terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Patton

Patton:



Cá está, resolvido o mistério (nem imagino a quantidade de pessoas que não dormiu a pensar nisto!)...foi o Patton o tal filme que vi na 6ª feira.

Para quem não sabe (e eu não sabia) o General George Patton foi uma das figuras de proa do exército norte-americano durante a 2ª Guerra Mundial. Um grande historiador e estratega militar, um homem que nasceu para a guerra (como um outro General diz durante o filme "I do this job because I was trained to do it, you do this job because you love it") mas que - durante a guerra - quase viu a sua carreira destruida por causa da sua tendência para maltratar (verbal e fisicamente) os soldados sob o seu comando. Por causa de uma chapada num soldado "cobarde" perdeu o comando do seu exército e quase foi demitido, passando porém a servir de isco numa campanha ficticia para enganar o exército nazi.

A história real é fantástica, as interpretações são fora de série, os níveis de produção são inigualáveis (nota-se sobretudo nos detalhes mais ínfimos mas que não foram descurados), o filme tornou-se um marco na história de cinema (já é de 1970 e continua bem melhor que 95% dos filmes que são feitos). Aqui todos saem felizes: quem gosta de filmes de guerra tem tiros e explosões de grande qualidade, quem gosta de drama tem a vida de um homem destruida por um acto empolado pelos media, quem gosta de humor tem uma ou outra piada que dão mesmo para rir e para quem gosta de filmes históricos terá (julgo eu) uma recriação fiel do que se terá passado há não muitos anos atrás.

Enquanto via o filme só pensava "Ora aqui está o E Tudo o Vento Levou dos filmes de guerra". E quem me conhece (todos ou quase todos vocês, portanto) sabe que adoro esse clássico, por isso tenho de me render às evidências e declarar este filme como o melhor que vi este ano e presumir que ainda é capaz de demorar um bocadinho até ser ultrapassado.

P.S.: Nota técnica muito positiva para o Blu-Ray. Foi o primeiro filme que vi com esta tecnologia e notei bem a diferença em relação aos DVD.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Medeia Card é a melhor invenção de sempre

Esta semana foram mais dois filmitos, hehehe.

Doubt:



Que grande filme! Até ao momento em que o vi foi o que mais gostei este ano (mas entretanto vi hoje outro, mas postarei mais tarde...fica o suspense de saber qual!).

Dúvida? Mas dúvida de quê? Neste caso o filme aborda três tipos de dúvidas, por um lado aquelas que em vão surgindo na vida de todos (como agir numa situação muito complexa? devemos perseguir um criminoso quando é a vítima quem mais será prejudicado?); a dúvida religiosa que de tempos a tempos deve assaltar aqueles que têm fé, e as consequências/o poder destrutivo de uma acusação sem certezas.

É em relação a esta última reflexão que o Padre Brendan Flynn (Phillip Seymour Hoffman no seu melhor!) desenvolve a melhor metáfora de sempre. Cito-a aqui, pedindo desde já desculpa aos leitores que não falam inglês.

Father Brendan Flynn: A woman was gossiping with her friend about a man they hardly knew; I know none of you have ever done this. That night, she had a dream. A great hand appeared over her, and pointed down on her. She was immediately seized with a overwhelming sense of guilt. The next day, she went to confession. She got the old perish priest, Father Arrorick, and she told him the whole thing. "Is gossiping a sin?" She asked the old man. "Was that God All Mighty's hand pointing down at me? Should I ask for your absolution, father? Have I dont something wrong?" "Yes." Father Arrorick answered her. "Yes, you ignorant, badly brought up female. You have blamed false witness on your neighbor. You played fast and loose with his reputation, and you should be heartily ashamed." So the woman said she was sorry, and asked for forgiveness. "Not so fast." says Arrorick. "I want you to go home, take a pillow upon your roof, cut it open with a knife, and return here to me." So the woman went home, took a pillow off her bed, a knife from the drawer, went up the fire escape to her roof, and stabbed the pillow. Then she went back to the old perish priest as instructed. "Did you cut the pillow with a knife?" He says. "Yes, father." "And what were the results?" "Feathers." she said. "Feathers?" he repeated. "Feathers, everywhere, father." "Now I want you to go back, and gather up every last feather the flew out on the wind." "Well," she said, "It can't be done. I don't know where they went. The wind took them all over." "And that," said Father Arrorick, "Is gossip."

E pensar que esta peça já foi posta em cena em Portugal, com o Diogo Infante no lugar do Phillip Seymor Hoffman! Não sei quem terá assumido os papeis da Meryl Streep e da Amy Adams, as duas actrizes principais e que se mostram neste filme em topo de forma.

Não conto muito mais, VEJAM!

Slumdog Millionaire:



Muito se tem falado deste filme, de um lado aqueles que vêm nele o maior candidato ao Óscar de Melhor filme, do outro os que apresentam as suas críticas. E as críticas são muitas: "poverty porn", exploração laboral dos actores infantis, representação prejudicial da vida nos bairros de lata, etc.

