terça-feira, 11 de outubro de 2011

Cyrus



Imaginem-se com uns quarenta e tal anos, divorciados há sete, mas ainda com uma grande panca pela vossa ex-mulher. Imaginem que se dão com ela como amigos e colegas de trabalho e imaginem que ela vos diz que se vai casar dentro de pouco tempo. É por isso que John (John C. Reilly) passa nos minutos iniciais deste filme.

Felizmente a ex-mulher de John, Jamie (Catherine Keener), é uma bacana e tenta animar o homem levando-o a uma festa a que vai com o noivo. John está deprimido mas em tempos já foi interessante e tinha piada: é isso que diz a Molly (Marisa Tomei), uma mulher que conhece na tal festa e com quem acaba por se envolver.

Molly consegue ver para lá da depressão de John e os dois vão começar uma relação que de início é escondida mas que depressa passa a ser do conhecimento de Cyrus (Jonah Hill), filho de Molly e razão para o título do filme. É que se não há dúvida que o par John/Molly é o centro do filme também não pode haver quanto ao facto de Cyrus ser o motor que faz a história andar.

A meu ver este filme cometeu um grande erro. A sua promoção foi feita como se de uma comédia se tratasse (vi o trailer já o ano passado e também tinha ficado com essa ideia) quando não é de todo uma comédia. Digo isto porque o pano de fundo emocional desta história é melancólico e mesmo com umas quantas piadas pelo meio (muito poucas, o que neste caso é bom) não devemos vê-lo como sendo qualquer outra coisa.

Cyrus torna-se importante na história porque apesar de ter já 21 anos de idade é um bebé gigante com uma relação tão próxima com a mãe que até o Édipo diria que era doentio: manipula-a emocionalmente a toda a hora e quando sente o risco de esta se afastar ao aproximar-se de John resolve ir à carga e tentar correr com o novo namorado da mãe dali para fora. Seria aqui que poderia estar a comédia mas repito, o assunto não é tratado de maneira a sacar gargalhadas e na minha modesta opinião ainda bem.

Cyrus acaba por ser um filme interessante mas que podia ser um bocadinho melhor e deveria ter sido promovido de outra forma. É uma rara abordagem moderna a um tema tão clássico, feita de forma inteligente e que terá interesse acrescido para aqueles que têm uma relação próxima com os pais mas que também não é uma má opção para todos os outros.

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