Este filme passou no Indie e causou tanto sucesso (esgotou ambas as sessões, e eu não consegui ver nenhuma) como alguma confusão em relação ao seu título. No francês chama-se Les amours imaginaires, mas também é bastante conhecido pelo título inglês, "Heartbeats". Eu defendo e uso os títulos originais sempre que consigo e neste caso há uma vantagem adicional: Les amours imaginaires, os amores imaginários, resume tão melhor a história que vamos (ou não) ver!
Como podem constatar pelo poster, Nicolas é um daqueles jovens com ar de anjinho por quem muito boa gente se deve apaixonar. Neste caso quem fica de beicinho é Francis (interpretado pelo realizador, Xavier Dolan), e a sua melhor amiga Marie (Monia Chokri). Ambos vão iniciar uma competição saudável pela atenção de Nicolas que, divertindo-se, aproveita os bons momentos com aqueles dois amigos.
O dilema surge é com as atitudes de Nicolas. Não tendo um estereótipo sexual claramente identificado ele também não se demonstra só interessado por um ou por outra...e ambos ficam frustrados com isso. Mas vejamos as coisas da perspectiva de Nicolas: o rapaz é podre de rico (pelo menos assim nos dão a entender numa das cenas), está habituado a ter tudo, foi criado por uma mãe toda artística e claramente agrada-lhe a atenção que sempre recebeu de todos e todas que vai conhecendo. Será que para ele a relação com Francis, ou com Marie, é assim tão diferente? Não! Aí estão os amores imaginários.
Esta relação tripartida pode trazer muita diversão aos envolvidos, mas também trará, é certinho, muito ressentimento. Ele realmente existe, mas o filme nunca se foca demasiado no negativo; a palete de cores é imensamente colorida e mesmo nos momentos mais cinzentos a cor não deixa de estar lá. No final de contas, a relação é - como disse - tripartida ... Marie e Francis podem ambos querer Nicolas, mas estão - estarão? - acima disso e, no final, acabarão por se rir de tudo aquilo.
Não é surpresa dado o histórico do realizador, mas a nível estético o filme é - no mínimo - fantástico. Começando com entrevistas tipo documentário em que várias pessoas nos falam das suas relações e da sua sexualidade, o filme desenrola-se quase normalmente com o tal colorido que já referi, mas é nos interlúdios em câmara lenta (propositada, mas não vou contar qual a razão) com uma banda sonora que nos agarra ao ecrã que sobressai (ainda) mais.
Os amores de Xavier Dolan podem ser imaginários, mas o meu amor por Xavier Dolan é bem real. Posso dizer-vos, convictamente, que estamos perante um dos melhores realizadores da nova vaga do cinema mundial. Recomendadíssimo!
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