sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fim do 2º ano do blog

Mais um ano, mais 138 filmes vistos e 137 analisados (ainda não tive tempo de escrever a SMR para o último que vi, fica para breve). O blog cresceu e está no bom caminho, vejamos como estará daqui a 365 dias.

Uma coisa que gostava de ter era mais feedback da vossa parte por isso, queridos leitores, digam-me de vossa justiça. O que é que gostariam de ver alterado no blog, que filmes deveria mesmo ter visto e não vi, "que merda de opinião é a tua em relação ao filme x...". Eu faço isto sobretudo para mim mas dá-me muito gozo saber que já fui lido em várias partes do mundo.

O e-mail (novo!) do blog é: subjectivemoviereviews@gmail.com



Até para o ano e até para a semana.

João

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

L'Illusioniste

L’Illusioniste:



Parece que é impossível uma crítica a este filme não falar do Jacques Tati, por isso vou já tratar dessa parte para depois seguir em frente: tenho uma relação estranha com o Tati, só vi dois filmes dele e se um deles considero uma das comédias que mais me divertiu (Mon Oncle, que chega a aparecer neste filme!) o outro tenho em DVD por me ter sido recomendado vivamente, já tentei ver umas 5 vezes e em todas elas acabei por adormecer, por o achar tão aborrecido. É o Playtime, tido por muitos como a obra-prima do senhor, mas que para mim tem sido impossível de ver.

Fala-se do Tati em relação a este filme porque foi ele que escreveu o guião e era para o protagonizar. Entretanto morreu (já em 1982) e só agora é que a história do mágico Tatischeff e da sua amiga/filha adoptiva Alice foi levada ao grande ecrã.

Raros são os filmes, tirando um sub-género de terror, em que o personagem antagónico é uma criança mas neste filme a tal Alice conseguiu enervar-me. Percebo que a ideia fosse precisamente a contrária: não é difícil perceber que o filme tenta mostrar a afeição que Tatischeff nutre por Alice, mas não conseguia deixar de pensar no quanto as “exigências” dela contribuiram para a ruina dele. Ela não é má, é apenas criança, mas mesmo assim não sei...ou foi ela que me irritou ou a incapacidade dele lhe dizer não.

Ora, se não se gosta de um personagem que é suposto gostar-se para que o filme cumpra o seu intento a coisa fica difícil. Isto, sem dúvida, limitou a minha apreciação do filme, já que interpretei a história de uma maneira completamente diferente. Tive portanto de aproveitar para apreciar outros aspectos do filme.

O primeiro deles é a excelente colecção de personagens secundários. Num filme em que muito do tempo é passado em salas de espectáculo decadentes é fácil encontrar uma boa dose de acrobatas espanhóis, dançarinas de can-can, palhaços suicidas e ventríloquos deprimidos. Todos eles surgem neste filme e todos eles são a meu ver mais interessantes que Tatischeff e Alice. Mas, para além deles, existe ainda uma outra coisa que faz com que este filme valha a pena.

Falo, claro, da fantástica animação de Sylvain Chomet (o mesmo que já tinha feito o Les Triplettes de Belleville). Grande parte do filme é feito com animação tradicional, apenas com algumas cenas em que algum digital é usado mas em que não se impõe, e a qualidade é permanente. Todas as cenas têm um pormenor tal e ao mesmo tempo uma subtileza tão grande que imagino ser interessante ver o filme em DVD para se poder parar de tempos a tempos e apreciar a paisagem. Só por isso e pelo som, essencial num filme quase sem diálogos, vale a pena.

Pelo que pude perceber, esta história foi escrita por Tati como uma tentativa de aproximação a (uma das) suas filhas...Tatischeff era o seu apelido real e Alice seria, não sendo, a filha. Como disse há uns parágrafos acima, para mim esse aspecto falhou, pelo que mais do que qualquer outra coisa vejo L’Illusioniste como uma declaração de amor a Edimburgo e a um tipo de entretenimento que já não existe, ao mesmo tempo que é uma prova da vitalidade da animação tradicional.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

オーディション (Audition)

オーディション:



Foi no dia 9 de Fevereiro de 2004 que, na sequência de uma crítica no Curto Circuito, lá foi o menino João, na altura com uns angélicos 22 anos de idade, comprar dois DVD de um realizador japonês chamado Takashi Miike. Esses dois DVD eram o Ichi the Killer e o Audition (nome inglês deste filme).

