Foi no dia 9 de Fevereiro de 2004 que, na sequência de uma crítica no Curto Circuito, lá foi o menino João, na altura com uns angélicos 22 anos de idade, comprar dois DVD de um realizador japonês chamado Takashi Miike. Esses dois DVD eram o Ichi the Killer e o Audition (nome inglês deste filme).
O Ichi the Killer vi poucos dias depois de o receber, o Audition vi-o no dia 18 de Dezembro de 2010.
Porquê 2504 dias entre a encomenda do filme e o momento em que o vi? Por várias razões (entre as quais não ter ficado particularmente bem impressionado com o Ichi the Killer) mas uma delas foi o sempre me terem dito que era um filme muito muito muito (muito!) extremo e nunca me ter apetecido ver. E, claro, assim posso escrever esta linda SMR que vai maravilhar os vossos ainda mais lindos olhos.
Pois agora, depois dos tais 2504 dias de espera já posso opinar. E o que é que opino, perguntam vocês. Opino que realmente é muito muito muito (muito!) extremo e sem grande razão para isso, já que o objectivo que consigo identificar no filme (cuidado com quem te apaixonas!) poderia ter sido explorado bastante melhor.
A grande maioria da brutalidade do filme (não apenas física!) tem lugar nos últimos 30 minutos. Até aí a história parece relativamente normal, sobretudo para quem – ao contrário de mim – não saiba ao que vai. Shigeharu é um senhor viúvo que, seguindo o conselho do filho, decide tentar reencontrar o amor e opta por uma excelente estratégia para o conseguir: fingir que vai produzir um filme e fazer um casting para a actriz principal.
Claro que a coisa dá para o torto e Asami (Eihi Shiina, uma antiga modelo que agora só faz filmes série B) vai fazê-lo pagar. Não interessa como, mas tenho de deixar o aviso: a violência (não apenas física, repito) é do mais extremo que já vi, sobretudo por ser tão in your face e prolongada. Até hoje só fiquei realmente enjoado por causa de um filme, Salò o le 120 giornate di Sodoma, mas este acho que me levaria pelo mesmo caminho se o tivesse visto num ecrã de cinema.
Se é esta violência (ultraviolence, como diria Alex deLarge) que trouxe notoriedade ao filme também é por causa dela que não consigo dizer que gostei. É verdade no meio do tormento de Shigeharu há uma cena que, se fosse a última, daria mais sentido àquilo tudo e até faria com que gostasse dele, mas rapidamente a coisa volta ao “disparate” e o tal sentido que o filme poderia fazer esvai-se em sangue.
Gostava de poder dizer que gostei, dar-me-ia pontos junto dos meus leitores que frequentam o Fantasporto (onde teve direito a uma Menção Especial do Júri), mas a verdade é que prefiro a violência quando esta serve realmente a história. Se calhar é de ser mais velho ... quem sabe o que acharia deste filme há 6 anos, 10 meses e 19 dias atrás.
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