segunda-feira, 2 de agosto de 2010

The Boy in the Striped Pyjamas

The Boy in the Striped Pyjamas:


Quando o objectivo é ver um filme, 21 pessoas numa (parte de) sala com cerca de 5 m2 nunca dá bom resultado, mas neste caso até posso dizer que foi a melhor forma possível de ver esta manipulação emocional disfarçada de filme. Assim sempre se salvou o convívio.

Eu explico-me. Na tentativa de nos fazer chorar com a história de duas criancinhas, o argumentista (e realizador) Mark Herman achou que não haveria problema em fazer algumas "pequenas" alterações históricas que, no fundo, fazem com que esta história mereça o epíteto de revisionista.

Senão vejamos: Bruno (Asa Butterfield, bem irritante), o filho de 8 anos de um comandante nazi, dada a nova função do pai enquanto administrador de um campo de concentração é posto a viver junto desse campo, que ele vê como uma quinta em que todos os agricultores andam de pijama. Aí, e dado que tem livre acesso ao exterior do campo (como decerto acontecia na altura! *ironia alert!*) faz amizade com um outro miudo de oito anos, Shmuel (o melhor mas não bom Jack Scanion), que não só não é obrigado a trabalhar como tem a oportunidade de ficar todos os dias a conversar junto das cercas do campo.

Onde estavam os guardas? Onde estavam os maus tratos e os trabalhos forçados? Mas ainda há mais...

Não satisfeitos com isto, os dois miúdos resolvem jogar à bola e xadrez através da rede (algo que acontecia frequentemente, aposto) e - tão fácil que era! - escavar por baixo da cerca para que o alemão pudesse entrar no campo, vestir um dos famosos "pijamas" e ajudar a encontrar o pai do judeu. Sem comentários.

Mas claro que o filme nos tenta dar alguns sinais de realismo, usando clichés atrás de clichés ("eles não são realmente humanos, filho") e cai até em moralismos (na óbvia cena final, a única filmada com alguma qualidade) mas que acabam afogados nos sotaques completamente british dos personagens (algo muito em voga nos anos 50, mas que não faz sentido nos cinema actual) e nas suas falas completamente genéricas.

Com esta tentativa de misturar um A vida é bela com um qualquer dramalhão da 2ª Guerra Mundial, Mark Herman não só fez um mau filme como - opinião inédita neste blog - prestou um mau serviço à humanidade.

Esta história podia ser bem contada, mas o seu contexto histórico é demasiado grave e sério para que se brinque assim com ele. A memória dos mais de 6 milhões de mortos nestas "quintas em pijama" merecia mais respeito!

4 comentários:

  1. vi à tempos e também achei fraco, e depois de ler esta review a reacção foi: "realmente"...

    ResponderExcluir
  2. Eu estava à espera de algo meio manhoso, mas nunca imaginei que fosse tão mau!

    ResponderExcluir
  3. Também detestei o filme. No entanto, a tua crítica está muito boa.

    ResponderExcluir
  4. Obrigado, dona Lara. As próximas duas (sim, já tenho duas em fila de espera) serão mais positivas :P

    ResponderExcluir