O Ichi the Killer vi poucos dias depois de o receber, o Audition vi-o no dia 18 de Dezembro de 2010.

Porquê 2504 dias entre a encomenda do filme e o momento em que o vi? Por várias razões (entre as quais não ter ficado particularmente bem impressionado com o Ichi the Killer) mas uma delas foi o sempre me terem dito que era um filme muito muito muito (muito!) extremo e nunca me ter apetecido ver. E, claro, assim posso escrever esta linda SMR que vai maravilhar os vossos ainda mais lindos olhos.

Pois agora, depois dos tais 2504 dias de espera já posso opinar. E o que é que opino, perguntam vocês. Opino que realmente é muito muito muito (muito!) extremo e sem grande razão para isso, já que o objectivo que consigo identificar no filme (cuidado com quem te apaixonas!) poderia ter sido explorado bastante melhor.

A grande maioria da brutalidade do filme (não apenas física!) tem lugar nos últimos 30 minutos. Até aí a história parece relativamente normal, sobretudo para quem – ao contrário de mim – não saiba ao que vai. Shigeharu é um senhor viúvo que, seguindo o conselho do filho, decide tentar reencontrar o amor e opta por uma excelente estratégia para o conseguir: fingir que vai produzir um filme e fazer um casting para a actriz principal.

Claro que a coisa dá para o torto e Asami (Eihi Shiina, uma antiga modelo que agora só faz filmes série B) vai fazê-lo pagar. Não interessa como, mas tenho de deixar o aviso: a violência (não apenas física, repito) é do mais extremo que já vi, sobretudo por ser tão in your face e prolongada. Até hoje só fiquei realmente enjoado por causa de um filme, Salò o le 120 giornate di Sodoma, mas este acho que me levaria pelo mesmo caminho se o tivesse visto num ecrã de cinema.

Se é esta violência (ultraviolence, como diria Alex deLarge) que trouxe notoriedade ao filme também é por causa dela que não consigo dizer que gostei. É verdade no meio do tormento de Shigeharu há uma cena que, se fosse a última, daria mais sentido àquilo tudo e até faria com que gostasse dele, mas rapidamente a coisa volta ao “disparate” e o tal sentido que o filme poderia fazer esvai-se em sangue.

Gostava de poder dizer que gostei, dar-me-ia pontos junto dos meus leitores que frequentam o Fantasporto (onde teve direito a uma Menção Especial do Júri), mas a verdade é que prefiro a violência quando esta serve realmente a história. Se calhar é de ser mais velho ... quem sabe o que acharia deste filme há 6 anos, 10 meses e 19 dias atrás.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Due Date + Flash of Genius

Olá olá! Prontos para mais uma dose dupla motivada pelo meu atraso na escrita de SMR’s e querer ter todos os filmes de 2010 analisados antes do final do ano? Vamos a isso!


Due Date:


Estão a ver o The Hangover? Foi a comédia mais bem sucedida do ano passado e, como não poderia deixar de ser, mais cedo ou mais tarde haveria de dar uma sequela. Não, ainda não deu mas é como se tivesse dado porque em Due Date temos uma tentativa, usando o mesmo realizador mas nenhum personagem em comum.

Não acharia estranho que alguns de vocês, queridos leitores, me dissessem “quando vi o trailer pensei mesmo que era uma sequela”, pois foi isso que aconteceu comigo. É que, para os que não sabem, apesar de tudo o que disse no parágrafo anterior sobre não haver personagens em comum a diferença num deles é apenas o nome...enquanto que no Hangover o “boneco” se chama Alan e é esquisito, aqui tem o nome de Ethan e é também esquisito.

