Com que então os meus amiguinhos pensavam que nunca mais tinha visto filmes..Nem por isso, vi muitos, no Indie Lisboa.
E sabem que mais, foram todos à borla. Venham daí essas SMR's!
Águas mil:
Um filme sobre a necessidade da minha geração perceber o que se passou no pós-25 de Abril. Peca por ser um bocado "português" demais, é demasiado teatral, pouco emotivo e com um ritmo bastante lento, mas apesar de tudo saí da sala um do São Jorge (só a melhor sala de cinema em Lisboa, e provavelmente em todó Portugal) bem contentinho com o que vi.
A nossa necessidade de consolo:
Esta curta metragem foi realizada por dois amigos da minha amiga Daniela e basicamente ela obrigou-me a ir ver. Gostei do que vi, gostei especialmente da fotografia, mas achei-o demasiado parado para o meu gosto.
Arena:
Melhor curta portuguesa. Uma história engraçada sobre a relação (não muito cordial) entre um gajo do ghetto que está em prisão domiciliária e outro gajo (do ghetto, pois claro) que decide roubar-lhe o dinheiro e acaba na mala de um BMW.
Foi o grande vencedor do festival e só o fui ver na sessão de “consagração”. É uma história complicada contada de uma forma simples e hiper-realista, o que na minha opinião prejudica bastante o filme. Não desgostei do que vi, mas podia ser bastante melhor, podiam pô-los a falar um bocadinho mais.
DIX:
Quando era puto (e quase todos vocês também faziam isso, aposto) curtia bué andar na rua “só pelas pedras pretas” ou “só pelas pedras brancas”. Esta curta é sobre um adulto que tem uma paranoia tipo essa, não consegue pisar os espaços entre as pedras da calçada porque acredita que elas se vão mexer e cortá-lo em bocados. Tem altos efeitos especiais e tem a duração certa, enquanto longa seria demasiado estranho.
Herakles:
Uma curta de 1961 que mistura imagens de culturistas com imagens de Guerra. Pormenor que muda tudo: é o primeiro filme do Werner Herzog. Não me mudou a vida mas gostei de ver, pelo interesse histórico.
JCVD:
As iniciais do famoso actor (sim, o Jean Claude Van Damme) era algo que jamais pensei ver no Indie, mas este filme não é um filme do Van Damme, é um filme sobre ele. E até tem uma premissa engraçada, o senhor faz dele próprio durante um assalto a um banco, e por isso vemos um gajo já a dar para o velhote, com medo dos assaltantes e a imaginar como poderia resolver as cenas à pancada, como nos filmes. Nunca pensei ver isto: o van Damme chora! E também curti as cenas com o "povão".
L'argent du charbon:
Vi este no Museu do Oriente e acho que estou a criar anticorpos…mais um documentário chinês extremamente aborrecido. É que nem o tema - o negócio do carvão na fronteira entre a China e a Mongólia - é especialmente interessante!
L'exil et le royaume:
Mau mau mau mau mau mau mau mau mau mau mau mau mau mau. Chato chato chato chato chato chato chato chato chato chato chato. Está tudo dito!
Last Words:
Herzog! Uma história simples contada sob vários pontos de vista. E é esta a minha última palavra ;)
Medicine for Melancholy:
Este foi o filme que mais gostei de ver durante todo o festival, uma história à “Depois do Amanhecer” em que um casal que teve um one night stand decide passar o dia junto, para se irem conhecendo melhor. A juntar às excelentes interpretações uma optima banda sonora, uma fotografia bastante original e a cidade: San Francisco.
Muitos dias tem o mês:
Um documentário sobre o sobre-endividamento na sociedade portuguesa. Parece animador, não? Consegue ser mas só porque ficamos a pensar “não estou assim tão mal”, mais nada. Não recomendo que o vejam antes de uma ida às compras, noutras ocasiões sim…é um abrir de olhos para a realidade de muitos portugueses.
Nuit de Chine:
Mais um documentário chinês, mais um documentário aborrecido, outra vez no Museu do Oriente. Mas pronto, ao menos conheci a história de uma senhora que vive num apartamento com 140 gatos (e sim, escrevi cento e quarenta, não me enganei). Era a mais interessante das 6 ou 7 que mostram.
Precautions Against Fanatics:
Outro filme do Herzog que vi neste festival e o que mais gostei (dos dele). É uma curta verdadeiramente hilariante sobre um grupo de pessoas demasiado preocupadas em proteger cavalos de corrida (e, eventualmente, flamingos) dos “fanáticos”. Não explicam quem são os fanáticos nem porque é que o fazem, apenas olham para a câmara e explicam as suas funções, entre as quais se incluem "andar com o cavalo à volta da árvore" ou "garantir que os fanáticos não saltam a rede". Herzogianamente bom!
O François Ozon é um bom realizador, gostei muito de outros dois filmes dele (Swimming Pool e 8 mulheres), mas este não me convenceu. A história é tipo “realismo mágico”, com um casal de classe media baixa a dar à luz um bebé com asas de anjinho que mais parecem asas de frango…o conceito poderia ser interessante, mas torna-se tão realista que não pode ser mágico e tão mágico que não pode ser realista. Ponto alto: o bebé a voar contra as paredes com um capacete de mota, muito me ri eu.
Signalis:
Signalis:
Uma curta de animação muito divertida sobre uma toupeira que vive dentro de um semáforo e tem de ir carregando num interruptor para mudar a côr do sinal. Um dia fica sem papel higiénico, atrasa-se, há um acidente e acaba o filme. Muito bom!
Signs of Life:
A melhor descrição para este filme do Herzog (quem mais!) é que é um filme aborrecido sobre estar aborrecido. E nesse sentido é excelente. Na altura não gostei muito, mas como disse a minha companhia, com o passar do tempo “it grows on you”.
O novo filme do Manoel de Oliveira. À partida o nome deste realizador – o mais velho realizador vivo – é suficiente para assustar (detestei o ultimo filme dele que tinha visto, o Porto da minha infância) mas este até é tolerável. O texto é do Eça de Queiróz (o que ajuda MUITO) e é passado para um contexto actual sem grande preocupação de adaptação…fica estranho mas vê-se bem. E não posso deixar de dizer que o Manoel de Oliveira é o maior...o gajo tem 100 anos e desceu as escadas do São Jorge aos saltinhos!
Styri:
Esta curta não me agradou lá muito, mas acho que o Vasco Granja (RIP) iria gostar, já que é da Eslováquia. A animação (sim, é de animação - daí o Vasco Granja) é bastante simples (propositadamente, e não deixa de ser bonita, admito), e a história não é muito desenvolvida.
The Ballad of Marie Nord and Her Clients:
Se fosse só pelo tema este era o filme que mais tinha a ver comigo: é a história de uma assistente social que trabalha com imigrantes…e é amiga de imigrantes…e tem sexo com (pelo menos) um imigrante…e esse imigrante tem 14 anos…ok, se calhar o filme não tem assim tanto a ver comigo. Mas é bom e isso é que conta. A actriz principal é excelente.
The Girl With Yellow Stockings:
Adorei esta curta. A história é engraçada (vemos um casal de namorados sempre na cama, ele pede-a em casamento e ela não aceita, várias vezes) mas a relação entre os actores (que não sei se não serão namorados na vida real) era tão natural que nos sentiamos como amigos intimos deles. Simples, eficaz, simpático.
The Happiest Girl in the World:
Vencedor do Segundo prémio mais importante do Indie…é bom? Nem por isso! Não é péssimo, mas confesso que consigo imaginar melhores coisas que fazer com 100 minutos que ver uma miuda fazer um sem fim de takes do mesmo anúncio publicitário. É claro que há mais coisas no filme, mas não são assim tão relevantes.
The Unprecedented Defence of the Fortress Deutschkreuz:
Mais um filme do Herzog, mais uma história à Herzog: um grupo de rapazitos de mentalidade alternativa, digamos, resolvem ocupar e defender um antigo palácio (abandonado) de um inimigo que nunca chega (será porque não estavam em guerra? Não sei...).
Visionary Iraq:
Outra curta metragem, vencedora do Prémio Revelação do festival. Eu cá fiquei sem saber o que achar…é tão marada que não sei curti ou achei parvo demais: imaginem dois gajos a fazerem oito personagens (incluindo uma miuda angolana, chamada Ginja!), sendo que os principais são dois irmãos adoptivos/amantes que vão para o Iraque fazer de escudos humanos e por lá descobrem que o pai de ambos ganha dinheiro com a guerra. Acho que me decidi, gostei do filme.
Conclusão: Eu avisei que era um mega-post. Vi tanto filme (em 11 dias) que esta semana estou de férias, não há cá filmes para o menino.