domingo, 13 de setembro de 2009

Public Enemies

Public Enemies:



John Dillinger foi considerado por muitos o apogeu do assaltante de bancos, precisamente nos "anos de ouro" dessa prática tão bonita e respeitável. Por isso, um filme sobre ele, realizado pelo senhor responsável por um dos melhores filmes de assaltos que já vi (falo do Heat) estava alto na minha lista de prioridades.

Demorei um bocado até o conseguir ver, mas lá foi desta e venho satisfeito com o que vi.

Já conhecia um bocadinho da história do Dillinger por causa de uma banda que me agrada bastante e que tem o seu nome, mas desta vez fiquei a saber mais sobre a sua vida e não só o seu plano de fuga (de certeza que há pessoal que vai perceber a referência, quanto aos outros...temos pena). Partindo do princípio que o que é retratado é realista (tirando alguns exageros, como a ida à esquadra, que já li ser um exagero criativo) o homem tinha um estilo do caraças a fazer o que fazia, pelo que não é assim tão estranho ter sido idolatrado numa América em Depressão e onde (quase) todos se sentiriam tentados a seguir o seu exemplo.

Um personagem tão estiloso só podia ser interpretado pelo actor mais cool da nossa geração, o Johnny Depp, claro. A sua interpretação é um dos pontos altos do filme, mas não é a única: também gostei muito do Christian Bale e da Branka Katic. A Marion Cotillard é que não me deixou grande fã; não vi o La môme (pelo qual ela ganhou o Óscar de melhor actriz) mas neste filme a interpretação dela deixou-me mais irritado que empático, e julgo que não seria isso o pretendido.


P.S.: Não percam a SMR, muito em breve, sobre o melhor pior filme de sempre. Vou tentar fazer-lhe justiça!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Synechdoche, New York + Inglourious Basterds

Synechdoche, New York:



Estas são algumas das questões que vão passando pela cabeça de Caden Cotard. Casado com uma artista cada vez mais famosa, Caden sente-se pressionado para fazer algo de grandioso antes que a sua frágil vida acabe. É isso que decide fazer quando recebe um grande financiamento...em vez de encenar peças teatrais escritas por outros, Caden vai criar a sua obra-prima.

Essa obra-prima é, nada mais nada menos, que uma cópia à escala da sua própria vida. Caden é interpretado por um actor, e todos aqueles que se cruzam na sua vida terão um papel dentro daquela peça...a sua vida é encenada, mas a dada altura não se percebe se se está a assistir à encenação ou à realidade.

No fim, tudo acaba mal...a vida tem uma inevitabilidade, acaba em morte. E Caden apercebe-se disso demasiado cedo, a peça é pessimista por isso mesmo: pelo divórcio, pelo desaparecimento da filha, pelas relações falhadas e pela pressão de criar uma peça que, percebemos no fim, acaba por nunca ser encenada.

O que deixamos depois da nossa morte? O que fará com que os outros se recordem de nós? Seremos recordados pela grandeza do nosso trabalho?

Tudo se confunde - como é costume nos filmes do Charlie Kaufman (e, acreditem, este é o mais complexo de todos) - e damos por nós a tentar perceber quem é quem e o que é que aconteceu aos mais diversos personagens.


P.S.: Os parágrafos não parecem estar por ordem, certo? É propositado, assim percebem o que é ver este filme...está tudo trocado mas se se esforçarem um bocadinho conseguem chegar lá.
P.P.S.: O Charlie Kaufman é, sem dúvida, o argumentista mais original da nossa era. Adoraria vê-lo a colaborar com o David Lynch.


Inglourious Basterds:



"My name is Lt. Aldo Raine and I need me eight soldiers. Eight Jewish-American soldiers"

Os oito soldados judeus são os Inglourious Basterds, um grupo fictício mas que o Quentin Tarantino baseou em histórias que leu sobre a 2ª Guerra Mundial. Pelos vistos (e entende-se porquê), uma das piores ameaças que podia fazer a soldados alemães capturados era "vamos entregar-te ao nosso judeu". Pelo que li a violência era mais que muita.

Não deveria era ser tanto como a que é mostrada neste filme, com tacos de baseball à cabeça e escalpes a ser cortados, uma alegria! Mas, curiosamente, não consegui achar este filme tão violento assim. Já me tinham dito que era "abusado" mas não concordo...há violência, claro (é um filme do Tarantino, caramba!), mas o que mais me marcou foi o suspense de certas cenas.

Acho que é esse o maior mérito do filme, vende-se como um filme de porrada mas na verdade está mais próximo de um thriller...bastante desbragado mas um thriller ainda assim. Não me podem contradizer depois de verem a cena da cave, senti-me mesmo stressado para ver o que ia acontecer. Mas para além de thriller e de porrada, o filme também tem momentos bastante divertidos: o Brad Pitt a passar-se por italiano é hilariante.

Posso, aliás, dizer que o Brad Pitt e o Christoph Waltz (que faz de Hans Landa) são os pontos altos de um filme em que os personagens são interessantes mas não estão tão bem construidos como costumam ser nos filmes do Tarantino.

