sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Der Baader-Meinhof Complex

Der Baader-Meinhof Complex:


Uma lição de história. O chamado "grupo Baader-Meinhof" (que se auto-intitulava RAF - Rote Armee Faktion) esteve no activo de 1970 a 1998. Tratou-se de um grupo de extrema esquerda que procurava chamar atenção à sua causa ("a obrigação histórica da juventude alemã em combater o fascismo") através de uma série de assassinatos e raptos high profile, sobretudo a políticos e industriais poderosos. Ainda hoje são muito mal vistos na Alemanha (excepto por aqueles que os tentam emular) e o pai da minha namorada, alemão que viveu a sua juventude no apogeu deste grupo, ainda hoje se recusa a ver este filme por não querer reviver o que se sentia na altura.

Der Baader-Meinhof Complex, o filme, é a tentativa de passar para o celulóide a história deste grupo. É um filme longo para uma história longa, e mesmo assim não cobre tudo. Os membros originais estavam quase todos ou na cadeia ou no cemitério em finais da década de 70 mas posteriormente houve novas vagas de activistas-terroristas que continuaram, mais ou menos independentemente, o nome e a mensagem política. O seu último assassinato foi em 1991, por isso não pensem que estamos perante história a preto e branco...eu, por exemplo, já 16 anos quando o grupo se desfez.

Imagino que nas reuniões com os produtores a expressão "demasiado ambicioso" tenha sido referida. Pegar numa história tão controversa, tão recente e tão complexa necessita um trabalho hercúleo (aqui devo destacar a realização bem afinada de Uli Edel) e um trabalho de actores que coloque aqueles homens (e mulheres) numa luz relativamente neutra, nem de total criticismo e nem - muito menos - de endeusamento que um grupo de terroristas superstar que, creio eu, gostavam do status de celebridade que obtiveram (e aqui destaco a interpretação de Moritz Bleibtreu enquanto Andreas Baader).

É que curiosamente, apesar de o filme transparecer bem a importância fulcral que mulheres tiveram neste grupo é mesmo Andreas Baader o personagem mais interessante de explorar. O Andreas real morreu em 1977 mas, pelo que o filme nos mostra, terá sido o membro do grupo que mais contribuiu para a sua infâmia...Longe de ser o intelectual do grupo (essa honra seria, provavelmente, de Ulrike Meinhof) Andreas parece ter sido aquele que mais agressivamente procurou passar a mensagem. Foi da sua cabeça que saíram as acções mais violentas do seu período inicial.

Quem tiver interesse neste tipo de temáticas (pessoal com fortes convicções políticas, gente das contra-culturas) de certeza que vai gostar desta representação de um pedaço mais desconhecido da história recente da Alemanha e da Europa. É um filme difícil, pela sua extensão temporal e em termos do que é abarcado, mas extremamente recompensador.

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