De tempos a tempos surge um filme que nos dá um verdadeiro murro no estômago. O The Road é um desses filmes.
Baseado num livro do Cormac McCarthy, autor de obras como No Country for Old Men (sim, o dos Óscares do ano passado) ou All the Pretty Horses, livro esse que lhe garantiu um prémio Pulitzer, The Road é uma história de instintos de sobrevivência e que nos leva a pensar qual ou quais são as características que fazem de nós humanos: será que para tentarmos sobreviver perdemos a nossa humanidade? será que conseguimos manter os novos valores morais em situações extremas?
Mas The Road também é, de certa forma, um road movie (pós-apocalíptico, mas road movie ainda assim), em que pai e filho se fartam de aprender um com o outro, enquanto caminham em busca da sobrevivência, passando por diversos obstáculos e perigos.
Feliz ou infelizmente, é também o filme mais pesado que já vi nos últimos tempos. Apesar de ser por vezes apelidado do Requiem For Dream desta década (comparação que só compreendo se baseada no sentimento de desespero que preenche os personagens de ambos os filmes), na minha opinião está mais próximo de um Ensaio Sobre A Cegueira; estética e tematicamente são mais parecidos, ambos não nos dão um segundo para respirar fundo e em ambos acompanhamos as histórias daqueles que "transportam o fogo" da humanidade. (citando o Pai, interpretado por um Viggo Mortensen que mais uma vez mostra que é um excelente actor fazendo-nos acreditar que mais ninguém poderia interpretar o seu papel).
Ao longo dos 111 minutos do filme nem por um único me senti descansado...desde o início até ao fim senti a angústia e o desespero daqueles dois personagens que, no fundo, fazem o que podem para viver um dia mais que seja. Não sei se numa situação de semelhante desespero me comportaria assim, mas enquanto via o filme dei por mim a pensar que não seria capaz de me me engradecer daquela forma, mais depressa seguiria o exemplo da Mãe (Charlize Theron)
The Road é o primeiro grande filme que vi em 2010 e um daqueles que estou certo que daqui a muitos meses ainda me marcarão. Recomendo vivamente, mas deixo um aviso: é o filme mais "difícil" que já analisei aqui, vão preparados.
Já alguém leu o livro? Fiquei com muita vontade de lhe pegar assim que acabar o que estou a ler agora. Se alguém me quiser dar uma prenda, já sabe...
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