quinta-feira, 5 de abril de 2012

50/50



Cancro. A pior palavra que se pode ouvir da boca de um médico e um dos meus maiores medos. Não é algo que se queira jamais ouvir, e muito menos quando ainda nem se tem 30 anos de idade.

Foi isso que aconteceu, porém, ao argumentista de 50/50, Will Reiser. Ouviu a pior das palavras da boca de um médico ainda muito novo e - ainda pior - o cancro era daqueles com muitas sílabas, o que, segundo a lógica de um dos amigos do protagonista desta história, faz com que seja dos piores. Will Reiser sobreviveu para literalmente contar a história e ainda bem que o fez, pois 50/50 é um daqueles filmes que nos toca profundamente, mesmo sem nos apercebermos de tal.

O papel de Reiser é atribuído a Joseph Gordon-Levitt e o do seu amigo Seth Rogen a Seth Rogen. Sim, neste filme Seth Rogen interpreta em frente à câmara aquilo que fez em vida real...estar lá para um amigo com uma doença potencialmente letal e tentar lidar emocionalmente com isso. Para quem está habituado a vê-lo apenas a dizer disparates vai sair daqui desiludido...Rogen continua a dizer disparates mas em 50/50 apresenta uma maior profundidade emocional que na soma de todos os seus anteriores filmes.

O que é que fariam se soubessem que tinham cancro? O que é que fariam se o vosso melhor amigo tivesse cancro? A realidade é avessa a bucket lists, e, ao contrário de outros filmes, Adam (não foram usados nomes reais) apenas deseja que Kyle o ajude a viver o dia-a-dia o mais normalmente possível. As constantes tentativas de o animar só o desanimam e os esforços de Katherine (uma terapeuta interpretada por Anna Kendrick) só são úteis quando se transformam numa amizade. Adam só quer ser o mais normal possível e que o deixem sê-lo.

Dizem os especialistas que as tragédias pessoais são enfrentadas em cinco fases: Negação, Cólera, Depressão, Negociação e Aceitação. Adam passa por elas com a ajuda (mais ou menos escondida) daquele amigo que todos nós deveríamos ter e no final (SPOILER) acaba por sobreviver ao seu inferno pessoal.

Infelizmente grande parte daqueles que ouvem a terrível palavra da boca do médico não têm a sorte de Will Reisner teve. As sessões de quimioterapia que Adam frequenta vão tendo cada vez mais ausências e isso é, quase sempre, sinal de que alguém perdeu a luta. Este filme não nos vai ajudar a curar quaisquer doenças que tenhamos, mas faz-nos sentir-nos bem por saber que alguns de nós o venceram e, caso as malfadadas palavras alguma vez nos sejam dirigidas, a esperança numa cura é um importante tónico para que ela venha a ter lugar. Por isso, mas não só, recomendo este filme.

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