quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Beginners

Beginners:


Se analisarmos qualquer tipo de arte vemos que muitas vezes esta se rege por ciclos ou, noutra palavra, por modas. No cinema actual existem algumas modas também, sendo que uma delas foi (re)iniciada por filmes como o (500) days of Summer: histórias de amor com personagens a dar para o artístico/alternativo e com uma ou outra cena que parece fora de contexto mas que está ali apenas para mostrar o quão fixe/alternativo o filme é.

Se no caso do (500) days of Summer a coisa resultou (ao ponto de iniciar a tal moda) em Beginners a tentativa demasiado forçada de seguir esse estilo acaba por prejudicar a avaliação final que lhe posso fazer. Neste filme o total é inferior à soma das partes, diria um crítico de cinema com especial propensão para analogias matemáticas.

Se descontarmos esse esforço estilístico ficamos com uma história de amor entre uma rapariga daquelas que só são possíveis de conhecer nos filmes e um rapaz mais normal e profundamente pessimista no que toca a relações pessoas. Talvez por influência da falta de amor no casamento entre os seus pais, Oliver (Ewan McGregor) tem por hábito achar que tudo vai correr mal e, em consequência, sabotar o que estava bem até que passe a estar mal. Já Anna (Amélie Laurent, que conhecem do Inglourious Basterds) parece estar mais disponível para assentar e partilhar a vida com alguém, mesmo apesar de ter um pai também ele desiquilibrado emocionalmente.

Falo muito de pais porque um deles é uma peça central neste filme. Hal, pai de Oliver, esteve casado quase 50 anos com Georgia, mesmo sabendo que era gay, e é só depois da morte da sua mulher que - aos 75 anos - decide curtir a vida e experimentar a sua sexualidade em pleno. 

Assim dito, poderia parecer que Hal (o grande Christopher Plummer) serve apenas de escape cómico à história, mais amarga, do seu filho, mas felizmente o filme não é assim tão simplista. Depois de receber as piores notícias que se pode receber (c-a-n-c-r-o) Hal e o filho aproximam-se mais e, como que numa nova infância, Oliver acaba por aprender bastante com a forma como o pai lida com as dificuldades da vida.

E é essa a alegre mensagem que este filme triste me passou. Por muito má que vida seja, podemos sempre fazê-la melhor e por muito boa que seja há sempre quem a sabote e a torne pior. Mais do que os desenvolvimentos amorosos entre Oliver e Anna, interessou-me a relação entre pai e filho e é dela que retiro a sensação positiva com que fiquei quando a luz se acendeu.

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