, tirando por comparação com os restantes membros de uma das famílias mais poderosas de sempre. O mesmo se passa com os Bush...não digo que George seja lobotomizado ou atrasado mental, mas não me parece irreal de todo que o grande sucesso político do pai e académico do irmão ajudassem a um sentimento de impotência do senhor W., contribuindo para o seu – também ele real – alcoolismo do passado.
O segundo aspecto que gostaria de saber mais tem a ver com a forma como, pelo menos no filme, Colin Powell se opôs à Invasão do Iraque. Não tinha, de todo, essa ideia (apesar de saber do seu apoio ao Obama) mas pelo que o filme retrata dá ideia que dentro daquele Situation Room só ele se opôs àquela decisão, sendo que – curiosamente- era ele “o” militar.
Não sei se foi realmente assim, mas numa coisa o filme é realista. Com o tempo a passar torna-se cada vez mais claro que quem mandava na cabeça do Bush júnior era o Dick Cheney. Ele pode não ter feito o discurso chave do filme (em que abertamente refere que os EUA vão para o Iraque por causa do petróleo e que “...there is no exit strategy! We stay!”), espero honestamente que não o tenha feito e muito menos no Situation Room, mas a cena em que entrega a Bush a documentação do Patriot Act é assustadoramente verosímil e demonstra quem era realmente o commander in chief.
E com estas coisas todas já me perdi um bocado na SMR propriamente dita por isso vou usar os meus super poderes de sumarização e dizer: o tema é interessante, as interpretações são OK (o Josh Brolin vai bem como W., as restantes parece-me que se esforçaram demasiado por ter actores parecidos com as pessoas reais e de menos em ter qualidade garantida) mas o tom é demasiado “revisteiro” para que se possa dizer que este é o biopic definitivo sobre um dos grandes responsáveis pelo estado actual do nosso mundo.

Quem me lê desde o início deste blog (já lá vão dois anos!) e tem uma memória prodigiosa de certeza que se lembra de eu ter dito, em relação ao Michael Moore que gostava dos documentários do senhor, concordava com muita da sua ideologia mas que tinha pena que ele fosse tão pouco objectivo na forma como apresenta os factos e, sobretudo, como manipula as entrevistas.
O mesmo se passa, em menor escala, com o Oliver Stone neste filme. É de conhecimento geral que o realizador de Platoon, JFK ou South of the Border (um documentário que me recuso a ver, tal a minha discordância com o “tema”, falo de Hugo Chávez) é um esquerdista assumido e um crítico aceso do anterior Presidente dos EUA, George W. Bush. Também eu me considero de esquerda e também eu muitas vezes manifestei publicamente (entre o meu grupo de amigos, entenda-se) a minha insatisfação com um Presidente que não é meu mas afectou (e afecta) a forma como todos nós vivemos as nossas vidas. O problema aqui é que se tenta ridicularizar o homem e não tanto explorar a sua vida, pessoal e/ou política.
Alguns dirão (como se calhar eu diria se estivesse a ler e não a escrever) que é impossível não ridicularizar um anterior “homem mais poderoso do mundo” que dizia frases como “a maioria das nossas importações vêm do estrangeiro” e que acenou para cumprimentar o Stevie Wonder. É verdade que sim, ele presta-se a isso, mas um filme que se quer sério de um realizador com grande mérito deveria limitar o uso destes tais bushismos ou de momentos mais surreais da sua vida para a retratar.
É com isto que o filme se perde, porque caso contrário até poderia ser interessante. A história é apresentada em flashbacks e flashforwards entre a juventude do ex-Presidente (claro que tinha de ser um gajo das fraternidades!) e o seu papel na invasão do Iraque. Poderia, até, ser um interessante complemento ao Fair Game, sobre o qual escrevi há pouco tempo, por mostrar o outro lado do “campo de batalha” americano.