Mas há ainda uma outra diferença (sim, eu sei que disse que só havia uma, menti!)...o filme em que o Alan aparece é talvez a melhor comédia que vi o ano passado o filme do Ethan não é das piores que vi este ano mas não é nada de jeito. Lá pegaram na ideia base do Hangover (um gajo certinho tem de estar em Los Angeles para uma data importante mas até lá acontecem uma data de coisas estranhíssimas que quase põem em causa a chegada ao destino) e fizeram um road movie em vez de restringirem a acção a Las Vegas.

Então e perguntam vocês: “Se são assim tão parecidos e o primeiro teve tanta piada porque é que não gostaste deste?”. E eu respondo: “Porque enquanto que no primeiro tudo é verosímil (tirando duas cenas que podem, ou não, envolver um Mike Tyson e um tigre) neste nada o é e, ainda pior, o tipo de humor é bem mais básico.”. E porque, meus amigos, Las Vegas é o cenário ideal para um filme em que tudo é possível, enquanto que Birmingham, Alabama nem por isso. Nunca se ouviu dizer "What happens in Birmingham, Alabama, stays in Birmingham, Alabama" ou já?

Sim, meus amigos, estamos perante um filme que usa os seguintes gags : cinzas do paizinho em sítios impróprios, porrada com paraplégicos e cães masturbadores. Acho que está (quase) tudo dito.

Outras coisas que são importantes de dizer:
1. Percebo porque é que o Zach Galifianakis faz o mesmo papel nos dois filmes, na medida em que sempre o considerei muito menos engraçado do que o pintam;
2. Não percebo porque é que o Robert Downey Junior, que estava a recuperar a sua carreira, decidiu fazer algo tão fraco, e;
3. Não percebo como é que durante a edição do filme ninguém notou o gigantesco plot hole (estou a usar demasiadas expressões em inglês, mas não sei como traduzir isto) que é a cena de perseguição da polícia mexicana. Quem já viu sabe do que estou a falar.



Flash of Genius:


Um filme sobre o qual não sabia sequer da sua existência até o começar a ver é algo cada vez mais raro no meu mundo, mas ainda acontece – como aconteceu em relação a este filme.

Estamos perante um filme com muito pouca divulgação sobre a batalha judicial que se seguiu à invenção de uma coisa que também ela sobressai muito pouco mas que quase todos usamos: o limpa-pára-brisas intermitente. Confesso que não sabia sequer que só nos anos 60 é que esta tecnologia foi inventada, quanto mais o nome do inventor (Robert Kearns) e o caso judicial que o colocou a ele contra a Ford Motor Company.

Estão a ver algumas semelhanças com o The Social Network? Eu também pensei nelas, já que a nível de estrutura a história é semelhante: o tal momento de génio, a invenção e a posterior batalha pelo direito a lucrar dela. Só que, como era de esperar, para uma invenção mais aborrecida um filme mais aborrecido (sim, eu sou daquela minoria que considera o limpa-pára-brisas intermitente mais desinteressante que o facebook) e estes dois filmes não estão sequer no mesmo patamar.

Aqui, ao contrário do The Social Network em que tudo se passa a nível de ADR (Alternative Dispute Resolution) o caso vai mesmo a Tribunal e o nosso inventor solitário tem de se defender sozinho contra um gigante chamado Ford. É um tema recorrente em filmes mas mais uma vez aqui nada sobressai, já que não existe nenhum daqueles monólogos inspiradores tão típicos de filmes de Tribunal...só termos técnicos sobre, repito, limpa-pára-brisas intermitentes.

Acho que não ouvi falar do filme (ou se ouvi falar esqueci-me totalmente) por causa destas duas razões: em primeiro lugar porque o tema é desinteressante e quer as interpretações como a história são regulares e muito pouco marcantes, em segundo lugar porque – cheira-me – como consequência de toda a natureza pouco marcante do projecto, o filme não deve ter estreado em sala em muitos sítios.

