Juan de los muertos:
Tendo mais a ver com Shaun que com Dawn of the Dead, Juan de los muertos (título inglês: Juan of the Dead) é uma paródia aos filmes de zombies vindo da improvável Cuba. O protagonista da história é Juan, um bon-vivant que tem tudo menos ar de herói (por isso mesmo Alexis Diaz de Villegas foi uma excelente escolha por parte do realizador) e que terá de improvisar para sobreviver ao apocalipse zombie que caiu sobre Havana e (quem sabe) o resto do mundo.
Mas Juan não está sozinho, tem consigo a sua filha e um conjunto de vizinhos altamente improvável (dentro do qual Lázaro - Jorge Molina - é o meu preferido, de tão parvo que é). Como bons cubanos que são, Juan e o seu grupo vão tirar proveito da situação criando uma empresa de exterminação de zombie. "Juan de los muertos, matamos a sus entes queridos" passa a ser um jingle comercial.
Partindo desta premissa, que depois evoluí para uma luta pela sobrevivência do grupo, Juan de los muertos não desilude. Tem muito mais piadas que sustos, mas acho que ninguém que veja este filme tem outra ideia em mente.
Transpor toda a historiografia zombie para um relaxado país tropical como Cuba é uma ideia bem sucedida (além do trocadilho do título) e muitas das gargalhadas derivam precisamente desse contexto, o chamado peixe fora de água. Por isso mesmo, torna-se difícil descrever o filme sem estragar muitas das cenas e recomendá-lo para além da equação que me levou a ir vê-lo: filme de baixo orçamento + zombies + Cuba! Se acham piada a essa premissa, vão gostar do filme.
Curiosamente, algo que me surpreendeu foi a quantidade de conteúdo político. Durante Juan de los muertos a televisão estatal cubana atribui as culpas do surto zombie a "manobras imperialistas americanas" mas tal (como muitos outros pedaços de diálogo) é usado como crítica humoristica ao regime dos irmãos Castro. Ora, não sei se Raúl será mais fã de cinema fantástico que Fidel, mas ao autorizar esta história (e co-produzi-la com a espanhola TVE), permitindo inclusivamente filmagens em alguns dos mais "sagrados" locais públicos habaneros, o regime cubano parece estar a desempoeirar e a abrir portas ao disparate.
Na minha opinião só tem a ganhar com isso. Já dizia o outro que a vida é demasiado importante para se levar a sério...mesmo quando envolve zombies.
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