The Devil's Double:
Do realizador de xXx: State of the Union (Lee Tamahori) temos hoje um filme que nos conta a história - provavelmente baseada em factos reais - de Latif Yahia, um homem que teve o azar de nascer no Iraque e ser extremamente parecido com Uday, o filho mais velho do ditador Saddam Hussein. E digo que a história é provavelmente baseada em factos reais porque depois de o livro em que este filme é baseado ter sido publicado têm surgido dúvidas sobre a veracidade de muitas das coisas relatadas.
A história inicia-se quando Uday que está na altura de ter um duplo, que apareça por ele em locais públicos e que - caso necessário - leve os tiros que lhe eram destinados. Ora, no Iraque de Saddam Hussein o que Uday quer Uday tem e, não é tarde nem é cedo, Latif cai-lhe nos pés. Após ter sido aprovado pelo verdadeiro Uday Latif é informado que morreu, a partir de então será Uday, com tudo o que de bom e de mau isso tem.
De bom Latif recebeu o acesso aos melhores carros, palácios, mulheres, comida e bebida do Iraque, mesmo quando o resto do país estava na miséria. De mau, teve de testemunhar a loucura do homem que o forçou a sofrer várias cirurgias para tornar os rostos mais parecidos.
Quando digo loucura não uso a palavra livremente. Uday Hussein era a criança mimada dos infernos e até o seu pai o achava perigoso por ser demasiado descontrolado. Estamos a falar de uma pessoa que, segundo consta, raptava adolescentes de 13 ou 14 anos nas ruas de Bagdade, violava-as e matava-as, uma pessoa que matou um dos amigos do pai degolando-o com uma faca eléctrica num jantar de recepção ao Presidente egípcio, uma pessoa que enquanto presidente da federação iraquiana de futebol puniu os jogadores que perderam o playoff de qualificação para o Mundial forçando-os a pontapear bolas de cimento.
Sejam os dados contados por Latif verdade ou não (e mesmo que só metade seja verdade, já é mau o suficiente), o que interessa para este blog de cinema é o cinema e nesse aspecto a coisa não está tão má assim. Trata-se de um filme médio, com altos e baixos (por vezes é demasiado longo e perde-se, como tantos outros, numa história amorosa que deveria ser totalmente secundária) com um ponto muito positivo, a interpretação de Dominic Cooper.
Não só faz um duplo papel, enquanto Latif e Uday, como é perturbadoramente brilhante sobretudo na forma como interpreta este último. É um trabalho excelente que mereceria um reconhecimento que ou muito me engano ou não virá, perdido que ficará na torrente de filmes para a época dos prémios e por duas outras razões: já estreou há demasiado tempo e, mais importante ainda, o filme não ser mau mas também não ser bom. Noutras mãos seria uma desilusão, mas tendo em conta o passado do realizador até se torna uma surpresa positiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário