quarta-feira, 3 de março de 2010

Shutter Island

Shutter Island:



As fronteiras da nossa sanidade (tanto para o bem como para o mal) são um tema que há muito me interessa, por isso claro que fiquei contente quando soube que era esse o tema da última colaboração entre o Martin Scorsese e o DiCaprio. Este Shutter Island tinha, à partida tudo para correr muito bem.

A questão sobre se corre ou não tem estado bastante dividida. Pelo que li noutras críticas, tem havido uma grande clivagem entre aqueles que acham que estamos perante um thriller mediano (Rui Monteiro, Time Out Lisboa) e aqueles que acreditam que estamos perante um Scorcese de alta qualidade (Roger Ebert, Chicago Sun-Times). Eu, por muito respeito que tenha ao Rui Monteiro, que até tenho (gosto imenso da Time Out! E ainda gostava mais se me patrocinassem) vou ter de seguir o Roger Ebert e afirmar perante o meu pequenino grupo de grandes leitores que considero Shutter Island um grande filme.

Está lá tudo: num filme que tem uma duração acima da média (passa das duas horas e meia, julgo eu) nem por um segundo me senti aborrecido ou tentado em olhar para o relógio (daí o "julgo eu"). Temos uma banda sonora que marca o ambiente na perfeição, temos um conjunto de actores que interpretam os seus papeis sem falhas (até o Mark Rufallo, que é o elo mais fraco mas que não se safa muito mal no seu permanente ar de quem sofre de prisão de ventre) e acima de tudo temos uma cinematografia de mestre.

Martin Scorcese é, como disse acima, um mestre e neste filme mostra-o bem (mais que no seu The Departed, o filme que finalmente lhe trouxe o reconhecimento da Academia, mas que a meu ver não é dos seus melhores e nem sequer é melhor que o original que tenta recriar). Neste Shutter Island temos todas as marcas de génio que podemos desejar: referências a outros filmes, planos de cortar a respiração e - neste tipo de filmes - um modo de contar a história que nos deixa sempre presos ao que se está a passar.

Neste último caso, temos ainda a preciosa ajuda do Leonardo Di Caprio, que passou de actor-jovem-sensação para um actor de qualidade e que deveria ver o seu Teddy reconhecido com uma nomeação para os Óscares.

No final acabamos por sair com mais perguntas que respostas. É essa uma das maiores críticas que se tem feito a esta história, mas acho que num filme que lida com a sanidade mental nada se adequa melhor que um final aberto, em que cada um o interpreta consoante a sua percepção do que se passou naquela tela de cinema.

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