quarta-feira, 16 de junho de 2010

I'm Here

I'm Here:


Quando me decidi a ver este I'm Here, a última curta-metragem do realizador de Being John Malkovich ou Where the Wild Things Are (Spike Jonze), não sabia ao certo se seria coisa para colocar aqui no blog. Isto porque o filme começa com a frase "Absolut Presents" e estava na dúvida se não seria um anúncio para a conhecida marca de vodka.

Não é. Ao longo dos seus 29 minutos não há uma única referência que seja à marca, e mesmo que houvesse não haveria qualquer problema, já que este é um Filme a sério (com letra grande e tudo).

I'm here apresenta-nos Sheldon, ser solitário com uma vida triste de bibliotecário; mas um dia Sheldon conhece o Yang para o seu Yin, Francesca. Nunca sabemos ao certo o que Francesca faz, mas basta-nos ter em conta que enquanto Sheldon usa o autocarro Francesca é uma orgulhosa condutora; enquanto Sheldon fica em casa a recarregar baterias, Francesca leva-o a dançar ao som da sua banda favorita; enquanto Sheldon sobrevive, Francesca sabe viver.

A ligação entre eles torna-se inevitável e, como em todas as relações a dois, há sempre um que dá mais, e neste caso quem dá mais (dá tudo!) é, não surpreendentemente, Sheldon. Eu normalmente também sou essa pessoa nas minhas relações, e - fatal como o destino - por vezes sinto alguma injustiça nesse desequilíbrio, mas tal como Sheldon acaba a sorrir depois de se entregar totalmente, também eu me sinto bem quando me dou. Ao dar recebe-se sempre, ao receber nem sempre se dá.

A banda que Sheldon e Francesca vão ver chama-se (no filme) The Lost Trees e no tal concerto tocam música de uma banda (do mundo real) chamada of Montreal, uma das que mais ouço. A música que os vemos a tocar chama-se The Past is a Grotesque Animal e na sua letra encontra-se a seguinte expressão: "things could be different/but they're not".

As coisas poderiam, realmente, ser diferentes, mas não são. Sheldon e Francesca são dois robots, mas relação deles não é diferente: é igual às que eu, tu, nós todos temos, já tivemos ou viremos a ter. Que se sobreviva sempre a elas com um sorriso.


P.S.: Este filme só se encontra on-line. Vale mesmo a pena clicar aqui e curtir este doce amor melancólico.

3 comentários:

  1. Gostei do que escreves-te, identifiquei-me.

    Curti e pus no blog também, thanks.

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  2. Adorei.
    "As máquinas" fizeram-me chorar, admito.

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