Seria interessante para mim, aprofundar sobretudo duas realidades, a primeira delas é uma frase dita pelo Bush pai (“Quem pensas que és? Um Kennedy?”), que me deixou a pensar sobre o peso que não deve ser ter uma família tão bem sucedida. No caso dos Kennedy isso aconteceu: uma irmã do JFK foi submetida a uma lobotomia em 1941 por ser considerada atrasada mental, mas actualmente muitos médicos consideram que estaria longe de o ser, tirando por comparação com os restantes membros de uma das famílias mais poderosas de sempre. O mesmo se passa com os Bush...não digo que George seja lobotomizado ou atrasado mental, mas não me parece irreal de todo que o grande sucesso político do pai e académico do irmão ajudassem a um sentimento de impotência do senhor W., contribuindo para o seu – também ele real – alcoolismo do passado.
O segundo aspecto que gostaria de saber mais tem a ver com a forma como, pelo menos no filme, Colin Powell se opôs à Invasão do Iraque. Não tinha, de todo, essa ideia (apesar de saber do seu apoio ao Obama) mas pelo que o filme retrata dá ideia que dentro daquele Situation Room só ele se opôs àquela decisão, sendo que – curiosamente- era ele “o” militar.
Não sei se foi realmente assim, mas numa coisa o filme é realista. Com o tempo a passar torna-se cada vez mais claro que quem mandava na cabeça do Bush júnior era o Dick Cheney. Ele pode não ter feito o discurso chave do filme (em que abertamente refere que os EUA vão para o Iraque por causa do petróleo e que “...there is no exit strategy! We stay!”), espero honestamente que não o tenha feito e muito menos no Situation Room, mas a cena em que entrega a Bush a documentação do Patriot Act é assustadoramente verosímil e demonstra quem era realmente o commander in chief.
E com estas coisas todas já me perdi um bocado na SMR propriamente dita por isso vou usar os meus super poderes de sumarização e dizer: o tema é interessante, as interpretações são OK (o Josh Brolin vai bem como W., as restantes parece-me que se esforçaram demasiado por ter actores parecidos com as pessoas reais e de menos em ter qualidade garantida) mas o tom é demasiado “revisteiro” para que se possa dizer que este é o biopic definitivo sobre um dos grandes responsáveis pelo estado actual do nosso mundo.
Este é o segundo filme do Oliver Stone que aqui analiso (este é anterior ao Wall Street 2: Money Never Sleeps) e nem um nem outro me deixaram muito satisfeito. A anterior filmografia dele ainda lhe dá algum crédito, mas parece-me que terá de se esforçar mais para voltar a ser a referência que já foi.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Celda 211:
Celda 211:

E aqui está ele, o último filme que vi em 2010 tornou-se na primeira SMR de 2011. Não consegui mesmo fazer a análise antes e por isso agora todo o vosso universo se vai desequilibrar e nada será como dantes. Ou então continua tudo na mesma.
Celda 211 foi o vencedor absoluto dos prémios Goya (vulgo Óscares espanhóis) em 2010, chegando mesmo a bater o El secreto de sus ojos, vencedor - esse sim - do Óscar de melhor filme estrangeiro no mesmo ano. Algum tempo depois da consagração o filme chegou a Portugal e depois de algum tempo em sala fui vê-lo. De notar, com agrado, que mesmo depois de tanto tempo de exibição a sala estava quase cheia.
Será que o filme merece assim tantos prémios? Não consigo comparar verdadeiramente já que não vi quase nenhum outro dos filmes nomeados, mas analisando o filme por si só posso dizer que ficou tudo bem entregue. A única crítica que poderia fazer relaciona-se com um prémio que não ganhou: Luis Zahera merecia sem sombra de dúvidas ganhar algum prémio pela sua interpretação de Releches.
A história do filme inicia-se de uma maneira bastante comum: Juan Oliver (Alberto Ammann) é um futuro guarda prisional que, ao visitar a cadeia onde vai trabalhar na véspera do seu primeiro dia, é apanhado no meio de um motim e tem de se safar como puder. O que é que ele faz? Aproveita que ainda ninguém o conhece e faz-se passar por preso...o Juan Oliver do exterior passa a ser Calzones no interior da prisão.
É Calzones que acompanhamos a maior parte do tempo. Vemos como a sua mentalidade muda quanto mais tempo lá passa. Desde o início alia-se com o líder do motim, Malamadre (Luis Tosar, a dar ideia que este é o papel da sua vida) numa lógica de “se não os podes vencer junta-te a eles”, mas com o tempo (e com o que se vai passando lá fora) o seu instinto de sobrevivência é sobreposto pela vingança.
