segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Julianes Sturz in den Dschungel

Julianes Sturz in den Dschungel:



Juliane Koepcke tem uma história de vida que mais ninguém tem, e ninguém deseja ter. Existem no mundo uns quantos sobreviventes únicos de quedas de avião, como ela, mas não deve haver mais nenhum que depois da queda no meio da Amazónia passou 10 dias a caminhar sozinha pela selva até encontrar mais gente, isto porque as buscas foram canceladas por nem sequer conseguirem encontrar os destroços do avião no meio do mato.

A história de Juliane foi contada de uma forma dramatizada num filme série B dos anos 70 mas aqui é contada pela própria, que aos 29 anos voltou ao lugar do acidente e reviveu o que ali se passou. Quem lhe propôs esta viagem foi o Werner Herzog, que tinha bilhete para o mesmo avião e só não embarcou no fatídico voo por causa de um atraso numa ligação.

A 24 de Dezembro de 1971 Juliane embarcou em Lima e sentou-se no lugar 19F no voo com rumo a Pucallpa, de onde partiria para passar o Natal com a família na reserva biológica gerida pelos pais na floresta amazónica. Fora lá que Juliane viveu durante grande parte da sua vida e, quando o avião se despenhou, foi isso que a salvou.

Como é natural Juliane não se lembra de (quase) nada entre o raio que acertou num dos depósitos de combustível do avião e o fez cair a pique e o ter acordado no chão, ainda presa ao seu lugar com o cinto de segurança. Estava ferida mas conseguia andar, pelo que se levantou, procurou (em vão) outros sobreviventes (incluindo a mãe) e, quando percebeu que tinha de ser ela a salvar-se, seguiu os seus conhecimentos de sobrevivência na natureza e fez a coisa mais lógica mas que se calhar nenhum de nós faria: procurar um curso de água, por mais pequeno que fosse, e segui-lo até encontrar civilização.

Na minha opinião o aspecto visual este documentário podia ser melhor. É impressionante ver a vegetação amazónica mas verdade seja dita que grande parte do filme é passado a ver Juliane remexer nos destroços do avião (que entretanto foram encontrados mas que demoraram cerca de 3 meses a ser relocalizados pela equipa do Herzog) enquanto conta a sua história. Felizmente essa história é espantosa e os seus relatos estão cheios de informação que espero nunca ter de usar (Juliane não tinha medo das piranhas por saber que elas são inofensívas em águas corridas; os animais mais perigosos que encontrou naquela viagem eram as raias venenosas; um determinado tipo de pássaros (não me lembro como se chamam) significa que há um curso de água navegável por perto).

Foi sobretudo por esses pedaços de informação que mantive o interesse no filme, se tivesse de dar uma nota ao filme estaria perto do Satisfaz. É capaz de ter sido o documentário dele que menos me puxou mas apesar de tudo tem um tema interessante. Acho que não há nenhum filme do Herzog com um tema desinteressante.



P.S: Eu sei que o título em alemão torna o post menos apelativo, mas como gosto de usar o título original sempre que posso e acho que o inglês (Wings of Hope) é muito enganador lá terão de aprender a dizer Julianes Sturz in den Dschungel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário