Road to Nowhere é um filme esquisito, com o título de uma música dos Talking Heads que não me sai da cabeça sempre que penso nela (see what I did there?) e realizado por um realizador que não fazia nada há uma data de tempo (22 anos, para ser mais preciso) mas de que, apesar de provavelmente ser conhecido o suficiente para criar o buzz que me levou a vê-lo, devo admitir nunca ter ouvido falar antes. Sou uma vergonha, eu sei.
A história é o que se chamaria de filme dentro de um filme, com actores a fazer de actores dentro do filme dentro do filme e que tem o condão de não nos dizer qual é a realidade. Temos nós de lá chegar por nós próprios ou pelas análises na Internet, claro.
O realizador, Monte Hellman, é 14 anos mais velho mas deve ter andado na mesma escola que o meu amigo David Lynch...ambos pegam em várias realidades e deixam-nos a nós a tarefa de decifrar qual delas é a real e quais são os sonhos/filmes que devemos interpretar como tal. Ambos parecem gostar de cidadezinhas pequenas, perdidas algures nos EUA, e neste caso concreto ambos parecem estar apaixonados pelas possibilidades do cinema digital (este filme foi integralmente filmado numa máquina fotográfica digital Canon 5D Mark II, e isso nota-se).
Mas para além desta ligação óbvia existe uma outra menos óbvia mas que desde logo me surgiu mentalmente: as tentativas de Mitchell e Laura em passar para o cinema a história de Velma Duran fizeram-me lembrar o State & Main, uma comédia do David Mamet com o William H. Macy que vi há uns bons 10 anos e sobre a qual nunca mais tinha pensado até ver este Road to Nowhere.
A diferença entre ambos os filmes é que o outro mostrava a comédia por detrás deste tipo de ocorrências durante a rodagem de um filme este trata os assuntos de uma forma séria. Demasiado séria. E o problema dessa abordagem séria é que a coisa se torna aborrecida muito rapidamente (tipo, logo a primeira cena, com o secador de cabelo).
Monte Hellman não encheu esta história com os mil e um pormenores que sempre encontramos num filme do David Lynch e leva-se demasiadamente a sério: o resultado desta equação é um filme interessante enquanto experiência mas demasiado lento para que nos verdadeiramente em explorar a multiplicidade de mundos que oferece.
Olá,
ResponderExcluirVi o filme e a unica coisa que achei interessante foi a fotografia. É um filme dentro de um filme que não gostei particularmente. Bj JD
Eu confesso que nem a fotografia me deixou convencido...em montes de cenas vê-se o arrastar da imagem causado pelo tipo de câmara que optaram por usar
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