quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

My Brother the Devil

My Brother the Devil:


A princípio fiquei surpreendido, o realizador e argumentista de My Brother the Devil afinal é uma realizadora (Sally El Osaini). Parece que não associei uma história de gangues londrinos com uma mulher. Depois fiquei a perceber que a história não era tanto de gangues mas sobretudo focada numa família de origem egípcia que reside no bairro londrino de Hackney.

O pai e a mãe são absolutamente secundários, aqui quem interessa são os filhos. Rashid, é um bem sucedido membro do gangue DMG (Drugs, Money and Guns) enquanto que Mo tenta seguir os passos do mano mais velho. So far so obvious, e o nome do gangue é um bom exemplo da (falta de) profundidade do filme.

Abençoada a hora em que a história acaba por se afastar (levemente) do típico trilho deste género de cinema! Por um motivo que não vou mencionar Rashid afasta-se da vida de banditismo, Mo continua a querer ser parte daquele mundo de dinheiro fácil e - voltando aos clichés - o passado volta para o assombrar.

A tarefa de dar vida a estes irmãos era provavelmente a mais difícil de toda a produção. Qualquer pequeno exagero por parte dos actores poderia transformar o que se quer um drama numa comédia, mas tanto James Floyd (Rashid) como Fady Elsayed (que ao fazer de Mo teve a sua primeira experiência como actor) transmitem autenticidade e conseguem cativar a nossa empatia. No entanto, o segundo elogio que tenho para dar neste texto merece ainda mais intensidade. Não conhecia ainda o seu trabalho mas David Raedeker faz com que a fotografia de My Brother the Devil seja digna do slogan da Kodak - para mais tarde recordar.

Pelo contrário, o filme em geral não vai ficar para a história. Apesar da tal particularidade que não vou revelar a sua história já foi vista milhares de vezes e a meio do filme já todos estamos a adivinhar como será o fim. Para além disso, os toques de melodrama, que em certos momentos me fizeram lembrar telenovelas (em particular quando envolvem um jovem, numa bicicleta, a afastar-se de uma casa), não ajudaram nada ao resultado final.

Apesar de tudo quero que uma coisa fique clara: My Brother the Devil não é mau. Mas também não é bom e, a meu ver, é demasiado singelo e mainstream para um festival como a Berlinale.

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