Acho que esta seria uma boa avaliação para o filme, por acaso: um filme que se vê (não é desagradável) mas que por não ter nada que realmente se destaque ficaria bem numa qualquer madrugada da TVI. Nesse tipo de horário seria possível apanhar alguns espectadores por causa de uma das actrizes secundárias, Lauren Graham da série Gillmore Girls mas pouco mais que isso, já que o seu actor principal (Greg Kinnear, do Little Miss Sunshine, por exemplo), sendo o ponto alto de toda a produção, está bastante irreconhecível.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Fair Game

Fair Game:



Se a SMR anterior era a um filme de espiões que não é bem um filme de espiões, esta vai ser sobre um filme de espiões puro e duro, tanto que nem sequer tem um título original. Fair Game é o título de pelo menos outros 5 filmes, sendo que um deles envolve cangurus e deve ser muito bom.

Neste Fair Game, com a Naomi Watts e o Sean Penn em vez dos ditos cangurus, temos a história (verdadeira? já lá voltamos) de uma agente secreta da CIA cuja identidade foi exposta publicamente por causa do activismo do seu marido – um antigo embaixador que colaborou também com a CIA - contra a invasão americana do Iraque em 2003. O grande problema nesta questão é a suspeita (bastante fundada, ao que parece) de que essa “exposição” foi ordenada pela Administração Bush, contrariamente a todas as normas existentes sobre a protecção da identidade dos agentes secretos.

Quando me coloco a questão sobre a veracidade da história faço-o porque todo o filme parte do princípio que realmente o Plame Affair foi uma cruzada da Administração Bush contra o embaixador Joseph C. Wilson, levando na enxurrada a sua mulher. Não sei se foi ou não – acredito que sim, dadas as irrefutáveis provas de que as famosas armas de destruição massiva que levaram à dita invasão nunca existiram – mas dadas as variadas críticas feitas ao filme pela sua “construção de mitos históricos” é natural que se pense que algo foi exagerado para tornar a história mais dramática.

Independentemente disso, o que para esta SMR interessa é que o realizador Doug Liman fez um bom trabalho criando um thriller que não tendo perseguições e muitas explosões - tem uma cena secundária muito boa em que mostra aquelas explosões que todos nós vimos na CNN mas do solo, da perspectiva daqueles que com elas morreram ou ficaram feridos – consegue manter-nos on the edge of our seats pela forma como um Governo esmaga completamente alguém que supostamente deveria defender por forma a poder sustentar uma guerra sem justificação.

É óbvio que no meio das mais de 150.000 mortes que se estima terem sido consequência desta invasão e subsequente guerra o emprego da senhora Plame é, apesar de tudo, pouco relevante, mas num mundo em que todos os dias a Wikileaks lança novas achas para a fogueira em que a diplomacia norte-americana se está a queimar, seria importante que se desse mais atenção a esta história. Ela, como tantas outras, mostram que o conceito de bom e de mau não é objectivo, dependendo apenas de quem controla a forma como a informação é apresentada.

Alguém tem dúvidas de que se outro país agisse como os EUA agiram nesta guerra teria à sua perna ... os próprios EUA?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

The American

The American:



Antes de tudo o resto dois avisos à navegação: o mais recente filme de espiões com George Clooney não tem nenhuma das características típicas desses filmes e, surpresa!, não é sequer um filme com espiões.

Por isso, e para aqueles que – como eu estava antes – estão induzidos pelo marketing achando que estamos perante um filme de espiões dito normal, tenho de vos dizer o seguinte: amiguinhos, se querem ver explosões, fujam deste filme! Se querem ver um bom filme, fiquem com ele.

Eu (claro que) fiquei e que bem que fiz. The American é um filme lento e silencioso, o oposto ao tal cliché que muitas vezes associamos a um filme deste género, mas em nenhum momento me aborreci e em nenhum momento pensei que preferiria estar a ver outra coisa.