Celda 211 é, como dá para ver, um filme em permanente tensão. Apesar da premissa “jovem em primeiro dia de trabalho” ser quase tão frequente como a do ”polícia que se vai reformar no dia seguinte” a verdade é que ficamos a sofrer com Juan (mesmo sem a história da namorada) por estar metido num verdadeiro inferno. As cenas de motim são fraquinhas (para se ver a falta de um orçamento hollywoodesco comparar com os motins do Natural Born Killers) mas tanto os avanços e recuos da negociação como a introdução de um elemento exclusivamente espanhol na equação mantêm os espectadores interessados no que virá a acontecer àquele grupo de reclusos.
Não é um final feliz, mas quem é que realmente acha que estas situações dão finais felizes? Nunca percebi quem faz reféns em bancos, etc., tal como não consigo perceber como é que matar guardas prisionais poderá melhorar a situação dos reclusos, mas fora isso Celda 211 é um filme interessante que posso recomendar e que fechou bem o ano cinemático mais prolífico da minha vida.

E aqui está ele, o último filme que vi em 2010 tornou-se na primeira SMR de 2011. Não consegui mesmo fazer a análise antes e por isso agora todo o vosso universo se vai desequilibrar e nada será como dantes. Ou então continua tudo na mesma.
Celda 211 foi o vencedor absoluto dos prémios Goya (vulgo Óscares espanhóis) em 2010, chegando mesmo a bater o El secreto de sus ojos, vencedor - esse sim - do Óscar de melhor filme estrangeiro no mesmo ano. Algum tempo depois da consagração o filme chegou a Portugal e depois de algum tempo em sala fui vê-lo. De notar, com agrado, que mesmo depois de tanto tempo de exibição a sala estava quase cheia.
Será que o filme merece assim tantos prémios? Não consigo comparar verdadeiramente já que não vi quase nenhum outro dos filmes nomeados, mas analisando o filme por si só posso dizer que ficou tudo bem entregue. A única crítica que poderia fazer relaciona-se com um prémio que não ganhou: Luis Zahera merecia sem sombra de dúvidas ganhar algum prémio pela sua interpretação de Releches.
A história do filme inicia-se de uma maneira bastante comum: Juan Oliver (Alberto Ammann) é um futuro guarda prisional que, ao visitar a cadeia onde vai trabalhar na véspera do seu primeiro dia, é apanhado no meio de um motim e tem de se safar como puder. O que é que ele faz? Aproveita que ainda ninguém o conhece e faz-se passar por preso...o Juan Oliver do exterior passa a ser Calzones no interior da prisão.
É Calzones que acompanhamos a maior parte do tempo. Vemos como a sua mentalidade muda quanto mais tempo lá passa. Desde o início alia-se com o líder do motim, Malamadre (Luis Tosar, a dar ideia que este é o papel da sua vida) numa lógica de “se não os podes vencer junta-te a eles”, mas com o tempo (e com o que se vai passando lá fora) o seu instinto de sobrevivência é sobreposto pela vingança.
Celda 211 é, como dá para ver, um filme em permanente tensão. Apesar da premissa “jovem em primeiro dia de trabalho” ser quase tão frequente como a do ”polícia que se vai reformar no dia seguinte” a verdade é que ficamos a sofrer com Juan (mesmo sem a história da namorada) por estar metido num verdadeiro inferno. As cenas de motim são fraquinhas (para se ver a falta de um orçamento hollywoodesco comparar com os motins do Natural Born Killers) mas tanto os avanços e recuos da negociação como a introdução de um elemento exclusivamente espanhol na equação mantêm os espectadores interessados no que virá a acontecer àquele grupo de reclusos.
Não é um final feliz, mas quem é que realmente acha que estas situações dão finais felizes? Nunca percebi quem faz reféns em bancos, etc., tal como não consigo perceber como é que matar guardas prisionais poderá melhorar a situação dos reclusos, mas fora isso Celda 211 é um filme interessante que posso recomendar e que fechou bem o ano cinemático mais prolífico da minha vida.
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