Qual será a pior forma de morrer? Uns dizem que queimado, outros que afogado, outros ainda dirão que será num acidente de avião. Já Ryan Reynolds (actor que normalmente detesto mas que aqui faz um grande papel com, literalmente, muito pouco espaço para evoluir) dirá, de certeza, que a pior forma de morrer é enterrado dentro de um caixão. Isto porque em Buried, o filme mais claustrofóbico que provavelmente já vi, é isso mesmo que lhe acontece.
Lembram-se daquela cena na segunda parte do Kill Bill em que a Noiva é enterrada viva e à custa de uma técnica ninja consegue libertar-se? Pois é, aqui a coisa é mais realista e por muito que Paul esmurre e pontapeie a madeira daquela que é a sua prisão o caixão não cede e o rapaz vai ter de se safar por outras formas. Disse outras formas mas deveria ter utilizado o singular, por acaso..a única salvação para Paul chama-se BlackBerry, o telemóvel que os seus raptores lhe deixaram.
Sim, porque Paul está naquela situação não por azar ou porque foi uma vítima falhada de tapocrifação (aposto que não conheciam esta palavra, mas significa "ser executado por enterro prematuro"). Paul é um civil americano que estava no sítio errado à hora errada, mais propriamente no Iraque, e logo no início do filme ficamos a saber que vai ficar lá enquanto não arranjar forma de pagar um dinheirão aqueles que o enterraram.
A partir do momento em que sabemos isso iniciam-se duas corridas contra o relógio, uma relativa ao oxigénio que falta no caixão e outra relativa à bateria restante no telemóvel.
A todos nós já nos aconteceu que logo naquele momento em que precisavamos MESMO de fazer uma chamada é que a bateria vai ao ar. Agora imaginem o que é isso acontecer-vos quando essa bateria é a vossa única ligação ao mundo exterior e a vossa única esperança de salvação. Ou imaginem o desespero que não deve ser ligarem para o 112 (ou 911, no caso) e não acreditarem numa história que por muito rocambolesca que pareça, é verdadeira. Paul só tem mesmo aquela hipótese, não consegue sair dali, não consegue ver ninguém nem ninguém o verá a ele (Ryan Reynolds é o único actor no filme, dos restantes personagens só se ouve a voz) e - se não conseguir pedir ajuda, e essa ajuda chegar a tempo, vai mesmo ficar ali, enterrado mas agora já morto.
Pegando nesta premissa e nunca saindo de dentro do caixão, o realizador (Rodrigo Cortés) consegue provocar em nós os níveis de desespero que passam pela mente de Paul, tornando Buried um dos melhores thrillers que vi nos últimos anos e, a par do Black Swan, o melhor filme que vi até agora em 2011.
P.S.: Para aqueles que estão a pensar: "Que estupidez, onde é que o gajo tinha rede debaixo de terra!!" fica a informação, também cedo no filme somos informados que Paul está enterrado a cerca de 90cm de profundidade, por isso até parece verosímil que ainda se consigam fazer umas quantas chamadas.
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