O herói desta história é Jack (ou Edward, conforme a pessoa com quem falem), um George Clooney muito longe do que costuma ser. Aqui é um “custom arms maker” – nope, não é um espião – que depois de se ver em apuros na Suécia é enviado pelo seu patrão para a localidade italiana de Castelvecchio. Daí salta para Castel del Monte e por lá fica, introspectivo e enigmático para os restantes habitantes (à excepção do padre Benedetto - Paolo Bonacelli, actor principal no único filme que me deixou enjoado: Salò o le 120 giornatti di Sodoma), enquanto prepara a sua próxima entrega sendo que quando sai fá-lo no seu Fiat Tempra (e não num Aston Martin) e para pouco mais do que para ter sexo (pago) sempre com a mesma pessoa, Clara (Violante Placido). Muito pouco 007, portanto.

É esta a história base do filme, mas de certa forma pode dizer-se que é meramente acessória. Aqui, o que é dito e feito é menos valioso do que é visto e reflectido. Não que sejamos nós, espectadores, que tenhamos de estar a pensar ininterruptamente para seguir a história (à la Mulholland Drive, por exemplo), quem apresenta estas características é Jack/Edward. Talvez seja defeito profissional talvez seja vontade de não repetir a asneira inicial, de uma forma ou de outra o sentimento de inquietude é permanente...mesmo naquela terriola de 463 habitantes Jack/Edward não tem descanso.

Volto a referir, não tem descanso interior, porque a nível físico basta dizer que a única cena de perseguição é numa scooter, e daí começar a fazer mais sentido a escolha de Anton Corbijn para realizar um filme desta temática. É que, para quem não sabe, Corbijn só fez um filme até agora (Control, biografia do Ian Curtis, vocalista dos Joy Division) e está mais habituado a lidar com imagens estáticas e silenciosas.

Daí a lentidão e o silêncio do filme, que não paro de referir. Daí este The American ser muito diferente do que seria se tivesse sido realizado por Paul Greengrass ou Michael Bay (se bem que o livro em que se baseia nunca permitiria muitas explosões, é certo). Daí ser um tão bom filme. Num mundo em que tudo o que é “fixe” é para ser vivido a 1000 à hora e com mais cores por metro quadrado que a strip de Las Vegas é bom podermos parar durante uma hora e tal e observar este quadro em movimento.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Easy A + This Film is Not Yet Rated

Easy A:



Uma adolescente de um qualquer liceu do Orange County está farta de ser invisível perante os seus colegas. Por motivos que não têm nada a ver com essa invisibilidade (embora as manobras promocionais do filme o queiram dar a entender) finge que já teve sexo, e logo com um estudante universitário (!). Daí começam os boatos e ela resolve aproveitar a fama de putéfia (que, no final de contas, acaba mesmo por ser) para ganhar popularidade e, porque não?, alguns trocos.

Resolvi ver este filme porque já tinha lido em vários sítios que era a "comédia adolescente definidora desta geração", tal como o American Pie e o Clueless já o tinham sido das anteriores.

Acontece que ao contrário desses dois, este Easy A não tem o mínimo de originalidade e, honestamente, não merece estar na mesma lista. Não que os outros dois sejam grandes obras de arte, que não são, mas pelo menos têm piada e de certa forma são realmente marcantes.

Aqui a única coisa marcante é a actriz principal, Emma Stone. Não só é a única interpretação digna de nota, como fiquei com vontade de a ver mais vezes. O resto é cliché atrás de cliché e muito poucas piadas. Não vale a pena perder tempo a ver.



This Film is Not Yet Rated:



No passado mês de Abril disse em relação ao The September Issue que era o primeiro filme que vi em duas metades e ambas em aviões. Este é o segundo, mas com menos piada porque foi na ida e na volta da mesma viagem e não a caminho de dois continentes diferentes.

Dito isto, falemos do filme.

Quem são as pessoas que, nos EUA, decidem as classificações dos filmes? Nunca tinha pensado nisso e vocês provavelmente também não. Se me perguntassem isso antes de ver o filme eu diria que era a MPAA, uma entidade oficial com representantes da indústria...e seria parcialmente mentira. É a MPAA, realmente, mas é uma entidade privada com membros secretos que têm mais afiliação religiosa que cinemática.