Eu fico-me mais do outro lado. Não acho que seja um filme fabuloso, não é o clássico do cinema mas creio que não quer ser isso. É, sim, uma história da Cinderela no masculino: um jovem vindo dos bairros de lata candidata-se ao Quem quer ser milionário? (por amor, não poderia deixar de haver uma história de amor...mas esta até é bonita, pronto) e chega à última pergunta antes da famosa buzina que interrompe o programa.

Ora, o apresentador acha suspeito tal pessoa saber tanta resposta e (não se percebe bem como) requisita à policia que o interrogue. É esse o mote do filme, cada resposta certa tem uma razão para ser conhecida e o conjunto de todas elas (contadas em flashback) fazem a história do nosso protagonista.

Esta espécie de Cidade de Deus de Bombaím (mas em pior) acompanha assim o tal jovem desde a sua infância até ao momento actual, passando por episódios como a morte da sua mãe, o encontro com o tal amor, a violência do seu irmão e alguns outros episódios caricatos da sua vida (adorei o tour ao Taj Mahal, hilariante). É engraçado? É! Emociona? Sem dúvida! Será assim tão bom como o pintam? Não sei, é bom...o que já não é nada mau.

Tem é uma coisa muito parva: a pergunta final do programa é estupidamente fácil (mesmo para a Índia, onde acredito que não sejam tão conhecidos): Os Três Mosqueteiros são Athos, Porthos e _________ ? Uma pergunta para tanto dinheiro seria com certeza mais dificil,mas há que fechar o círculo, não é senhores produtores?


P.S.: Entretanto lembrei-me que me esqueci de fazer a review ao Revolutionary Road, curti o filme mas não passa de uma adaptação do American Beauty a uma realidade mais antiga.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Milk


Milk: San Francisco é, pelo menos desde os anos 60 a cidade mais liberal dos EUA, e provavelmente até do mundo. Foi o centro do mundo hippie (no bairro Haight/Ashbury), é ainda hoje a "capital" gay do planeta (no bairro Castro) e se querem sado-maso é a cidade onde devem vir (perguntem ao Sr. Google o que é a Folsom Street Fair).

Harvey Milk foi um homem que em muito influenciou este status quo, tendo sido o primeiro autarca assumidamente gay dos Estados Unidos. O filme segue os últimos anos da sua vida (Harvey foi uma pessoa banalíssima até aos seus 40 anos, enquanto vivia em New York, só tendo assumido protagonismo após essa idade)...a chegada ao Castro, as primeiras acções de activismo, a eleição, a campanha contra a Prop 6 (que permitiria a discriminação por orientação sexual) e - não é SPOILER - a sua morte.

É um filme de personagens...não tem efeitos especiais e a história é bastante linear. Mas as interpretações fazem-no subir uns quantos níveis e assim se percebem as várias nomeações para os Óscares. Não é só o Sean Penn (que vai muito bem, mas que a tempos me fazia lembrar a sua personagem Sam, em I Am Sam), mas também Emile Hirsch, James Franco ou Diego Luna. Todos eles, aliados à agradável realização do Gus Van Sant, fazem destes 128m uma boa experiência cinematográfica e também de desenvolvimento pessoal.

Quase todos os leitores deste blog sabem que vivi em San Francisco, e por isso este filme teve um factor extra de atracção...o ver a minha cidade. Mas não dá para ver muito, apenas o Castro e a Câmara Municipal, mas foi engraçado aperceber-me que o bairro que actualmente é 100% (ou noventa e muito por cento) gay nem há 40 anos não aceitava pessoas com tal orientação sexual junto da sua associação comercial...o Castro nem sempre foi gay, weird!

Finalmente, uma nota negativa para quem tratou da caracterização da cidade...Aparecem demasiados marcos da San Francisco actual que não existiam (ou existiam de outra forma) nos anos 70.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Man on Wire


Man on Wire: Em tempos existiram duas torres em Nova Iorque, duas torres que tinham a mesma altura (526,3 metros) e que distavam cerca de 4oo metros uma da outra. Duas torres que foram derrubadas a 11 de Setembro de 2001, fruto de um acto terrorista. Mas antes desse acto, já outra ilegalidade havia sido cometida, a 7 de Agosto de 1974.

Nesse dia Philippe Petit, um equilibrista francês concluiu o seu plano de (de uma forma completamente ilegal) colocar uma corda entre as duas torres (usou um arco e flecha) e passar cerca de 45 minutos em equilibrio. Passeou, dançou, sentou-se e até se deitou naquela corda que pela primeira e única vez uniu fisicamente o topo das duas torres.

O filme aborda não só esta proeza, mas todo o trajecto até ela...desde as tentativas noutros locais (Notre Dame e Sydney Harbour Bridge) até às técnicas usadas para levar quase uma tonelada de equipamento até ao topo das que eram, à época, as torres mais altas do planeta.

Por muito que o filme fosse mau, a história trataria de motivar quem o visse, mas por acaso (ou não) está muito bem feito...talvez daí a nomeação para os Óscares deste ano.
Recomendo, menos a quem tenha medo de alturas!

P.S.: Man on wire, o título original do filme, é a expressão usada no relatório policial para descrever o crime cometido. Aqui está um verdadeiro caso de crime sem vítima, cujo resultado foi trazer alguma beleza a uma manhã novaiorquina.