quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

True Grit

True Grit:



Os Westerns são provavelmente o género de filmes que viu um maior decréscimo nos últimos 50 anos: pode dizer-se que eram um dos mais populares nos “loucos anos sixtes” e desde então entraram numa espiral descendente sendo que agora só se vê um a cada dois ou três anos.

O Western de 2010 (que só chegou a Portugal em 2011) é um remake de um Western de 1969 que não sendo um dos grandes clássicos do género é conhecido como sendo o único que deu um Óscar ao John Wayne, rei do género. Normalmente os remakes são algo de muito duvidoso, mas neste caso há que ter em conta um dado muito importante: quem está ao leme desta produção são nada mais nada menos que os irmãos Coen, dupla de realizadores já vencedores de Óscar pelo No Country for Old Men.

Antes que perguntem respondo já que não vi o filme original nem li o livro em que ambos se baseiam, por isso não posso fazer comparações e como tal vou analisar o filme por si mesmo.

True Grit é acima de tudo a história de Mattie Ross (Hailee Steinfeld, que faz aqui o seu primeiro filme e que no próximo Domingo deveria sair do Kodak Theatre com uma estátua na mão). Esta miúda de 14 anos perdeu o seu pai, morto por um dos seus empregados, e – como era de bom tom no velho Oeste – quer que o assassino pague com a vida. Para isso contrata um U.S. Marshall, Rooster Cogburn (Jeff Bridges), apenas e só porque lhe foi descrito como sendo o mais duro daquela região.

Juntos vão em perseguição do assassino para territórios índios, juntando-se a eles LaBoeuf (Matt Damon) um Ranger do Texas (como o Walker) que também persegue Tom Chaney, o tal empregado assassino, e juntos passam por diversos elementos típicos deste tipo de filmes: noites passadas ao relento junto à lareira, animais perigosos, tiroteios brutais e dentes que precisavam de umas boas horas no dentista. O único elemento que sobressai é mesmo Mattie, aparentemente uma rapariga indefesa mas cujo comportamento é o de um adulto implacável (aquela negociação inicial dá bem o mote para o que vem mais à frente).

Outra coisa que distingue este filme (para melhor) é a grande qualidade das interpretações. Já falei aqui da estreante Hailee Steinfeld mas para além dela também merecem destaque o sempre grande Jeff Bridges (que só vai ficar atrás do Colin Firth, digo eu), o Matt Damon (num excelente papel) e o Barry Pepper, actor pouco conhecido mas que aqui se excede. O único que não gostei assim tanto foi o Josh Brolin, que dá ao seu Tom Chaney um ar demasiado tótó.

Um elemento também ele essencial nos Westerns é – sempre foi – o cenário e neste aspecto esta versão de True Grit não desilude...as paisagens dividem-se entre lunares e de grande beleza e todo o detalhe de época está bastante bem recriado.

Eu gosto deste tipo de filmes, têm sempre um grande sentido de aventura e aqui não há excepção (se bem que podiam ter dedicado menos tempo à introdução e um pouquinho mais à acção). Nos dias que correm se querem sentir o que era viver naquela época, com aquelas regras (olho por olho, dente por dente) e com aquelas dificuldades, esta é das melhores opções. Melhor que isto só mesmo serem vocês próprios a explorar este mundo no Red Dead Redemption (um dos melhores jogos de sempre)...talvez aí possam ter uma aventura maior que a de Mattie.



P.S.: Presumo que não viesse a acontecer convosco, mas fica o aviso: ao contrário do que aparentemente os pais das 3 crianças (todas com cerca de 5 anos) acharam, este filme não é para miúdos, a menos que os queiram deixar traumatizados, claro.

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