Neste documentário o realizador propõe-se a expor esta entidade. Consegue-o mas não me conseguiu deixar muito interessado. Vemos as suas tentativas de contacto directo com a MPAA, as detectives privadas que contrata para conseguir revelar os nomes dos seus membros e, a melhor parte do filme, alguns exemplos comparativos de filmes que foram considerados demasiado agressivos (a nível de violência ou sexualidade) e filmes que não o foram...com algumas surpresas.

Foi esse mesmo o ponto mais interessante do filme, porque tudo o resto é tratado de uma forma demasiado leve e ao mesmo tempo militante. O tema é interessante (uma diferente classificação pode significar diferenças de milhões em termos de facturação) mas merecia ser tratado com maior qualidade.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Machete

Machete:



Lembro-me de ser mais puto e a minha mãe dizer que depois de um dia de trabalho é bom ver algo "levezinho." Ora, na 3ª feira passada percebi totalmente o que é que ela queria dizer com aquilo. Felizmente (para mim e para vocês) ao contrário delas não me pus a ver novelas mas sim o Machete, nova obra do Robert Rodriguez.

Provavelmente já ouviram falar disto, mas este filme começou por causa do Grindhouse, esforço conjunto do Rodriguez e do Tarantino que em Portugal, e em grande parte do mundo, foi apresentado como dois filmes separados. Pois nos sítios onde passou como um só, à boa maneira dos antigas exibições de série B, entre os filmes houve direito a uma série de trailers falsos...um deles era o de Machete, e foi por causa do sucesso do trailer que hoje temos a longa-metragem.

E "levezinho" ele é! Não levezinho no sentido em que não tem membros decepados, cabeças decapitadas, telemóveis inseridos dentro de vaginas ou olhos furados com saca-rolhas, nada disso. Quando digo levezinho é no sentido em que é tão brainless que pela primeira vez em muito tempo nem sequer tirei notas ao longo do filme.

Nem é preciso, senão vejamos o resumo: Machete (Danny Trejo, no seu primeiro papel principal em mais de 200 filmes) é um federale (FBI mexicano, mais ou menos) traído por um barão da droga. 3 anos depois já está nos EUA e cai-lhe uma oportunidade de vingança de pára-quedas...claro que a aproveita e pelo caminho mata tudo e mais alguma coisa, usando como armas preferenciais facas/machetes/os tais saca-rolhas, mas basicamente tudo o que mate causando alguma dor.

Para além disso (mortes a torto e a direito) a história resume-se a mais duas coisas: gajos muito manhosos e gajas muito boas. Sim, para quem julga que o Machete é pouco atraente, o senhor safa-se com as seguintes meninas ao longo do filme: Shé (Michelle Rodriguez, e sim o nome do é uma piada ao Ché), Sartana (Jessica Alba) e April (Lindsay Lohan)!

Para além deste trio feminino, o filme conta ainda com as presenças do mítico Steven Seagal, Don Johnson (o gajo do Miami Vice original!), Jeff Fahey e - surpresa das surpresas! - Robert de Niro. Sim, o mesmo Robert de Niro que já ganhou dois Óscares faz aqui de governador do Texas com um especial desrespeito pelos mexicanos e aprende umas quantas lições de um tal mexicano. O Danny Trejo a dar cabo do canastro ao Robert de Niro, que mundo é este?

É o mundo de Machete, em que nada é sério e, consequentemente, tudo é permitido. É isso que faz o filme divertido; tem algumas cenas mais pesaditas, e uma que poderia causar polémica se o filme fosse mais sério, mas quando a frase mais marcante do filme é "Machete don't text" e posteriormente temos diálogos como:

"Sartana: I thought Machete don't text. Machete: Machete improvise."

temos mais é que desligar o cérebro e viver aquele mundo por alguns momentos.