No geral, é um filme giro, bom entretenimento com umas boas referências cinematográficas, mas que, tal como o meu amigo André disse, está longe do (alto) nível que as obras iniciais do Tarantino atingiram.

domingo, 23 de agosto de 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

The Boat That Rocked + Eurotrip + Two Lovers + Alive in Joburg

The Boat That Rocked:



Um filme sobre as rádios pirata que, durante os "loucos anos sixtes" (como diria o saudoso Mário Graça) parece, à partida, um bom ponto de partida: não houve altura mais hedonística que essa década...tirando, talvez, a seguinte...e dentro dos seus protagonistas não haverá muitos outros mais interessantes que aqueles que decidiram deixar de seguir as normas até então vigentes e viver pelos seus próprios padrões.
Foi isso que alguns dos dj's em que este filme se inspira fizeram: uma vez que era proibido passar música rock nas rádios inglesas (alguém me explica porquê? o filme devia ter abordado isso mas não o fez) muitos decidiram emitir em mar alto, usando rádios pirata como meio para fazer as suas músicas preferidas serem ouvidas por "metade da população do Reino Unido".
Com tão grande premissa e com um excelente grupo de actores (nomeadamente o Phillip Seymour Hoffman e o Rhys Darby) estava com algumas expectativas e se calhar foi isso que lixou tudo: não as consegui atingir, quanto mais exceder.
Tudo no filme é mediano, nada é terrivelmente mau e não posso dizer que não passei um bom bocado enquanto o vi, mas nem um minuto depois de sair da sala já o tinha esquecido, e desde então só pensei nele agora, enquanto escrevo esta SMR. Mau sinal, portanto.

Eurotrip:


Este vi porque reparei que ia passar na TV e pareceu-me ter lido em algum lado que era uma espécie de sequela espiritual do Road Trip, um filme já antigo mas que na altura me agradou enquanto comédia parva.
Se é ou não não sei, mas isto (não consigo chamar-lhe um filme) não me agradou nem sequer como imagem para induzir o vómito. É que há muito muito tempo que não via tanto disparate junto: a história é batidíssima (e a única conexão com o Road Trip - um tipo americano envia um e-mail para uma rapariga alemã pensando que ela é um gajo, mas afinal é uma miúda), não faz qualquer sentido (não estou a ver putos de 18 anos como aqueles a ter disponibilidade económica para vir à Europa assim do nada) e todo o filme está repleto de erros básicos (exemplo: num separador sobre uma viagem aparece um mapa da Alemanha com cidades deslocadas e a floresta negra do lado errado do país), bem como dá para ver que nem sequer se deram ao trabalho de filmar nos locais verdadeiros (qualquer pessoa que já foi a Amesterdão, mas qualquer mesmo(!), consegue perceber que aqueles não são os canais da cidade, nem o red light district, nem nada).
Perdoem-me a expressão, mas este filme é um cagalhão de todo o tamanho e a meu ver só tem um propósito útil: a fita e os dvd's que ocupa podiam ser queimados e trazer algum conforto a quem tenha frio.


Two Lovers:



Destes quatro que, por puro acaso e capricho meu (sinto-me poderoso! muahahaha), são analisados em conjunto o Two Lovers foi sem dúvida o que mais gostei.
Não é uma história tremendamente original: um homem bipolar mostra ao longo do filme que também é bi...gamo.
O tal senhor, Leonard Kraditor (interpretado de forma sublime pelo Joaquin Phoenix, um actor muito underrated e que se realmente já não fizer mais filmes (teoricamente este foi o último que ele fez) vai fazer bastante falta), pelos vistos tinha um casamento marcado (agora é que reparei que o parêntesis anterior é enorme, repararam?) mas aquilo correu mal e tentou matar-se. Mas a tentativa também correu mal e sobrevive, e depois nada corre mal. O homem orienta-se e bem! Não uma, mas duas meçoilas bastante bem parecidas aparecem na vida dele...uma apaixona-se por ele, outra fa-lo apaixonar-se. Com qual das duas é que ficará no fim? Não vou dar a resposta, mas...
Mas digo-vos que apesar de não considerar este filme um futuro clássimo está bastante bem feito e posso recomendá-lo de entre os que temos actualmente em sala. É verdade que tem algumas partes um bocado inacreditáveis (quando ele começa a dar-se com a personagem da Gwyneth Paltrow pensei para mim mesmo "Serei só eu é que não começo amizades assim?") mas a excelente cinematografia e - sobretudo - o desempenho do Joaquin (meu amigo!) valem o dinheiro do bilhete.


Alive in Joburg:

(Olá...eu sou o espaço onde devia estar o poster do Alive in Joburg. Não há poster porque a produção do filme tinha um orçamento demasiado baixo. Temos pena de estragar o esquema do João, mas é a vida)

Uma curta do mesmo realizador de um dos filmes que vai aí bombar no final do Verão, District 9. Na verdade é a curta em que esse filme se baseou. Não é bem a minha onda (é tipo Cloverfield) mas devo admitir que para curta inicial está bastante bem feita. Esperarei para ver como é que o filme, produzido pelo Peter Jackson, vai ficar.
E já agora fica a informação: podem ver o filme todo aqui.