Day & Night:
Se bem me lembro, todos os filmes da Pixar têm (nas suas exibições no cinema) uma curta. Esta é a curta que vem com o Toy Story 3 e é a mais simples das que vi. Não quer isso dizer que seja má.
É simples mas ao mesmo tempo complicado de explicar: estou há uns minutos a tentar colocar em palavras a sua história...basicamente vemos um ecrã negro com duas figuras muito básicas...uma delas tem no seu corpo o dia, e a outra a noite. Ou seja, todo o ecrã é negro menos o corpo dos bonecos que, num excelente efeito 3D, apresenta várias situações de dia e de noite.
É mais ou menos isto, e têm mesmo de ver (e espreitar o poster com mais atenção) para perceber. O que interessa é que é uma curta engraçada, que não tem nada a ver com o Toy Story 3, mas que nos mostra - tal como o Toy Story 3 - que a Pixar é tão brilhante como a cabeça da sua mascote.
Toy Story 3:
Já muitos aqui sabem da minha paixão pelo Wall.E, que continua a ser o meu filme Pixar favorito. Pois bem, desta vez teve competição à altura.
É claro que estes dois filmes não têm nada a ver: este tem personagens já conhecidos, tem mais comédia e menos baratas, mas tanto um como outro são filmes de animação que pura e simplesmente estão num nível tão alto de qualidade que não ficam atrás de qualquer outro filme de imagem real (como muita gente muitas vezes os vê).
Anyway, aproveitando o interregno de 11 anos desde o Toy Story 2, os argumentistas fizeram o mundo do filme avançar também 11 anos e, como tal, o pequeno Andy (que continua com o mesmo humano a dar-lhe a voz, pormenor de making of bastante interessante) que brincava com o Woody, o Buzz, etc., cresceu - vai para a faculdade! - está mais virado para outras coisas.
E como é que brinquedos que não são brincados se sentem? É essa a pergunta inicial do filme...em que aqueles brinquedos que sobraram dos primeiros filmes (e quantos de nós não passaram por aquele momento de escolher brinquedos?) se deparam com uma dúvida existencial: o que é que lhes vai acontecer quando o dono sair de casa? No fundo faz-se um paralelo com aquilo com que muitos dos leitores mais velhos já passaram...agora que vou sair da escola, como vai ser a minha vida?
Só que enquanto as nossas opções são trabalhar/continuar a estudar/coçar a micose, para os brinquedos tudo se resume ao lixo (terror!), ser doado ou ao sótão e a consequente espera por novas brincadeiras...a opção escolhida (não pelos bonecos, tal como muitas vezes não somos nós a decidir o nosso futuro) é a doação, e as coisas não vão correr bem.
Esta é a premissa, o resto da história, como digo sempre aqui, não a vou contar, mas contem com a melhor comédia dos últimos anos (duas palavras: modo espanhol), sequências de acção muito bem realizadas (mais que duas palavras: a sequência inicial é perfeita a retratar as brincadeiras infantis) e - como é típico - uma lição de vida para acabar o filme em grande.
Quem ler isto e ler a SMR ao último Shrek pensa que são filmes ao mesmo nível...não são. O Shrek Forever After é uma boa comédia, mas este é um filme excelente, cheio de pormenores deliciosos (os Trolls, senhor, os Trolls!) e que - acho que posso dizer isto - é, a par do City of Life and Death, o melhor filme que vi este ano.
E, provavelmente, o filme mais completo que vi em 2010 Uma mistura perfeita de emoções que prova que Pixar não sabe mesmo fazer maus filmes.